Cordones Industriales (Cordões industriais): o duplo poder que permitia triunfar

Desde o final dos anos 60 (no Chile) até 1973 havia um ascenso gigantesco do movimento de massas, que deu início ao período da Unidade Popular (Frente popular). 

Em junho de 1972 nascem os Cordones Industriales, como uma resposta dos trabalhadores contra o boicote promovido pelo governo dos Estados Unidos, os empresários, a direita e parte das forças armadas. Em 1973 já havia 31 Cordones Industriales em todo Chile, organizavam as fábricas de um território, tomavam e controlavam a produção, participavam dos Comandos Comunales (organizações de trabalhadores também chamados de Coordenadores Comunais, formados para enfrentar os setores patronais, com o campesinato, trabalhadores, moradores em geral, estudantes, profissionais e técnicos) apoiando a ocupação dos terrenos e suas fábricas eram praticamente os únicos lugares onde o controle era feito somente por trabalhadores. Quando os partidos da Unidade Popular e Allende estreitaram os Pasillos Institucionales (Ocupações de ministérios e cargos políticos – relativo a um lugar) os Cordones Industriales tomaram uma distância dessa estratégia, porque o governo fazia publicamente resistência a esta independência política e a CUT (Central Única de Trabajadores –  central sindical chilena da época) colocava todos os seus esforços para evitar mais esforços para evitar mais expropriações de fábricas.

A expropriação de fábricas, a planificação da produção e o apoio a outros organismos independentes do período acontecia baixo a democracia operária, todos os trabalhadores passaram a resolverem suas demandas em assembleias, isto lhes permitiu a responder de forma efetiva contra os esforços de boicote do governo, mas sem as limitações das instituições do regime, de fato era um poder que existia junto ao poder do Estado (UP), este fenômeno de duplo poder os permitia tirar importantes conclusões políticas, justamente por estar cada vez mais separados da estratégia dos partidos da Unidade Popular e Allende, a via institucional ao socialismo.

Em 1973 o governo havia entrado em contradição entre seu programa e sua estratégia de avanço no marco institucional, a direita e os ianques tentavam dar ofensivas entre o bloqueio econômico, greves e leis no parlamento e em 29 de junho uma intentona de golpe apoiado em um setor das forças armadas. O governo ianque se opunha a um novo acordo econômico político no programa nacionalista de Allende e modificava a relação imperialista entre o Chile e os Estados Unidos, isso por um lado, e por outro, os empresários chilenos, a direita e cada vez mais oficiais das forças armadas viam o movimento de massas mais fortalecido.

 A ameaça de um golpe era Clara, os dirigentes da UP buscavam evitar o golpe negociando com a Democracia Cristiana (Partido Democrata Cristão do Chile, formado de diversos grupos “social cristãos”), mas a força do ascenso e a decisiva resposta do imperialismo e da direita tornavam inevitável o enfrentamento.

As contradições antes do período levaram aos Cordones não somente atuar senão a chegar à conclusão políticas, não somente queriam vencer, entendiam a importância de saber vencer. Essas conclusões estão expressas na carta da coordenadora de Cordones Industriales a Allende de 5 setembro de 1973, onde explicam o inevitável golpe de Estado e como se deveria responder para evitar um massacre.

Estes organismos, o seu método de democracia operária, respostas políticas que chamavam uma saída decisiva a favor dos trabalhadores e enfrentar o golpe militar, entregando armas ao povo e aos trabalhadores, colocar o poder nas mãos da classe trabalhadora e dos setores populares, fazem tangível a possibilidade do triunfo. O golpe de estado de 11 de setembro era a última medida desesperada da reação, derrotar o golpe era terminar de fato com todas as travas para o desenvolvimento não só de um programa da UP, senão instalar realmente um governo trabalhador e Popular, já que essa tarefa era rechaçada pelo governo e pelos partidos que conduziam o processo que colocavam a direção nas mãos das organizações genuínas dos trabalhadores. Mas essa conclusão é incompleta caso não se compreenda que enquanto os trabalhadores tinham como direções políticas as dos partidos da via pacífica do socialismo, era difícil que se chegasse realmente a este objetivo, em termos concretos, essa é a importância de um partido revolucionário da classe trabalhadora colocasse como tarefa principal dentro dos Cordones a defesa contra o golpe.

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