O que os trabalhadores da SABESP têm a dizer?
Uma importante categoria que tem protagonizado a luta contra as privatizações de Tarcísio são os trabalhadores da SABESP. Fizemos uma pequena entrevista com Marcelo Nascimento, dirigente da CSP-Conlutas no SINTAEMA. Confira abaixo.
1: Como se deu a movimentação para a Sabesp aderir à greve?
A participação dos trabalhadores da Sabesp na paralisação não foi vista como algo que não pudesse passar, tendo em vista a violência com a qual o governo do estado conduz o processo de privatização da empresa. A proposta de adesão ao movimento foi aprovada com mais de 90% de votos favoráveis. E lembrando que o dia 28/11 para nós é considerado uma escalada do dia 03/10, dia esse que também contou com uma paralisação conjunta entre CPTM, Metrô e Sabesp.
2. Como funciona uma greve na Sabesp, que é um serviço essencial?
Essa é uma dúvida bem comum. Sabesp em greve fecha a água? O abastecimento de água para fins de consumo humano começa no tratamento, passa pela adução, que são redes de grande diâmetro que transportam a água aos reservatórios, e distribuição, que são redes menores que levam a água nas nossas casas, hospitais, escolas, etc. Além disso, a coleta, transporte e tratamento do esgoto também funciona. Todos esses serviços são mantidos em uma greve da Sabesp. E um contingente é destacado para atender às possíveis emergências que possam ocorrer no dia, tais como um vazamento de água ou um refluxo de esgoto.
3. Após a greve, qual é a disposição da categoria? Como você avalia que deveria continuar a luta contra a privatização?
Infelizmente, lutamos contra um adversário astuto, poderoso e bem articulado. O PL 1501 de 2023, é a ferramenta final do governo para entregar o controle do Saneamento no estado para um ente privado. A partir daí as decisões serão balizadas por leis de mercado e a água deixa de ser um direito e passa a valer como uma commodity, com preço definido por oferta e demanda. A categoria está mobilizada e atenta às movimentações orquestradas do governo com sua base na ALESP. Uma sessão extraordinária foi convocada para o dia 04 de dezembro (Segunda-feira, dia que não ocorrem sessões!). Estaremos presentes, pressionando os deputados como já viemos fazendo, já que a intenção do governo é votar já no dia 04. Para além disso, há uma batalha jurídica a ser travada. Há uma ação que tramita no STF, movida pelo PT e PSOL, que questiona o decreto que retira poderes
dos municípios e passa para o governo. A mesma será relatada por André Mendonça e conta com o apoio improvável de Fabio Wajngarten, advogado de Bolsonaro e crítico às privatizações. Mas entendemos que nenhum campo de luta prospera sem pressão popular. Ao Datafolha, 53% dos paulistas se pronunciaram contra a privatização. A vontade popular deve ser acatada.