Propomos uma frente eleitoral da esquerda independente em 2024
1- Apesar da proximidade do final do ano, seguimos nas lutas contra a privatização de Tarcísio em SP, na campanha salarial dos SPFs, atos de justiça para Carol. Não paramos de denunciar o aumento das passagens em SP, as privatizações da Cosampa no Pará, as prisões arbitrárias de jovens negros no RJ, o Marco Temporal e o orçamento nacional para 2024 que restringe verbas sociais. Nós, da CST, exigimos da CUT, UNE e MTST a retomada da plenária de organização das lutas populares para construir uma jornada de lutas por salários, empregos, em defesa das estatais e serviços públicos, pela redução da jornada de trabalho, fim das chacinas, punição aos golpistas bolsonaristas de 8J, etc. Para essa batalha, teremos de manter espaços como a Plenária Nacional Sindical e Popular da Oposição de Esquerda.
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2- Durante os atos e as greves, surge um debate sobre as eleições de 2024. Nós avaliamos que nossa tarefa prioritária é a luta. Mas o fato é que o PSOL, o PT e o PCdoB já anteciparam esse debate. Eles lançaram a frente ampla de Boulos e buscam coligações com setores empresariais, em São Paulo, e tentam fazer o mesmo em outras capitais. No Rio lançaram a pré-candidatura de Tarcísio a Prefeitura, enquanto negociam com a Frente Ampla.
3- O bolsonarismo também lançou seus candidatos e tenta surfar na onda eleitoral da ultradireita de Milei, que acaba de triunfar na Argentina. Querem vencer as prefeituras e reerguer seu projeto eleitoral reacionário.
4- Não podemos ficar no vácuo e deixar de apresentar uma alternativa da classe trabalhadora, sem patrões. Devemos fazer um verdadeiro debate sobre qual é a saída de fundo, operaria e popular, para o país.
A frente ampla não defende os interesses da classe trabalhadora
5- Sabemos que várias de nossas colegas de trabalho, moradia e estudo têm expectativas na frente ampla e estão pensando sobre como vão votar. Alguns estão com a pulga atrás da orelha após 12 meses de governo, mas, ainda assim, pensam em votar na frente ampla. Nós compreendemos esse pensamento, mas discordamos dele. Diferente das expectativas sobre o governo da frente ampla de Lula/Alckmin, a dinâmica de governo desses 12 meses indicou que a frente ampla está completamente atada aos interesses dos banqueiros, grandes empresários e multinacionais. Infelizmente, a dura realidade é que o governo Lula/Alckmin realizou cortes de verbas em 2023, no valor de mais de R$ 3 bilhões do atual orçamento. É um exemplo de que o Arcabouço Fiscal atende apenas aos interesses dos banqueiros e empresários. A população trabalhadora sai perdendo para que o pagamento dos juros e amortização da dívida externa e interna siga. A dívida pública, cujos principais beneficiados são os banqueiros e grandes empresários, leva hoje quase a metade do orçamento do país. É por isso que você fica um tempão para conseguir um atendimento no posto de saúde, que sua escola ou universidade não tem climatização ou elevador funcionando, que o salário dos servidores está achatado e os órgãos de fiscalização ambiental estão à míngua.
Uma frente independente para combater a extrema direita! Sem anistia!
6- A frente ampla vai usar a real existência da extrema direita para relançar nos municípios seu projeto de colaboração de classes. Mas o fato é que amplos setores que apoiaram Bolsonaro e que governaram com a extrema direita durante o genocídio da pandemia passaram para dentro do governo Lula/Alckmin. Não podemos esquecer que o golpista Múcio segue no Ministério da Defesa e que o bolsonarista Campos Neto permanece no Banco Central. O Republicanos, partido de Tarcísio, está no ministério dos Portos. Além disso, o PSD, de Kassab, compõe o governo Lula e o governo Tarcísio. E essa governabilidade prejudicou a luta contra a privatização em SP, já que a Articulação Sindical/PT, que dirige a Apeoesp, maior sindicato do estado, não construiu efetivamente a greve contra a privatização em SP. Por outro lado, Tarcísio recebeu estímulos via PPPs para realizar privatizações. No Congresso Nacional, a governabilidade é baseada num pacto com Arthur Lira e o centrão. Na presidência da CEF (Caixa Econômica Federal), um dos bancos federais estratégicos, acaba de assumir uma figura do PP, indicado por Lira. O mesmo PP recebeu o Ministério dos Esportes. E qual o resultado? Um deles foi a negociata que garantiu a aprovação do Marco Temporal contra os povos indígenas e as nossas florestas (com o apoio entusiasta do Ministro ruralista Carlos Fávaro). Assim não se combate de verdade o projeto ultrarreacionário bolsonarista. E o que nós precisamos é lutar a fundo contra a extrema direita e manter de pé o grito de “sem anistia”
O PSOL perdeu sua independência e aderiu à frente ampla
7- A frente ampla e sua conciliação de classes amordaça as pautas da classe trabalhadora e impõe pactos com nossos inimigos de classe e setores ultrarreacionários. Infelizmente, o PSOL (em federação com a REDE) optou por esse caminho e compõe o governo através da ministra Sonia Guajajara, da liderança do governo Lula/Alckmin no Congresso Nacional e integrando a base aliada (compondo a maioria junto com lideranças como a ultrarreacionária Daniela do Waguinho, que, de acordo com a imprensa burguesa, possui ligações com as milícias da Baixada Fluminense). Ao mesmo tempo, é importante lembrar que a política de frente ampla municipal já é posta em prática em Belém do Pará, capital governada pelo PSOL-REDE, onde a prefeitura se coloca como “parceira” do governador Helder Barbalho (MDB).
7.1- As forças da chamada esquerda do PSOL, partido em que se encontram muitos lutadores sociais e forças que se reivindicam socialistas, com as quais temos lutas em comum, não tem mais espaço para qualquer luta interna desde que o PSOL federou com a REDE e ingressou no governo Lula/Alckmin. Foi realizando essa avaliação que nós, da CST (seção no Brasil da UIT-QI), definimos nossa ruptura com o PSOL. Em nossa visão, os camaradas do MES, APS, Rebelião Ecossocialista, Centelhas, Revolução Socialista e deputados como Glauber Braga deveriam romper com o PSOL-REDE e ajudar a reorganizar a esquerda socialista. Seguir nas chapas da frente ampla nos municípios será um erro.
Por uma frente eleitoral da esquerda independente
8- As forças que se mantêm fora da Frente Ampla, que rechaçam o bolsonarismo, podem apresentar uma proposta unitária através de uma frente eleitoral. Nós, da CST, somos uma organização socialista e revolucionária independente e defendemos a independência política da classe trabalhadora. Para nós, as eleições também podem ser um momento para dar essa batalha. Por isso, apresentamos uma proposta alternativa: construir uma frente eleitoral da esquerda independente do governo Lula/Alckmin e de seus governadores, sem qualquer partido patronal. Uma frente eleitoral contra os governadores e prefeitos de direita e da extrema direita. Uma frente independente para combater o Arcabouço Fiscal, o plano de desestatização do sistema ferroviário federal, as privatizações, o arrocho salarial e lutar pela reversão do corte de verbas, a revogação das medidas do bolsonarismo (reforma da previdência, trabalhista, privatização da Eletrobras e NEM); para exigir a taxação dos bilionários e multinacionais e o não pagamento da dívida para disponibilizar orçamento para reajuste salarial, pagamento do piso nacional da educação, bolsas universitárias, plano de obras públicas (hospitais, escolas, etc.) para geração de emprego, para emergência climática, políticas contra violência de gênero, aborto legal, seguro e gratuito, o desmantelamento do aparelho repressivo e das chacinas policiais, a estatização dos sistemas de transporte municipais e a implementação da tarifa zero, além da reestatização das empresas privatizadas em cada município, dentre outras propostas.
8.1- Ao mesmo tempo, nos dirigimos ao PCB, UP e PSTU, os partidos que possuem legalidade, para que coloquem esses espaços a serviço das organizações e lutadores que desejem concorrer às eleições por fora da frente ampla. A legalidade é mérito da atuação e militância dessas organizações, mas também expressa o grau da luta de classes e das liberdades democráticas, que é fruto da luta coletiva da classe operária e das lutas sociais de muitas décadas.
Propomos uma reunião da UP, PCB, PCB-RR, PSTU e MRT
8.2- Propomos uma reunião da UP, PCB, PCB-RR, PSTU, MRT para pautar essa possibilidade. Uma reunião à qual poderiam se somar outras organizações das esquerdas comunistas e socialistas ou lideranças independentes, como os professores/as Plínio de Arruda Sampaio Jr. e Dirlene Marques, o dirigente do SINTUSP Magno de Carvalho, o companheiro Silvio Sinedino dos petroleiros socialistas, etc. Além de organizações que estejam fora do PSOL e da frente ampla, como o SOB, Esquerda Marxista, RB, MRS, Iniciativa Socialista, Emancipação Socialista e outras que desejem ser parte dessa proposta, independente do nome que se proponha, seja frente da esquerda independente, polo classista, bloco operário e popular ou o nome que coletivamente se decida.
8.3- Apesar de nossas diferenças de programa, internacionais ou de estratégia, podemos apresentar uma opção comum com uma frente eleitoral, resguardando a independência de cada um dos partidos e organizações. Avaliamos fundamental evitar a pulverização das forças que estão de fora da frente ampla, impedir que o cenário de dispersão que vigorou em 2022 se imponha novamente, pois aquilo só favoreceu a frente ampla. Ao mesmo tempo, sempre é correto evitar todo e qualquer traço de autoproclamação e sectarismo tanto na luta de classes quanto nas eleições. Temos essa oportunidade pela frente. Está nas mãos das forças comunistas e socialistas que estão fora da frente ampla concretizá-la. A CST, seção no Brasil da UIT-QI, está empenhada nessa proposta unitária e somará forças com os que tenham essa mesma tática.
20/12/2023
Corrente Socialista de Trabalhadores e Trabalhadoras – Organização Socialista e Revolucionária Independente
Veja vídeo: Confira o recado de nosso camarada Babá, da coordenação nacional da CST, na defesa da frente eleitoral da esquerda independente!
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