Apagão em São Paulo mostra desastre das privatizações

Diego Vitello – Diretor do Sindicato dos Metroviários de SP e Coordenação Nacional da CST

 

O grande assunto dos últimos dias na capital paulista foi a falta de energia elétrica em centenas de milhares de residências. Bairros inteiros, em pleno 2023, ficaram dias sem luz. Milhões de moradores da maior cidade do país foram atingidos.

O debate que vimos pelas ruas, restaurantes, botecos, praças ou mesmo na hora do intervalo durante o horário de serviço é: foi apenas responsabilidade da tempestade do dia 03/11 ou a ENEL que deveria ser responsabilizada? De nossa parte, não há dúvidas de que a ENEL se mostrou uma empresa completamente despreparada para enfrentar esse tipo de situação. Sabemos que uma grande parte das trabalhadoras e trabalhadores de SP chegou à mesma conclusão. Em diversos bairros e também em cidades da região metropolitana, após mais de quatro dias sem energia elétrica, trabalhadores organizaram fortes protestos, queimando pneus e chamando atenção para o caos gerado pela incompetência da ENEL.

Nós, da Corrente Socialista de Trabalhadoras e Trabalhadores (CST), temos dito que isso tudo que ocorreu é culpa da privatização. Pra quem tem dúvidas, apresentamos dois dados: desde 2019, a ENEL cortou 36% do seu quadro de funcionários. De acordo com o jornal Folha de São Paulo, o efetivo da empresa passou de 23,8 mil para 15,3 mil trabalhadoras e trabalhadores. Esses 8,5 mil funcionários a menos com certeza fizeram muita falta para reestabelecer a energia em São Paulo. Enquanto isso, o lucro dos multimilionários que comandam a empresa dobrou, passando de R$777 milhões em 2019 para R$1,4 bilhão em 2022. Aconteceu o que temos dito na luta contra as privatizações da SABESP, CPTM e Metrô: as privatizações prejudicam a população com o objetivo de encher o bolso de meia dúzia de ricaços.

O governador Tarcísio (Republicanos), que é um covarde privatista, declarou que a responsabilidade principal pela falta de energia para milhões de pessoas era do excesso de árvores na cidade e não da ENEL. Parece inacreditável, mas os privatistas são assim, inventam qualquer desculpa para defender o indefensável.

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) ainda propôs que se cobrasse uma taxa de toda a população da cidade para que os fios que fornecem energia passem por baixo da terra. Ora, ora, prefeito: a ENEL, que lucra bilhões cobrando tarifas caras e prestando um péssimo serviço à população, é que deveria arcar com isso para evitar novos desastres. A população não tem responsabilidade pela incompetência de uma empresa privada.

Pela reestatização da ENEL

Não tem jeito. A ENEL privatizada é incompetente e só pensa em encher os bolsos dos que já são muito ricos. Por isso dizemos que é necessário reestatizar a ENEL, investindo maciçamente na empresa o dinheiro que o estado de SP repassa aos grandes empresários através de isenções fiscais e outros privilégios. Com isso, seria possível contratar milhares de funcionários para dar conta de problemas gerados por situações climáticas e também enterrar a fiação elétrica em toda a cidade. Essa é a única saída que pode evitar novos apagões como vimos agora no mês de novembro. A luta unificada das categorias contra as privatizações deve começar a levantar a bandeira “Reestatização da ENEL, já!”.

Barrar as privatizações de Tarcísio! Parar São Paulo dia 28/11!

No mês de outubro a classe trabalhadora de São Paulo mostrou sua força. No dia 03, com uma forte greve unificada entre Metrô, CPTM e SABESP, paralisamos a maior cidade do país. No dia 20/10 as professoras e professores fizeram um forte dia de paralisação, com ato em frente à Secretaria de Educação, denunciando os cortes de verbas para as escolas promovidos por Tarcísio. No dia 23, os metalúrgicos da GM construíram uma forte greve que conseguiu reverter mais de 1200 demissões anunciadas pela empresa.

Porém, esse foi só o começo da luta. O projeto privatista de Tarcísio continua. O governo do estado mandou para a ALESP o projeto de privatização da SABESP, que só pode ser barrado com a nossa luta. Por isso, nós, da CST, construiremos a greve unificada no dia 28/11 em cada local de trabalho e estudo onde atuamos.

Exigimos da CUT, CTB, Força e UGT a construção de uma Greve Geral em São Paulo!

Todo trabalhador e trabalhadora sabe que, quanto mais categorias paralisarem no dia 28, mais forte ficaremos para enfrentar o governo Tarcísio e os grandes empresários. Por isso dizemos que é hora de unificar as lutas, seja contra as privatizações, seja em defesa do emprego, por aumento salarial ou contra os cortes de verbas na educação. Todas as nossas demandas devem se unir em uma forte greve geral.

Nesse sentido, nós, da COMBATE SINDICAL, temos uma proposta concreta: que as centrais sindicais organizem assembleias em cada categoria para votar paralisação no dia 28. Não é hora de fazer corpo mole, nem de apostar todas as fichas da nossa luta somente em reuniões com deputados na ALESP. É possível e necessário construir uma forte Greve Geral em São Paulo.

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