Todo apoio aos protestos contra a falta de água e luz nas comunidades! A catástrofe climática também é racista!
Nos últimos dias, moradores de diversas comunidades da capital, como Vidigal, Rocinha e Maré, e de outras cidades da região metropolitana do Rio e da região dos lagos, como Niterói e Cabo Frio, protestaram em resposta à falta de energia elétrica e de abastecimento de água. Isso ocorre em meio a uma das maiores ondas de calor que enfrentamos no Brasil, resultado de uma crise climática cuja responsabilidade é dos grandes capitalistas, multinacionais e governos.
Essa situação evidencia que o racismo é uma das faces dessa crise climática. O estado do RJ tem 1,2 milhões de pessoas sem acesso à água e 8 milhões sem saneamento básico. Na cidade do Rio de Janeiro, apenas 67% dos domicílios nas regiões periféricas possuem energia elétrica proveniente da concessionária de energia elétrica. Os trabalhadores e trabalhadoras, arrochados com baixos salários, mal conseguem refrigerar alimentos. A pobreza energética ocorre principalmente nas favelas, onde a maior parte da população é negra e o número de mulheres chefes de família é superior aos outros pontos da cidade. Esses também são os territórios mais abandonados pelos governos municipais. Falta coleta de lixo, limpeza das ruas, arborização e moradia digna, compatível com o número de pessoas que habitam a casa, número de cômodos, ventilação adequada etc.
Por isso, exigimos que o governo Lula/Alckmin coloque em prática seus discursos em defesa do meio ambiente. Precisamos de medidas emergenciais para defender a vida da população negra e pobre das favelas e comunidades em meio à onda de calor, como a garantia de luz e água, com multas e punições para as concessionárias que não garantirem o serviço, distribuição de ventiladores, instalação de bebedouros e chuveiros públicos, climatização das escolas e unidades de saúde públicas. Ao mesmo tempo, defendemos medidas de fundo para deter essa catástrofe ambiental, como parar o desmatamento e punição das multinacionais poluidoras e responsáveis pelos desastres ambientais.
É possível conquistar isso com mobilização. Por isso, exigimos das direções da Coalizão Negra Por Direitos, Unegro, Uneafro e demais entidades do movimento negro que convoquem e coordenem os protestos locais do dia da consciência negra, transformando o dia 20 num dia nacional pelas reivindicações históricas do movimento negro no Brasil e também de combate às consequências da onda de calor, que assola ainda mais o povo negro.