Venezuela | Plataforma do povo em luta e do chavismo crítico

Diante da situação de emergência em que vivemos como trabalhadores venezuelanos: mobilização popular!

Nosso país está prestes a entrar na UTI! Fome, protestos, saques e tentativas de saques são o nosso pão de cada dia. Já aconteceram 641 protestos até Maio, 21 por dia, dos quais 254 são saques e tentativas de saques. As pessoas estão chegando à beira do desespero. A inflação é gerada pelo governo que concorda em aumentar os preços com os empresários, imprime milhões em dinheiro sem lastro, diminui a produção das empresas estatais, mantém um grotesco diferencial de câmbio para subsidiar a burguesia, enquanto desvaloriza a moeda. Isso foi agravado por outras medidas recentes do governo, especificamente a criação dos chamados CLAP (Comitês Locais de Abastecimento e Produção), mecanismo insuficiente e discriminatório, obsoleto desde a sua criação pela necrose da ineficiência, da corrupção e da arbitrariedade absoluta. Além disso, acrescente-se a falta de medicamentos e a grave crise de saúde que nos coloca em um estado de desamparo total.

Esta situação está levando o povo, até certo ponto, a ouvir o canto da sereia do MUD que, aproveitando-se do desastre criado pelo governo e pelo Capital, tenta pescar em águas turvas e procura capitalizar o descontentamento popular que cresce aceleradamente.

Aqueles que permanecemos confiantes no poder criativo do povo trabalhador, que lutamos nas comunidades, campos, locais de trabalho e estudo, aqueles que ainda acreditamos em uma transformação revolucionária da nossa sociedade onde o povo trabalhador seja o protagonista e construtor autônomo de seu próprio destino, apelamos a todos os ativistas populares de nossas comunidades urbanas, aos líderes camponeses, aos ativistas e lutadores operários, aos indígenas, aos estudantes e jovens lutadores comprometidos com o povo, a se reagrupar em uma grande frente de luta, totalmente autônoma das cúpulas do PSUV e da MUD, que se mobilize de forma organizada nas ruas do país, nas comunidades, em nossos locais de trabalho e de estudo, contra o pacote de ajuste que vem sendo aplicado pelo setor privado e pelo atual governo, pacote acordado no Conselho Nacional de Economia Produtiva junto com Cisneros, Van Dan, Vollmer, a Associação de Bancos e outros conhecidos exploradores.

É urgente construir uma alternativa política à polarização burguesa e burocrática encarnada pelo PSUV e pela MUD.
Nesse sentido, reconhecendo-nos como parte do poder constituinte, propomos a todo o nosso povo um plano de lutas a partir das seguintes medidas:

1. Plano de emergência alimentar e de saúde que garanta ao povo os alimentos e medicamentos, e que inclua o controle social por meio de conselhos populares democraticamente eleitos nas comunidades e locais de trabalho, responsáveis pela distribuição de alimentos e medicamentos, sem a participação de militares corruptos ou burocratas. Combate sistemático ao contrabando e à especulação. Criação imediata de corredores humanitários entre a Venezuela e os países dos novos blocos de países na região (CELAC, UNASUL, ALBA, Petrocaribe, etc.);

2. Recuperação dos salários e do poder de compra dos trabalhadores. Propomos um aumento salarial geral de salários. Salário mínimo igual à cesta básica, que seja reajustado a cada 3 meses pelo percentual da inflação;
3. Defesa do emprego e do direito ao trabalho. Parem as demissões em empresas públicas e privadas! Imediata Recontratação de todos os demitidos sem justa causa!

4. Contra a criminalização do protesto e em defesa das liberdades democráticas. Revogação de leis e regulamentos que restringem o direito à greve e de manifestação. Rejeição à atuação de grupos armados contra as manifestações populares. Condenação às medidas de detenção e judiciais arbitrárias contra os companheiros trabalhadores, camponeses e de nossas comunidades populares, perseguidos por lutar por seus direitos, o que constitui um abuso de poder;

5. Contra a fuga de capitais e de desfalque à Nação; Propomos uma auditoria pública e cidadã de todos os recursos enviados para fora do país, assim como sua repatriação imediata, com as consequentes sanções cabíveis contra os responsáveis por esses crimes contra o povo;

6. Reforma Agrária democrática! Entrega de terras aos agricultores pobres e apoio técnico do Estado! Impulsionar a agroindústria, bem como a agricultura de pequena e média dimensão, tanto urbana como rural;

7. Contra a entrega dos nossos recursos naturais mediante o decreto sobre o Arco Minero do Orinoco e apoio à Plataforma pela Anulação do Decreto do Arco Minero, assim como ao recurso de anulação interposto no Supremo Tribunal de Justiça;

8. Rescisão dos contratos de joint ventures no setor de petróleo. Petróleo 100% estatal, sem empresas mistas nem transnacionais, gerido diretamente pelos trabalhadores, profissionais e técnicos da indústria do petróleo;

9. Moratória da dívida externa. Propomos que o dinheiro que se destina ao pagamento da dívida, seja direcionado para a compra direta, pelo Estado, de alimentos, medicamentos e outros suprimentos, e também em investimentos na industrialização e na agricultura em grande escala, sob controle dos trabalhadores.

NÃO EXISTE POVO VENCIDO! NEM BUROCRACIA, NEM CAPITAL!


Plataforma do povo em luta e do chavismo crítico | Junho de 2016 | Organizações que compõem esta instância, diversa e inclusiva:

Sinatra – UCV
Sirtrasalud – DistritoCapítal
Marea Socialista
Partido Socialismo y Libertad (PSL)
Batallón 17
Colectivo Cultural Toromayma
Frente Nacional Comunal Simón Bolívar (FNCSB)
Associação de Economia Crítica Noel Rodriguez
Programa “Tripalium, Memórias da classe,” Radio Ao Som do 23, 94,7 FM

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