Em defesa de Luciana Genro e do PSOL radical
A companheira Luciana Genro está sendo atacada pelos governistas nas redes sociais. Luciana incomoda a cúpula palaciana por desconstruir, pela esquerda, as teses que permitiram o ato petista de 18/03. A companheira demonstra que não há um golpe em curso, questiona o “fica Dilma” e a continuidade do atual mandato presidencial, coloca-se contra o impeachment e propõe eleições gerais. Além de defender um terceiro campo alternativo ao PT, PMDB e PSDB.
A postagem de Breno Altman mostra o desespero dos governistas
Desesperado pelo questionamento da frente única formada entre setores da direção do PSOL com os governistas, o jornalista Breno Altman, diretor do site Opera Mundi, publicou uma mensagem onde sugere a eliminação física de Luciana Genro. Altman enaltece o assassinato de Leon Trotsky em 1940, crime cometido a mando de Stalin, e sugere que esse mesmo expediente seja utilizado contra Luciana e obviamente contra toda oposição de esquerda que está contra Dilma e contra os tucanos. Isso demonstra todo o autoritarismo dos governistas, revelando que a propaganda “Contra o golpe e em defesa de democracia” não passa de um estelionato. Que democracia é essa onde se elimina quem pensa diferente? onde o modelo é o stalinismo que perseguia e assassinava a oposição? O discurso contra o “golpe” é instrumentalizado para camuflar a defesa do mandato de Dilma e combater o aprofundamento das investigações sobre Lula.
É bom que se diga que Breno Altman é um dos principais ideólogos do governismo, criador da propaganda em “defesa de legalidade democrática”, amigo de Jose Dirceu e Lula. O nome de Altman foi citado nos depoimentos de Alberto Youssef junto à Policia Federal e em depoimentos da contadora desse doleiro na CPI da Petrobras. Talvez esse seja o motivo para sua convocação à uma cruzada para salvar o PT, abafar investigações, prolongar o mandato de Dilma e tenta dar fôlego à falsa democracia em que vivemos, a velha republica burguesa: uma ditadura de classe onde tudo é decidido por quem financia os partidos e os políticos: as empreiteiras, bancos, multinacionais e o agronegócio. Uma “democracia” cuja carta magna é a lista da Odebrechet.
Exigimos que a executiva nacional reveja sua votação e se solidarize com Luciana. Chamamos a todas as organizações de esquerda, aos sindicatos e oposições classistas, a todos os movimentos sociais combativos, às entidades democráticas a serem solidárias com Luciana Genro e repudiar a declaração de Breno Altman. Repudiar qualquer enaltecimento dos crimes cometidos pela burocracia stalinista, cuja ação tirou a vida de Leon Trotsky, um dirigente da revolução Russa, que nunca se vendeu, nem se corrompeu. É preciso seguir o exemplo do diretório do PSOL RJ que já votou resolução sobre o tema e do deputado federal Chico Alencar que se posicionou nesse sentido.
Em defesa do PSOL fundacional
Infelizmente, a campanha dos governistas contra Luciana é alimentada pela atual maioria do Partido, centralmente a US. Eles acabam de votar uma resolução na executiva nacional, juntamente com a bancada federal, “desautorizando” Luciana. Uma medida que visa desgastá-la como figura pública e tenta desmoralizar as posições que ela defende. E é bom que se diga que a executiva nacional deliberou isso de forma ilegítima, por meio de um grupo de whatsapp. Luciana, nas redes sociais e na entrevista à Folha de São Paulo deixa claro de que fala em seu próprio nome ou em nome de sua tendência, algo que o estatuto lhe permite. Na mesma executiva nacional, também circularam ameaças visando “disciplinar” nossa corrente, a CST, e “centralizar” o mandato do companheiro Babá, outro dos que integram o time dos radicais que ajudaram a fundar o PSOL junto com Luciana.
Ocorre que hoje o PSOL está aparelhado por um grupo, a US, que utilizou de uma maioria artificial no último congresso para se perpetuar no controle do partido. Tudo para colocá-lo na defesa do mandato de Dilma e de Lula. Tanto é assim que os parlamentares e dirigentes que atuam ao lado do PT e de Dilma não são “desautorizados” ou “disciplinados”. No dia 18/03, Freixo, Tarcísio, Milton Temer, Cid Benjamin, Brizola Neto e Glauber Braga subiram no palanque do PT, juntamente com Lindbergh Farias no Rio de Janeiro sendo que Lindberg traiu os trabalhadores logo no inicio do governo do PT votando a favor da privatização da previdência dos servidores e hoje aparece na lista da odebrechet e sobre isso a maioria da direção se cala. Esse dirigentes e parlamentares sequer informaram sua atitude para as instâncias partidárias. Mesmo assim foram elogiados na última nota da executiva nacional. Texto imposto sem debate, sem reunião presencial, por meio de “votação” num grupo de whatsapp.
Tudo está de cabeça para baixo, tudo é o oposto do que deveria ser. O PSOL foi criado como um partido de esquerda amplo e nasceu para combater a traição do PT, tentando construir uma alternativa à falência do Lulismo. Isso aconteceu no início do governo Lula, quando este implementou os primeiros ataques contra os servidores federais e o povo trabalhador. Tivemos coragem de enfrentar o PT mesmo no auge da popularidade de Lula. Hoje, em meio à maior crise do PT, a US transforma o PSOL em uma sublegenda do Lulismo, e está feliz ao lado de Rui Falcão, Lindbergh, Jandira, os burocratas do PT e do PCdoB, tanto que defende abertamente coligação com os petistas numa importante cidade como Belém.
É hora da base se rebelar em todo país e buscar tomar os rumos do partido em suas mãos. É preciso convocar plenária de base deliberativa para definir a política do partido. Estamos com Luciana Genro, combatendo contra a orientação de linha auxiliar do governismo, conforme a própria companheira afirma em recente texto nas redes sociais: “Eu não aceito cumprir o papel de linha auxiliar do PT. Quando respondi ao Aécio em um debate presidencial – linha auxiliar do PT uma ova – fui aplaudida por TODO o PSOL. Pois na campanha não fomos linha auxiliar do PT e nem da direita. Denunciamos que a briga entre ‘o sujo e o mal lavado’ não era nossa e que tínhamos a tarefa de construir um terceiro campo”.
Precisamos de um bloco dos que não são linha auxiliar
É preciso construir um campo de todos os que não são linha auxiliar, de todos os que não defendem a continuidade do mandato de Dilma, de todos os que não acham que estamos num “golpe”, nem estão com Temer e os tucanos. E isso deve ocorrer apesar de nossas divergências sobre as saídas, como no caso da proposta de eleições gerais. Uma proposta que nós da CST não defendemos. Não achamos que o mecanismo por excelência que legitima ou deslegitima um governo é a urna: o que legitima um governo é se responde aos interesses da maioria da população trabalhadora. Nossa aposta é outra. No desenvolvimento e radicalização das mobilizações sociais pelo Fora Dilma, Temer, Cunha, Renan e Aécio! Fora Todos! Nossa aposta é em direção a uma nova e superior jornada de junho e não em direção a depositar o voto na urna.
Apesar dessa divergência, entendemos que esse campo unitário dos que não estão no “fica Dilma” e nem com a velha direita tucana é o mais importante. Ele divide águas com os governistas e com os setores da esquerda que cedem às pressões do PT e dos Lulistas. O ato do 1º de abril será um importante encontro das várias correntes, dirigentes e parlamentares que não são linha auxiliar. Esse campo deve apostar na continuidade das manifestações como a do dia 1º de abril e na construção unitária da mobilização social contra tudo isso que está aí, contra o PT, PMDB e o PSDB. Um campo das organizações que apostam no aprofundamento da luta e da mobilização, que desejam fortalecer greves como a dos professores do Rio de Janeiro. Um campo para discutir coletivamente a melhor saída para o país do ponto de vista dos interesses dos explorados e oprimidos.
31/03/2016
Vereador Babá – PSOL do Rio de Janeiro
Corrente Socialista dos Trabalhadores – Tendência do PSOL
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