Unificar as lutas parciais num único movimento da classe trabalhadora e juventude
O mês de agosto começou com mobilizações. Protestos ainda setoriais, mas que merecem atenção e apoio. Os servidores e servidoras federais, sobretudo das áreas da educação, realizaram um dia de luta nacional com paralisações de vários órgãos no dia 10. Os estudantes comemoram nas ruas o Dia do Estudante no dia 11, muitos deles lembrando seus mártires assassinados na última ditadura militar. Os protestos de servidores e jovens, ainda agrupando uma vanguarda mais ativa e politizada, cobravam a ausência de respostas na campanha salarial do federais e criticavam o corte de verbas na educação e saúde recentemente anunciado por Lula/Alckmin. Outras pautas também apareceram nessas manifestações: a revogação do NEM, da reforma da previdência e trabalhista, a prisão e punição de Bolsonaro (agora envolvido em mais um escândalo no caso da venda das joias do acervo presidencial) e dos golpistas, bem como o combate à política econômica expressa no arcabouço fiscal de Lula/Alckmin. Esse movimento, ainda inicial, expressa um caminho correto para exigir e conquistar nossas pautas, sem nos perder ou render a pura e simplesmente blindar o governo.
Exigir da CUT, MTST e UNE: unificar o movimento numa única luta
É fundamental que esses movimentos localizados se unifiquem e se coordenem num movimento comum e único agrupando o conjunto da classe trabalhadora, dos estudantes e setores populares. Devemos fazer essa batalha, pois as maiores lideranças das centrais, federações, entidades estudantis, ligadas às direções majoritárias do PT, PCdoB e PSOL, desestimulam as lutas, boicotam paralisações (caso da Articulação/CNB-PT na FASUBRA e CONDSEF) ou passeatas (caso da UJS/PCdoB na UNE) e protestos (como a direção do PSOL no MTST). Estamos atuando nas bases para construir uma nova direção democrática e de luta para nossas entidades e mobilizações e nossa movimentação é para exigir da CUT, CTB, MTST, UNE, UBES e Coalização Negra uma jornada nacional. Defendemos uma plenária nacional das lutas populares, como as que realizamos em anos anteriores, para coordenar esses protestos, lutas e campanhas salariais que estão ainda desconectados. E isso é importante pois o governo Lula/Alckmin tem outras prioridades e não são as nossas questões, nem nossos problemas. A CSP-CONLUTAS deve apostar na convocatória e organização de fóruns que unifiquem os setores dispostos a enfrentar as medidas contra a classe trabalhadora.
O PAC não vai solucionar os problemas da classe trabalhadora e da juventude
No fechamento dessa edição, o governo Lula/Alckmin anunciava o “novo PAC”. Ao seu lado estavam governadores bolsonaristas, como Claudio Castro, e lideranças da extrema direita, como o presidente da Câmara Arthur Lira, companhias que nada de bom apresentam para a classe trabalhadora. Havia ainda muitos empresários que ficaram felizes com a fala de Lula sobre “Estado empresarial”, bem ao estilo do que a direita sempre defendeu (a ladainha da Rede Globo em sua eterna campanha contra os serviços públicos estatais), com recursos públicos sendo canalizados para a iniciativa privada. Além de Lula, o vice Alckmin e os ministros do PT deixaram explícito que os projetos serão por meio de concessões e parcerias público-privadas (PPPs). No discurso, o “novo PAC” teria uma “preocupação” ambiental, mas o fato é que o programa inclui um estudo de licenciamento ambiental para a construção de uma ferrovia que liga o município de Sinop (MT) ao de Miritituba (PA), o que pode impactar o Parque Nacional Jamanxim (PA), unidade de conservação já muito atacada por fazendeiros e madeireiros. Há ainda previstos recursos para equipar o Exército, Marinha e Aeronáutica, forças que protagonizaram recentemente a intentona golpista do 8 de janeiro e que, além de não serem punidas, são premiadas.
Numa próxima edição vamos nos deter nos projetos, todos recentemente lançados, mas nunca é demais lembrar que a primeira versão do PAC favoreceu empresas de construção civil, como a Odebrecht, OAS, Camargo Correa e projetos como as hidrelétricas de Jirau, com superexploração dos operários, Belo Monte contra os povos indígenas, obras faraônicas da Copa do Mundo da FIFA e as Olimpíadas, cujo “legado” foram remoções e crise social. Não podemos, portanto, nos iludir com os novos discursos lançados agora nesse “novo PAC”.
Exigir uma jornada nacional de lutas por salários, mais verbas para saúde educação e contra violência policial
Já vimos que há uma série de pautas pelas quais vários setores estão se mobilizando, mesmo que de forma ainda fragmentada. Por outro lado, no mesmo momento, o presidente Lula – ao lado de bolsonaristas, empresários que nos exploram e da velha direita – anuncia projetos que não respondem as nossas reivindicações. Nada falou sobre o salário dos servidores ou de revogar o corte de verbas da educação, por exemplo. Nós exigimos que as centrais sindicais, sindicatos, movimento estudantil, feminista e demais movimentos sociais convoquem uma jornada nacional de lutas contra o Arcabouço Fiscal, pelo atendimento das pautas dos servidores, contra o corte de verbas da saúde e educação e contra as chacinas policiais. Exigimos reposição das perdas salariais, os pisos salariais da educação e enfermagem, revogação das medidas bolsonaristas, a revogação do Novo Ensino Médio. E para garantir recursos para as áreas sociais defendemos a taxação dos bilionários e o não pagamento da dívida ao sistema financeiro.
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Ao mesmo tempo que batalhamos pela luta unificada nas ruas, defendemos a construção de uma esquerda classista e combativa forte, que lute contra os ataques e não compactue com os patrões. Somos combatentes que se esforçam para construir um governo da classe trabalhadora, sem patrões, que aplique um plano econômico alternativo, operário e popular. Um governo dos de baixo, que rompa com o capitalismo e a exploração imperialista para satisfazer nossas necessidades. A CST (Corrente Socialista de Trabalhadores e Trabalhadoras) é uma organização socialista e revolucionária independente a serviço dessa tarefa. Venha debater essas propostas, participe de nossas reuniões, ajude a divulgar nosso jornal e financiar nossa organização. Seja militante e fortaleça a unidade dos revolucionários na luta por um Brasil Socialista.