TODOS ÀS RUAS! O GOVERNO ASSASSINO NÃO SE ARREPENDE DE NADA E O CÚMPLICE CONGRESSO AVANÇA COM SEUS CRIMES! FORA TODOS!

O atual governo de transição tornou-se o principal inimigo do povo peruano. Não só por conta da continuação da política neoliberal, que decidiu empreender para saquear o país junto com aqueles que perderam as eleições em 2021 e nunca reconheceram a derrota. Mas também por causa da brutal repressão desencadeada contra as mobilizações populares de dezembro de 2022 e de janeiro e fevereiro de 2023, em que o governo Boluarte massacrou dezenas de compatriotas, inclusive menores de idade, sem que ninguém tenha sido responsabilizado até hoje. Pelo contrário, “a sem-vergonha” não se arrepende e agora ameaça com mais mortes. Todo o povo peruano está convocado para o próximo protesto, que tem um objetivo geral: FORA TODOS! E também coloca como uma enorme tarefa política a união e a organização para impedir que os mesmos ratos de sempre, mas com outros nomes, sigam governando. Diante desse cenário, os setores populares do campo e da cidade devem se unir e se organizar para derrubar esse governo assassino e construir uma verdadeira alternativa popular e democrática. Fora Boluarte! Viva a luta do povo peruano!

O Congresso: aliado do governo nos ajustes e na repressão

Essa democracia já não é democrática. Mais de 90% da população, em nível nacional, rejeita o governo de Boluarte e seu principal aliado, o Congresso da República. Isso por conta, entre outras coisas, da sua incapacidade de resolver os problemas mais graves do país, de suas nefastas medidas de pilhagem de nossos recursos e de seus ataques aos direitos democráticos. Boluarte é sustentada pela força das armas e pelo apoio dos poderes constituídos: os meios de comunicação de Lima, a hierarquia eclesiástica, as associações empresariais e a maioria dos parlamentares. Todos eles são responsáveis pela situação que vive o país e, por isso, devem ser denunciados e confrontados pelo povo mobilizado.

O governo Boluarte deve sua permanência ao Congresso corrupto, que agora tem carta branca para continuar impondo políticas antipopulares e seguir com seus crimes. Mas o problema não são apenas os atuais “otorongos” [congressistas corruptos], mas também seus podres PSEUDO PARTIDOS POLÍTICOS, que têm registro legal para nos impor “novos” candidatos, mantendo a mesma politicagem neoliberal corrupta. As bancadas da falsa esquerda são cúmplices de tudo isso, principalmente Peru Libre, que vem negociando com a ultradireita a distribuição de cargos no Estado, sob o pretexto de enfrentar “os caviares” [“esquerda caviar”, que na narrativa dos partidários de Peru Libre usurpou o governo]. Para V. Cerrón, a luta de classes é secundária diante da luta entre “caviares” e “não-caviares”.

Vale lembrar que o Congresso limitou o direito ao mecanismo do Referendo Popular; elegeu um Tribunal Constitucional e um Defensor Público [Defensor del Pueblo] subservientes ao parlamento; enfraqueceu a SUNEDU [Superintendência Nacional de Educação Superior Universitária]; blindou os desmandos dos “otorongos”; aprovou orçamentos que privilegiavam o pagamento da dívida externa; sancionou a entrada das tropas ianques no país e os acordos com o FMI e com outros organismos financeiros internacionais, em detrimento da saúde e da educação do povo. Agora querem capturar a Justiça Eleitoral. E tudo isso com o apoio da imprestável Procuradora-Geral da República [Fiscal de La Nación], que até agora se nega a mostrar suas inexistentes teses de mestrado e doutorado.

O capitalismo representa fome e miséria para o povo trabalhador

A crise política e social afeta o bolso da maioria da população. 41% das pessoas que vivem no campo e 24,1% dos que vivem nas cidades estão na pobreza: 2,7 milhões a mais do que antes da pandemia! Segundo o Banco Mundial, 7 em cada 10 peruanos são pobres. Mas para o governo e seus cúmplices está tudo bem. Se há pobres, a culpa é dos próprios desvalidos e não do capitalismo, que o governos e seus cúmplices apoiam para favorecer os mais ricos.

A cesta básica está mais cara. O salário não cobre as necessidades de uma família. Agora, é preciso trabalhar mais horas para comprar as mesmas coisas de antes. É urgente lutar por um aumento geral dos salários, apesar do presidente do BCRP [Banco Central do Peru] – o neoliberal nomeado por Pedro Castillo e que ganha cerca de 60.000 soles [plural de sol, a moeda do Peru] por mês – ser contra o aumento, assim como o fujimorista Nano Guerra, que não foi punido por legislar da praia. Além disso, Velarde reconheceu que o país não crescerá mais 4% este ano, mas algo em torno de 2,2%. E com o risco de ser menos ainda. Ao mesmo tempo, orgulha-se do país ter equilíbrio fiscal, reservas internacionais e de nossa moeda ser a mais “estável da região”. Tudo isso pra quê? Só para garantir o investimento estrangeiro e continuar a entregar o país às multinacionais! Nesse quadro, a informalidade do trabalho, que nunca foi combatida seriamente, serve de colchão para amortecer o desemprego e manter os salários de fome e miséria. Por isso, não basta derrubar o governo. Também é necessário derrotar o modelo econômico capitalista, que explora nossa força de trabalho e destrói a natureza.

Saudamos a terceira ocupação de Lima! Vamos formar uma Coordenação Nacional das Organizações em Luta e preparar uma greve e um plano nacional e unitário de luta!

A situação atual do país é insustentável. O governo Boluarte é um governo assassino, que reprime o povo e defende os interesses da CONFIEP [Confederação Nacional das Instituições Empresariais Privadas] e de seus aliados. O Congresso é um antro de corrupção, que não representa ninguém além de si mesmo. O Ministério Público é cúmplice da impunidade e da injustiça. Diante desse cenário, os trabalhadores e os povos têm que se unir em uma única força popular e sindical, que se mobilize nas ruas para exigir o fim desse regime criminoso e a convocação de uma Assembleia Constituinte soberana e democrática. Não podemos confiar nas falsas promessas da esquerda tradicional, que se vendeu ao parlamento e ao sistema. Não podemos nos dispersar em lutas regionais, que enfraquecem nossa capacidade de ação. Precisamos construir uma coordenação nacional das lutas, que articule todas as organizações sociais e políticas que se opõem a este governo e que defendam um programa de transformação radical do país. Abaixo Boluarte e o Congresso corrupto! Viva a greve nacional e o plano unificado de luta! Por uma Assembleia Constituinte livre, soberana e democrática! Dirigimo-nos aos estudantes, à classe trabalhadora urbana e rural, com seus sindicatos e organizações, aos camponeses, às comunidades do litoral, da serra e da selva, a todos os homens e mulheres de nosso país para convidá-los a formar COMITÊS DE LUTA UNITÁRIOS E DEMOCRÁTICOS, que junto com os comitês de defesa e as organizações sociais e políticas em luta impulsionem a mobilização e estabeleçam um plano nacional e unificado de combate, que seja sustentado até que SE VÃO TODOS e que seja conquistado um governo dos/as trabalhadores/as. Nossa bandeira é: Fora Boluarte, o Congresso e seus cúmplices! Essa palavra de ordem também deve ser acompanhada pela defesa: do aumento imediato dos salários e da redução da jornada de trabalho; do fim da informalidade e da precarização do trabalho; de mais verbas para a saúde e a educação públicas; da nacionalização dos recursos naturais, como o gás e os minérios; e da reestatização das empresas privatizadas pela ditadura de Fujimori, que não ocorreu nos governos posteriores.

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