Panamá: milhares marcham contra a privatização da previdência social e a ingerência imperialista

Por Propuesta Socialista [Proposta Socialista], seção da UIT-QI no Panamá

 

O clamor do povo em defesa da previdência social, contra a repressão e em repúdio à ingerência estadunidense nos assuntos internos do Panamá se manifestou com força nas ruas, em uma mobilização massiva na capital e em diferentes cidades do país.

A mobilização foi convocada por diversas organizações de trabalhadores/as e pelo movimento popular, liderados pelo sindicato combativo da construção, Suntracs, junto com o Conselho Nacional de Trabalhadores Organizados (Conato), a Associação de Empregados da Previdência Social, a Aliança Povo Unido pela Vida, Frenadeso, Conusi, bem como organizações de professores, ambientalistas, feministas, os chamados “Guerreiros do Mar”, compostos por comunidades localizadas ao redor da mina First Quantum, representantes de povos indígenas, organizações estudantis e partidos políticos de esquerda, entre os quais estava a Propuesta Socialista, a seção panamenha da Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional.

A marcha partiu, como é costume no Panamá, do Parque Porras e seguiu até a sede da Assembleia de Deputados e Deputadas. Vale ressaltar que os parlamentares declararam recesso ao meio-dia, para não estarem na Assembleia quando os manifestantes chegassem.

Milhares de pessoas marcharam pelas ruas do centro da capital panamenha, bem como em Changuinola, capital da província de Bocas del Toro, e em Chiriquí, ambas no oeste do país. E em outras regiões.

Não à privatização da previdência social: “a previdência não se vende, se defende”

O foco do protesto foi a defesa da previdência social e a rejeição à lei 163, que privatiza os recursos do Fundo de Seguridade Social e está em discussão na Assembleia dos Deputados e das Deputadas.

O governo já anunciou que, caso o projeto de lei apresentado por Mulino não seja aprovado, a lei será vetada.

A marcha também foi contra a repressão e a ingerência de Trump

Nos últimos dias, houve protestos contra a ingerência do imperialismo estadunidense, recentemente reforçada pelas ameaças de Trump de tomar o Canal do Panamá. E ratificada pela visita do secretário de estado americano, Marco Rubio.

Os protestos foram brutalmente reprimidos, resultando em inúmeros feridos e dezenas de detidos. Um dia antes da mobilização, foi anunciado que 83 pessoas, que haviam sido detidas previamente, seriam libertadas sob medidas cautelares e estavam proibidos de deixar o local onde moram ou trabalham.

A rejeição ao imperialismo estadunidense foi expressa em slogans como: “Um território, uma bandeira!” e “Este país não está à venda, este país se defende!”

Os manifestantes protestaram contra a submissão do governo Mulino à pressão de Trump e Rubio. Nesse contexto, foi questionada a presença no Panamá, entre 19 e 20 de fevereiro, do almirante Alvin Holsey, chefe do comando sul do exército dos EUA.

Descontentamento com a política de imigração

Há também muita rejeição à atitude do governo de Mulino, que aceitou deportados pelos Estados Unidos, entre eles duas meninas sem as famílias. Cerca de 100 foram transferidos para as selvas de Darien.

A mobilização nacional contra a lei 163, em defesa do direito de protesto e contra a ingerência imperialista demonstrou a grande disposição do povo panamenho em enfrentar as políticas anti-operárias e antipopulares que o governo Mulino está preparando. Nesse sentido, é importante destacar o papel que a Suntracs vem desempenhando. O sindicato tem mantido uma posição muito firme contra o governo. Tem deixado claro que não cederá à pressão e que continuará promovendo a mobilização, inclusive com o anúncio de uma greve de 24 horas, caso o governo insista em avançar com a lei 163.

A Propuesta Socialista continuará apoiando a luta do povo panamenho por suas principais reivindicações, contra o imperialismo e em defesa da previdência.

 

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