Alemanha: IGMetall e patrões assinam acordo coletivo 2025-2026
Por Patrick König, correspondente
Após a convocação de greves de advertência e de manifestações em diversas cidades da Alemanha, o sindicato e os patrões sentaram-se para negociar na segunda-feira, 11 de novembro. Após 18 horas de negociação, assinaram um acordo na seccional Costa, que abrange o norte da Alemanha. Tal acordo serve como referência para o resto do país.
O que nós, metalúrgicos, temos que fazer agora é analisar e tirar as conclusões, ponderando perdas e ganhos, nossa situação e a continuidade da luta.
O que foi assinado?
A primeira coisa que devemos avaliar é o que foi pedido e o que foi alcançado. O IGMetall (sindicato dos metalúrgicos) começou exigindo um aumento salarial de 7% e um acordo coletivo com duração de 1 ano. No final, foi obtido um aumento total de 5,1% (2% a partir de abril de 2025 e 3,1% a partir de abril de 2026).
Mesmo que não se possa dizer que foi um desastre completo, trata-se de um acordo muito aquém do esperado. Principalmente se for levada em conta a perda salarial do acordo 2023/2024, os aumentos da produtividade e a ausência de medidas que tornem menos vulneráveis os trabalhadores com contratos temporários e que impeçam as demissões.
Por outro lado, o acordo assinado tem duração de dois anos, quando a exigência era de um ano. Isso pode parecer uma questão menor, mas não é, tendo em vista os elevados índices de inflação e a instabilidade reinante, que continuará e provavelmente se aprofundará nos próximos anos. Com o acordo, estamos amarrados, por dois anos, à “paz social”.
[…] Sabemos muito bem que a DGB (Confederação Sindical Alemã) é o braço sindical do Partido Socialdemocrata da Alemanha (SPD) e do grande capital. E que, portanto, responde às suas ordens. A dissolução da coligação de governo (formada pelo SPD, pelos Verdes e pelos Liberais), nos últimos dias, foi outro fator de instabilidade política, que se somou à atual situação de crise econômica no país. Foi por isso que o IGMetall, fiel aos seus mestres, assinou, assim que pôde, um acordo rebaixado, para jogar uma tábua de salvação ao governo e aos patrões e direcionar tudo para o terreno do debate eleitoral. Devido à crise política, as eleições gerais foram antecipadas para fevereiro de 2025. […]
O acordo foi assinado, mas a luta continua
Embora possamos dizer claramente que não obtivemos uma vitória, podemos também afirmar que não estamos satisfeitos com o que está acontecendo; que há vontade de lutar; e que não estamos derrotados de forma alguma. Tivemos um primeiro round…
Nossos principais problemas não foram resolvidos (aumento da produtividade, demissões, fechamento de fábricas, aumento percentual de trabalhadores temporários etc.). É por isso que não podemos ficar de braços cruzados, esperando para ver o que acontecerá daqui a dois anos. Temos que transmitir ao sindicato e aos seus representantes nas fábricas a nossa discordância com o acordo assinado. Temos que exigir que os/as delegados/as e as Comissões Internas realizem assembleias deliberativas, para discutir medidas para resolver tais questões. Quando houver eleições para delegados, temos que apresentar camaradas honestos e dispostos a lutar. Nas eleições para os Comitês de Empresa, temos que apresentar candidaturas alternativas antiburocráticas, antipatronais etc.
Além de nos envolvermos na resolução dos problemas específicos do ambiente de trabalho, temos que enfrentar as questões políticas do país. As eleições gerais já foram anunciadas para 23 de fevereiro de 2025. Não podemos ser meros espectadores, muito pelo contrário. Temos que participar, na ausência de uma alternativa eleitoral que defenda os nossos interesses, para que nas próximas eleições tenhamos uma alternativa clara para votar.
[…] Se concordar com o que leu, sugerimos que entre em contato conosco, para que possamos nos organizar para lutar contra os cortes e para criar em conjunto organizações sindicais e políticas, que sirvam aos interesses dos/as trabalhadores/as e do povo.