Niterói/RJ: enfrentar a extrema direita e construir uma alternativa de esquerda
Não há alternativas para a classe trabalhadora neste segundo turno em Niterói
Nós, da CST, escrevemos esta nota sobre o segundo turno em Niterói nos somando a todos e todas que querem derrotar a extrema direita, representada pela candidatura do Jordy (PL), um “bolsonarista raiz”. Diante dessa situação sabemos que muitos companheiros e companheiras vão votar em Rodrigo Neves (PDT) para derrotar a extrema direita em Niterói. Nós, da CST, queremos abrir um diálogo com esses companheiros e dizer que discordamos desse voto. Rodrigo Neves representa o interesse dos grandes empresários de Niterói e conta na sua chapa com partidos da extrema direita. Por isso, neste segundo turno em Niterói, visto que não há nenhuma candidatura da esquerda independente, chamamos a votar branco, nulo ou abstenção.
Jordy é bolsonarista, inimigo dos trabalhadores e dos oprimidos!
O surgimento de uma corrente de extrema direita em Niterói é o reflexo de um setor da burguesia, que, diante da crise econômica e social, busca aplicar um programa de retirada de direitos tão brutal que só é possível com enorme repressão e ataques ao direito de protestar e se organizar. Por isso é tão perigosa!
Jordy é um “bolsonarista raiz”, da nefasta extrema direita, que divide com o criminoso inelegível Bolsonaro a legenda do partido e reivindica as atrocidades encampadas pelo ex-presidente miliciano. Sua esposa e irmão estão na lista do escandaloso esquema de corrupção da CEPERJ, esquema de desvio de dinheiro público orquestrado pelo ex-governador Witzel e continuado por Cláudio Castro. São ladrões. Jordy também votou a favor do PL do Trabalho Infantil e é um dos entusiastas do “Escola sem Partido”. Enquanto vereador de Niterói, Jordy incentivou perseguição a professores. Trata-se de um inimigo da educação.
Jordy não é só um defensor dos ataques aos direitos da classe trabalhadora, também é investigado por fomentar um grupo de golpistas no Rio de Janeiro, e ajudou a organizar caravanas que tentaram impor um regime ditatorial no Brasil no dia 8 de janeiro de 2023.
Jordy foi defensor da estratégia de Bolsonaro durante a pandemia de COVID, que foi responsável pela morte de mais de 700 mil pessoas, enquanto negociava propina sobre as vacinas. A extrema direita governa contra os direitos dos trabalhadores, das mulheres, dos LGBTQIA+, dos negros e negras e das pessoas com deficiência. Bolsonaro, quando presidente, aprovou a Reforma da Previdência e aprofundou a aplicação da reforma trabalhista, sob o lema de “mais empregos, menos direitos”, empurrando a massa dos trabalhadores para os subempregos e a informalidade. Enquanto isso, seus filhos, esposa e amigos lavaram fortunas em dinheiro com lojas de fachada e roubaram joias. Bolsonaro interferiu na polícia federal para manipular as investigações sobre seu filho Flávio. As relações de Bolsonaro e sua família com a morte de Marielle ainda não estão elucidadas, visto que Ronnie Lessa, assassino, visitou Bolsonaro no dia do assassinato de Marielle e Anderson, e, por isso, seguimos lutando por justiça por Marielle. Bolsonaro disse que não estupraria uma mulher porque ela “não merecia”, e disse que “rolou um clima” com uma garota de 14 anos. Jordy, Bolsonaro e seus aliados da extrema direita precisam ser derrotados de forma definitiva.
Como enfrentar a extrema direita
Enxergamos como muito positiva a preocupação que muitos niteroienses têm por derrotar a extrema direita. Porém, a extrema direita não se derrota apenas com o voto, é um fenômeno social, que ganhou apoio de massas após anos de governos da dita “esquerda” ou dos intitulados “progressistas”, que aplicaram um ajuste fiscal que piorou a vida do povo trabalhador. É preciso batalhar por um programa que esteja a serviço da imensa maioria da população, que é o povo pobre e trabalhador. Mas para implementar esse programa, que enfrenta as máfias dos transportes, a especulação imobiliária e os interesses patronais que pretendem pagar menores salários e com menos direitos, é fundamental a organização social da nossa classe e mobilização.
Nós, da CST, acreditamos que devemos seguir o exemplo do povo argentino que neste momento enfrenta o direitista Milei, com as ocupações estudantis nas universidades, as greves gerais e as marchas multitudinárias. Assim como fizemos no #EleNão e no #ForaBolsonaro. Infelizmente, essas mobilizações não tiveram continuidade no Brasil, porque as direções desses movimentos apostaram todas as fichas apenas na derrota eleitoral de Bolsonaro.
Bolsonaro segue solto e a extrema direita, desmoralizada após a fracassada tentativa de golpe de 8 de janeiro, segue se rearticulando, e aproveitou as eleições municipais para construir novas figuras. Bolsonaro, sua família, seus ministros e deputados bolsonaristas que ajudaram no 8J deveriam estar presos e com seus bens confiscados. No entanto, apesar de quase dois anos de mandato de Lula, vimos poucos esforços de investigação sobre estes bandidos. É urgente que as manifestações que pediam “Sem Anistia” para os golpistas sejam retomadas. E todos os setores que, nestas eleições, falaram “contra o fascismo” ou “contra a extrema direita”, precisam ser parte desse movimento. O terreno das ruas é onde podemos conquistar nossas vitórias. Infelizmente, parece que para os partidos como PT, PSOL, PCdoB e outros que se reivindicam “progressistas”, a disputa contra a extrema direita está restrita à disputa eleitoral, e acaba assim que as eleições terminam. Ou seja, esses partidos se limitam a fazer a disputa por dentro das instituições, sem mobilização.
A conciliação de classes fortalece a extrema direita
A tática de derrotar a extrema direita eleitoralmente não se sustenta sem luta nas ruas, e queremos fazer uma reflexão sobre isso. Infelizmente o modelo de frente ampla encabeçado por Lula e replicado em todos os locais com partidos do centrão e até da extrema direita só permite que esse movimento reacionário vá se reciclando e ganhando força com a desilusão em relação aos governos de frente ampla.
Esse duplo discurso – falar contra os ricaços, mas manter um programa que termina por governar para eles – gera uma frustração e é esse o caldeirão que permite a sobrevida e reciclagem da extrema direita, que aparece como falsa alternativa e confunde setores da nossa classe.
Infelizmente o que apresenta a chapa de Rodrigo Neves é manter a cidade para garantir o lucro das empreiteiras e dos mega empresários, às custas de cortes nas áreas sociais e arrocho para os servidores públicos.
É impossível melhorar a saúde ou a educação sem fazer concurso para essas áreas, sem construir novas unidades e sem garantir infraestrutura necessária. Mas não é possível fazer isso mantendo as metas fiscais que são as prioridades dos ricos.
Rodrigo Neves, além de não defender as pautas da classe trabalhadora, ainda está aliado com setores da extrema direita, como Republicanos, o partido do ex-vice-presidente de Bolsonaro. Por isso dizemos que Rodrigo Neves não é alternativa para a classe trabalhadora.
Não depositar voto em projeto patronal!
Nós, da CST, diante de qualquer chapa da extrema direita, centraremos nossa denúncia sobre o papel nefasto e perigoso que é a extrema direita. Nenhum trabalhador ou trabalhadora confundido com o discurso populista deve votar em Jordy. Porém, alertamos que Rodrigo Neves, um fiel representante patronal, representa a continuidade de uma política nefasta para a população niteroiense: o PDT esteve nas últimas gestões por mais de 30 anos
Como socialistas revolucionários, denunciamos o perigo da extrema direita, mas sem dar nenhum apoio ou voto na chapa patronal de Rodrigo Neves. Por isso, neste segundo turno chamamos a votar branco, nulo ou abstenção.
É preciso preparar o terceiro turno das lutas em Niterói
Nossa tarefa enquanto socialistas e revolucionários é preparar uma forte oposição nas ruas contra o governo que sairá deste segundo turno em Niterói. E desde já fazer um chamado às entidades e movimentos sociais que constroem a luta em nosso município a organizar essa trincheira de luta.
Nós, da CST, no 1° turno chamamos voto na candidatura à Prefeitura do PSTU, da companheira Dani Bornia e Sergio Perdigão, e defendemos um projeto da esquerda independente contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, pois a urgência dessa cidade é a responsabilidade social, com centenas de desabrigados e desempregados ou trabalhadores com péssimos salários e condições de vida. Defendemos um projeto pedagógico que valorize os profissionais da educação e um tipo de educação libertadora e contra a lógica privatista e da precarização da saúde através de contratação de profissionais por meio de RPAs.
Enquanto revolucionários, dizemos que um novo projeto surgirá do calor das lutas e da exigência dessas pautas. Essa tarefa só a classe trabalhadora pode cumprir, com mobilização. Nós, socialistas revolucionários, seremos parte dessas mobilizações, batalhando pela construção de uma Niterói, um país e um mundo socialistas.
Estamos nessa trincheira contra a extrema direita, porém, para isso, acreditamos que a batalha mais importante é a necessidade de construir, desde já, uma alternativa verdadeiramente de esquerda, independente dos governos e dos patrões, para uma Niterói a serviço da classe trabalhadora e da juventude pobre.