Projeto sindical independente se fortalece na Pirelli, Contitech e IMPRO, com a Liga Sindical dos Trabalhadores Mexicanos

Por Francisco Retama

A Liga Sindical Obrera Mexicana tornou-se uma das organizações sindicais mais dinâmicas de nosso país. Em menos de dois anos, ela passou a representar mais de 4.300 trabalhadores industriais que trabalham para empresas multinacionais que violaram os direitos trabalhistas por muitos anos.

Já conseguiu façanhas como o da Goodyear, onde obteve a aplicação da Lei de Contrato da Indústria de Celulose, o pagamento de uma indenização de US$ 4,2 milhões por benefícios não pagos, bem como um voto de mais de 90% a favor de se tornar a nova representação sindical nessa empresa localizada em San Luis Potosí.

Também conseguiu a reintegração de representantes sindicais que foram demitidos por motivos antissindicais, contando com o Mecanismo de Trabalho de Resposta Rápida do TEMEC, mas, acima de tudo, graças à resistência digna desses jovens lutadores sindicais, que decidiram não ceder à repressão corporativa.

Essas conquistas levaram ao fato de que, há alguns meses, grupos importantes de trabalhadores das empresas Pirelli, Contitech e IMPRO decidiram se juntar à Liga e convidar seus colegas a fazer o mesmo, a fim de iniciar processos legais para conquistar os direitos de negociação coletiva em suas empresas.

A Pirelli é a quinta maior fabricante de pneus do mundo. Sua fábrica no México emprega mais de 3.200 trabalhadores sindicalizados, e a representação sindical ainda é controlada pela corrupta Confederación de Trabajadores de México (CTM).

A falsa representação sindical na Pirelli impediu a aplicação da Lei de Contrato da Indústria de Celulose, negando os benefícios do contrato, que são muito superiores aos do contrato coletivo que lhes foi imposto dois anos antes de a empresa iniciar suas operações. Esse contrato coletivo é ilegal, pois a Lei Federal do Trabalho proíbe sua existência, já que a Lei de Contratos do setor está em vigor.
Por esse motivo, os trabalhadores decidiram formar a Liga e, com o apoio de organizações sindicais dos EUA, decidiram registrar uma reclamação no Mecanismo Trabalhista de Resposta Rápida, denunciando a não aplicação da Lei de Contratos, o que representa uma negação do direito à negociação coletiva autêntica.

Em questão de semanas, centenas de pessoas se juntaram à Liga e estão se aproximando de 50% do pessoal sindicalizado. Uma campanha pela propriedade da negociação coletiva está em andamento, levando a uma votação na qual a maioria das pessoas poderá votar livremente para se livrar do controle corrupto da CTM. Isso possibilitará que a verdadeira representação desafie a empresa a implementar a totalidade da Lei de Contratos.

A Contitech é uma empresa alemã de autopeças com cinco fábricas em San Luis Potosí. Em abril deste ano, a maioria dos trabalhadores das fábricas 1, 2 e 3 entrou em greve em protesto contra os pagamentos de lucros miseráveis, nos quais o sindicato CTM, que os representa de forma fraudulenta, foi cúmplice. Eles também bloquearam a importante Avenida Industrias por várias horas.

Imediatamente depois, entraram em contato com a Liga para se filiarem e iniciarem uma ação judicial pela posse do Acordo Coletivo de Trabalho. A empresa impediu que a Liga realizasse atividades para dar atenção a seus membros, que já são centenas na empresa. A empresa chegou a usar um grupo de criminosos contratados pela CTM para intimidar as pessoas que trabalham na fábrica. Mas todas essas tentativas falharam. As pessoas continuam a receber informações, a se unir e a aguardar a votação para remover a CTM da empresa.

A multinacional IMPRO tem sede em Hong Kong e fabrica peças de usinagem e fundição para o setor automotivo. Lá, outro sindicato da CTM detém a propriedade do acordo de negociação coletiva, como forma de impor salários baixos e condições de trabalho ruins. No final de 2023, um grupo de pessoas procurou a Liga para obter afiliação e treinamento para lutar pela representação sindical.

Ocorreram ações arbitrárias, contra as quais os companheiros afiliados da Liga protestaram, levando à demissão de seu principal líder. Imediatamente, uma nova queixa foi apresentada ao Mecanismo e o processo de organização e filiação à Liga se intensificou.

O resultado da reclamação foi a reintegração do representante, o que proporcionou um crescimento renovado da presença da Liga na empresa. Em breve, deverão estar reunidas as condições para que se passe à esfera judicial, exigindo a titularidade do acordo de negociação coletiva na empresa. Isso certamente resultará na recuperação dos direitos que lhes foram negados, para que possam aspirar à melhoria de suas condições de trabalho.

Essas são três novas e importantes batalhas que estão sendo travadas pela Liga e que devem atrair a maior atenção e solidariedade. Seu sucesso pode levar à duplicação da representação da Liga em questão de meses e ao seu fortalecimento para se posicionar como a referência que a classe trabalhadora precisa para lutar por seus direitos em cada vez mais estados da República.

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