Nearshoring, imperialismo e estratégia dos trabalhadores (II)
Como mencionamos na edição anterior, o México tem diferentes cenários para receber novos Investimentos Estrangeiros Diretos (novas empresas) que vão além dos anúncios de investimentos (que podem ser suspensos, como, por exemplo, aconteceu com a Tesla). Agora, em um cenário otimista, onde nosso país acaba recebendo um número considerável de novas fábricas; e/ou em um cenário pessimista, onde os investimentos vão para outras regiões.
O ponto essencial é que o governo mexicano ainda não elaborou uma estratégia adequada e apropriada para a classe trabalhadora como um todo; apesar das mudanças nas questões trabalhistas, o principal ponto de atração continuará sendo os baixos salários e o conflito trabalhista canalizado pelos mecanismos de resposta rápida trinacionais.
Entretanto, a resposta a isso terá de vir dos próprios trabalhadores. Vale a pena repetir ao cansaço, a classe trabalhadora mexicana é o motor da América do Norte, pelo menos do setor automotivo da região. Como as pesquisas já demonstraram, a estreita ligação entre o México e os EUA é impressionante. Agora, e diante de diferentes cenários.
É possível delinear, não apenas o vínculo com o sindicalismo norte-americano, que está ocorrendo timidamente entre as aproximações, por exemplo, que ocorreram este ano, por meio de comunicados, como foi o caso entre o UAW e alguns sindicatos automotivos mexicanos em processos de luta (como o SITAUDI).
Fundamentalmente, no conhecimento e no autorreconhecimento da cadeia de suprimentos e dos bens finais, que poderiam posicionar estrategicamente as paralisações e/ou greves nas fábricas para sabotagem, quando as demandas não forem atendidas. Esse reconhecimento permitiria que a classe trabalhadora mexicana nesses setores soubesse como, quando e quais benefícios são mais proveitosos, sem que seu conflito fosse gerenciado pelo Departamento do Trabalho dos EUA.
Na verdade, trata-se de manter os vínculos internacionais da luta sindical, mas, ao mesmo tempo, reconhecer que esses vínculos não devem e não podem ser os únicos a conseguir mudanças essenciais na estrutura das condições e dos direitos trabalhistas no México nesse setor.