28S: Fomos às ruas gritar pela legalização do aborto

Rana e Rosi Messias – Mulheres da CST-UIT-QI
No dia 28 de Setembro, dia de luta pela legalização do aborto na América Latina e no Caribe, ocorreram mobilizações em todo o país. Em São Paulo o Ato foi mais forte. A Frente Estadual Pela Legalização do Aborto convocou e construiu o ato, que vem atraindo cada vez mais ativistas. No vão do MASP, milhares ocuparam as ruas em luta pela vida das mulheres e pessoas que gestam. Em seguida saímos em passeata, com muitas palavras de ordem e intervenções de organizações, coletivos, movimento estudantil e de moradia, exigindo não apenas a legalização do aborto, mas a reabertura do Hospital Cachoeirinha, que segue fechado. Durante dois meses, ocorreram reuniões democráticas para se discutir a construção do ato, formato, finanças, além de atividades como panfletagens, rodas de conversa, cine-debate, etc.

A política de Boulos foi boicotar o ato do dia 28S

Chama atenção que pouco se viu as forças ligadas ao governo Lula nesta construção. Para além das tarefas eleitorais, esse elemento demonstra que esse tema não é confortável para a Frente Ampla, e por isso elas tendem a se ausentar. Lula já declarou ser contra o aborto. Boulos é favorável ao procedimento apenas nos casos previstos em lei. Mas por que tanto medo dessa discussão? A intenção política é nítida: não se desgastar com eleitores do centro e também da direita. A busca por votos a qualquer custo tem um preço: sacrifica o compromisso com as mulheres. Isso explica por que Boulos chamou uma atividade, para o mesmo dia e horário do ato do 28S, em outro ponto da cidade, num evidente boicote à pauta, e também se negou a assinar o manifesto por justiça reprodutiva, organizada pela Frente de SP.
No Rio de Janeiro ocorreram dois atos pela legalização do aborto. Nós, da CST/UIT-QI, UP,  Juntas, MRT, PSTU, Conlutas, Mulheres Olga Benário, Quilombo Raça e Classe e Pão e Rosas realizamos um ato combativo na Praça Mauá para marcar o dia de luta pela legalização do aborto. Infelizmente, houve uma divisão do Ato da legalização no Rio de Janeiro devido à política da Frente Estadual Rio que desrespeitou as reuniões abertas que vinham construindo o 28S e queriam impor um ato com falas apenas de parlamentares. Esperamos que as companheiras da Frente Rio possam refletir e que daqui para frente possamos organizar de forma ampla, unitária e democrática as atividades pela legalização do aborto.

E agora, o que fazer?

Após a vitória da mobilização do 28S, nós, da CST, acreditamos que não podemos parar! Se o movimento atende ao chamado da mobilização precisamos seguir convocando novas atividades. Temos outras duas datas importantes: o 20 e o 25 de novembro. A primeira data, Dia da Consciência Negra, é uma oportunidade para voltar às ruas, ligando o aborto com a luta contra o racismo. A segunda data, dia de luta pelo fim da violência machista, também deve ser vista como uma oportunidade para debater a violência que sofremos e como colocar fim a ela. E desde já propomos que é fundamental realizarmos balanços dos atos, pontuando as vitórias e as dificuldades e apontando novos calendários de atividades e mobilizações. Por isso propomos uma plenária nacional de todas as organizações que estão pela pauta da legalização do aborto. Infelizmente, na maioria dos estados os atos foram simbólicos. A responsabilidade desse fato recai sobre as forças do governo (PT, PSOL, PCdoB, MMM, etc) que esvaziaram a construção dos atos, se negando a apostar nas lutas das mulheres, já que isso colocaria em xeque os acordos do Governo com a Bancada Evangélica. Somente nossa mobilização independente dos governos pode arrancar vitórias. É na luta que a gente se encontra!

Mulheres da CST/UIT-QI realizaram plenária pela Legalização do Aborto!

Isis Reis – Mulheres da CST/UIT-QI
A Plenária Nacional da CST, realizada no dia 26/9, teve como tema a luta pela legalização do aborto. A plenária  contou com  as falas das candidatas a vereadoras da CST nas eleições (Bárbara – Rio, Lorena – SP, Andressa – BH e Jeane – Uberlândia) e da deputada argentina Mercedes Trimarchi, militante da campanha pelo aborto legal no seu país. Reunindo militantes e pessoas interessadas nessa pauta de diversas regiões, a plenária trouxe à tona a urgência de legalizar o aborto no país onde milhares de mulheres e pessoas que gestam, principalmente pobres e periféricas, continuam a morrer vítimas dos riscos da realização do aborto clandestino inseguro. Entre as falas, destacamos a avaliação do governo Lula-Alckmin, no qual muitas pessoas tinham expectativa de avanço na pauta das mulheres, mas que na realidade é expresso em falas como a do presidente Lula (que diz ser contra o aborto) e em políticas como o corte de verbas para a pasta das Mulheres, através do Arcabouço Fiscal. A CST reafirmou a necessidade de se fazer a luta nas ruas para conquistarmos o direito ao aborto legal, seguro e gratuito garantido pelo SUS, tal qual fizemos este ano no enfrentamento contra o PL 1904 (“PL da gravidez infantil”), que, com intensa mobilização nas ruas do Brasil, teve como vitória impedir o avanço desse projeto nefasto. Também foi trazido o exemplo das nossas irmãs argentinas, que, através de uma mobilização constante, com atos de rua massivos, conseguiram a conquista do aborto legal mesmo frente a um parlamento conservador. A plenária também propôs a convocação de plenárias nacionais com a participação de todo o movimento de mulheres para  continuarmos avançando na  luta pela legalização do  aborto. Convidamos você a se organizar com a CST e se juntar a nós nessa luta por educação sexual para decidir, contraceptivos para não engravidar e aborto legal, seguro e gratuito para não morrer!

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