O capitalismo nos leva à catástrofe – Mobilizar nas ruas por emergência climática, já!
por Eziel Duarte e Danilo Bianchi
O avanço da destruição do meio ambiente e as consequências dramáticas para a população pobre e trabalhadora devem seguir ocorrendo. 2024 começou com a tragédia climática das enchentes no Rio Grande do Sul e agora no segundo semestre é o fogo das queimadas que tem nos ameaçado. Infelizmente, novas consequências do desastre ambiental que está sendo produzido pelo capitalismo devem seguir ocorrendo e aprofundando o drama da população.
Até 13 de setembro de 2024, o Brasil registrou 180.137 focos de incêndio, o que representa 50,6% do total de queimadas na América do Sul. Este número é 108% maior do que o mesmo período de 2023, quando foram registrados 86.256 focos, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Os Estados da Amazônia lideram esse ranking, mas o sul e sudeste não ficam atrás. Os casos estão diretamente ligados ao avanço do agronegócio; os focos de incêndios e destruição se localizam na fronteira agrícola, área de expansão do agronegócio.
A Polícia Federal (PF) aponta que há indícios de ações coordenadas de queimadas, um novo dia do fogo. Em São Paulo foram presas duas pessoas acusadas de realizar ações de queimadas, a própria ministra do meio ambiente Marina Silva (Rede) teve que reconhecer tal fato.
Afeta o povo mais pobre
Esses casos geram muitos problemas de saúde, principalmente as síndromes respiratórias graves, que registram uma maior procura e, principalmente, uma preocupação não só com os efeitos de curto prazo, mas também de médio prazo na saúde das pessoas, segundo a ministra da saúde Nísia Trindade. A cidade de São Paulo conquistou o título de metrópole com a pior qualidade do ar do mundo na semana passada, de acordo com medição do site suíço IQAir, situação que se repetiu por alguns dias.
Com a chegada das chuvas, o contato entre a fuligem e a precipitação pode gerar essa “chuva preta”, que carrega sérios riscos. Situação registrada em Santa Catarina, mas que indica que pode ocorrer em outros estados das regiões Sul e Sudeste.
No inverso, a Amazônia enfrenta seca severa, afetando o transporte de pessoas e alimentos, além da impossibilidade de ser realizada a pesca e outras atividades econômicas base de comunidades ribeirinhas e indígenas, sendo a fome um produto real desse problema.
A política do governo Lula/Alckmin não resolve o problema
Infelizmente os governos, como o de Lula, defendem o meio ambiente apenas da boca para fora. A greve dos servidores ambientais questionou diversos pontos e denunciou a falta de pessoal; são apenas 700 servidores para tomar conta da Amazônia Legal, ou seja, 58,9% do território nacional, ficando sob responsabilidade de cada 1 (um/uma) uma área em média de 1.164 km². Outro questionamento que segue são os baixos investimentos nos órgãos federais de proteção e prevenção ambiental; o orçamento do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) previa R$ 3,6 bilhões para 2024, que representa 0,03% do PIB e R$700 milhões a menos comparando com 2023.
Enquanto isso, o governo segue beneficiando e privilegiando o agronegócio, que é um dos principais setores responsáveis pela destruição da natureza, pela expulsão de indígenas de suas terras e pela exploração à exaustão da mão de obra de trabalhadores rurais. Para o agronegócio, que é o grande inimigo do meio ambiente, o governo de Lula/Alckmin destinou cerca de R$400 bilhões do orçamento federal para o plano Safra. Um verdadeiro prêmio pela destruição promovida. Mostrando que o governo Lula é também responsável pelas tragédias e pelas consequências para a população pobre e trabalhadora.
A extrema direita negacionista oferece mais caos
Já os governos da extrema direita, que governam vários estados, como Tarcísio em São Paulo, nutrem uma postura abertamente negacionista e se esforçam para flexibilizar a legislação ambiental, como a entrega de terras 4 vezes maior do que a capital São Paulo, por meio da lei 17.557/2022, para os grandes responsáveis pelo desmatamento e queimadas. Essa política também fica evidente com a nefasta privatização da Sabesp, que entregou nas mãos dos capitalistas a responsabilidade de gerenciar os serviços de água e saneamento, tão essenciais para a população e ações de recuperação ambiental de rios, como o Tietê.
Bolsonaro, que já é conhecido por “passar a boiada”, deu declarações na semana que o povo brasileiro respirava fumaça, afirmando que “ele não faria concurso para os órgãos ambientais.
Enfrentar nas ruas os capitalistas e a catástrofe ambiental
A convocação de atos pelo país nos dias 20 e 22 de setembro mostram o caminho que devemos seguir. Só será possível frear a situação e conquistar as medidas emergenciais necessárias com luta nas ruas. Defendemos os seguintes pontos emergenciais:
- Emergência climática, já! Pela suspensão do pagamento da dívida e investir nos órgãos ambientais, na fiscalização e recuperação da fauna e flora.
- Punição para as empresas, empresários e fazendeiros envolvidos nos crimes ambientais. Expropriação das propriedades e empresas envolvidas, reforma agrária sob controle dos trabalhadores sem-terra.
- Demarcação das terras indígenas. Não ao Marco Temporal!
- Estatização das empresas de saneamento, água e energia, que sejam controladas pelos seus trabalhadores e pelo povo. Água e energia não são mercadoria!
Batalhando com esse programa, entendemos que a mudança de fundo é a construção de um Brasil e um mundo socialistas, que construa sob outras bases o modo de produção, que não seja baseada na busca pelo lucro de alguns e sim nas necessidades da classe trabalhadora e da juventude, respeitando o meio ambiente e os povos. Venha construir a CST como ferramenta para batalhar por esse futuro socialista!
Os servidores ambientais tinham razão!
Alguns meses atrás ocorreu a greve do setor ambiental (IBAMA, ICMBio, SFB e MMA). Nosso jornal apoiou esse legítimo movimento da classe trabalhadora e em defesa do meio ambiente.
Em nossa edição 187 do Combate Socialista entrevistamos lideranças dessa categoria do RJ e do PA. Eles relataram a importância de suas atividades na execução da política nacional do meio ambiente na fiscalização contra os crimes ambientais (garimpo, desmatamento, tráfico de animais, grilagem de terras, invasões aos territórios indígenas, pesca ilegal, etc.) e no combate aos incêndios florestais. Bem como na gestão de emergências ambientais (como os crimes da mineração em Mariana, Brumadinho, as enchentes no Rio Grande do Sul e as estiagens no Norte), trabalhando no resgate e reabilitação de animais silvestres para devolução à natureza, dentre outras atribuições fundamentais.
Os servidores ambientais cumprem uma função estratégica em tempos de catástrofe climática. Mesmo assim os grevistas informavam as péssimas condições de trabalho, nenhum suporte para enfrentar as ameaças do agronegócio e dos infratores, bem como a defasagem salarial e em sua carreira.
O governo Lula criminalizou a greve do setor ambiental, na contramão do seu discurso “verde” e de seu passado de ex-sindicalista, como o fez outras vezes nos governos anteriores do PT (e como o faz agora na heroica greve do INSS). A frente ampla, por sua conciliação de classes com as multinacionais do campo, as empresas agropecuárias, as mineradoras, bem como seu pacto de governabilidade conservador com o agronegócio, abandona os interessas da classe trabalhadora e não defende o meio ambiente.
Por isso, nós, da CST, e nossas candidatadas socialistas e revolucionárias (Bárbara Sinedino, Lorena Fernandes, Andressa Rocha e Jeane Carla) defendemos uma esquerda independente, sem patrões e sem conchavos com a direita e setores ultrarreacionários. Uma esquerda que se mantem nos piquetes das greves, sem arrego. Estamos construindo a jornada nacional de atos ambientais em setembro, propondo a continuidade dessa luta no mês de outubro, e mantendo a defesa dos servidores e dos serviços ambientais federais, estaduais e municipais. Pedimos o seu voto na esquerda independente e para seguir lutando por essas reivindicações e deter o avanço da catástrofe climática.