Boulos nomeia ex-comandante da ROTA para equipe de campanha

Por Diego Vitello – Coordenação Nacional da CST e Lorena Fernandes – Pré-candidata a vereadora e professora estadual

Nas últimas semanas, causou espanto em muitas pessoas o anúncio do Coronel Alexandre Gasparian, ex-comandante da ROTA em São Paulo, como “consultor de segurança” da campanha de Guilherme Boulos, do PSOL. Muitos colegas de trabalho se perguntam: por que um candidato de esquerda, vindo do movimento social, está colocando um coronel que comandou a tropa mais assassina da PM para formular seu programa de segurança pública? Com esse texto, queremos contribuir ao debate sobre o papel das forças de segurança atualmente no estado de SP e sobre os rumos da campanha de Boulos.

ROTA, a Tropa de Elite da PM de SP

A ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) é conhecida como a Tropa de Elite da PM em São Paulo. Ao longo da história, esteve envolvida em assassinatos durante a ditadura militar, atuando na repressão à guerrilha comandada por Carlos Lamarca. Também comandou o massacre do Carandiru em 1992. O seu batalhão, ano após ano, é o que mais deixa vítimas letais pelo caminho. Além de letal, a ROTA ficou conhecida por técnicas brutais de tortura contra presos políticos e comuns.

A ROTA também participa ativamente do crescimento exponencial da violência policial em SP. No primeiro trimestre de 2024, a PM paulista matou 179 pessoas, um crescimento de 138% em relação ao primeiro trimestre de 2023. Esse crescimento tem relação direta com a política de extermínio do governador de extrema direita Tarcísio de Freitas (Republicanos) contra a população pobre e negra.

O caminho da conciliação de classes da campanha de Boulos (PSOL)

Nos últimos meses, através de diversos textos publicados no jornal Combate Socialista, nós da CST temos alertado sobre os rumos da campanha da frente ampla em São Paulo. Há poucos meses, em mais um giro político oportunista na sua história, foi Marta Suplicy que saiu da secretaria de Ricardo Nunes direto para a campanha de Boulos, se refiliando ao PT. Marta, há poucos anos, enquanto era senadora, votou a favor da Reforma Trabalhista. Ao colocar Marta no posto de vice de Boulos, a campanha do PSOL busca dar um recado de moderação à Faria Lima e ao conjunto da burguesia.

Aprofundando esse caminho, Boulos nomeou Gasparian para sua equipe de campanha. A imprensa burguesa noticiou essa movimentação como sendo uma tentativa de aproximação de Boulos com as forças policiais. O problema central é que nada de bom para a segurança pública pode vir das mãos de um ex-comandante da ROTA.

A única saída possível para a segurança pública: políticas sociais e fim da PM

De fato, o que está na raiz dos problemas de segurança pública em São Paulo e no país é a miséria, o desemprego e a falta de perspectiva para milhões de jovens brasileiros. Fruto de uma política capitalista que aumenta cada vez mais os lucros dos banqueiros e grandes empresários, as mazelas sociais brasileiras crescem e, com elas, a violência urbana.

Somente invertendo o jogo é possível pôr fim à violência urbana. Ao invés de beneficiar somente banqueiros e grandes empresários, é preciso que o povo trabalhador seja de fato o beneficiado pela riqueza que o país produz. Com educação, saúde, moradia de qualidade, pleno emprego e salários dignos para todos, podemos acabar com a violência que assola os grandes centros urbanos no Brasil. Além disso, é preciso pôr fim à PM, criando uma polícia controlada pelo povo trabalhador, para garantir a segurança em cada bairro.

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