Entrevista com Altino Prazeres (PSTU)
“Nós não apoiamos Boulos nem a Frente Ampla do Lula porque eles se aliam com setores ligados a grandes empresas e à patronal”
A CST em São Paulo não apoia e nem integra a frente ampla de Boulos/Martha e nem faz campanha para seus deputados ou vereadores. Lançamos a pré-candidatura da professora Lorena Fernandes para batalhar por uma esquerda independente dos patrões e dos governos capitalistas e sem pactos com Lira ou Tarcísio. Defendemos um programa socialista revolucionário para lutar contra o arcabouço fiscal, o pagamento da dívida e para esmagar nas ruas a extrema direita bolsonarista e combater até o final a campanha do atual prefeito Ricardo Nunes. Por isso apoiamos a pré-campanha do metroviário Altino Prazeres do PSTU, lutador grevista inúmeras vezes perseguido pelos governos estaduais de Alckmin e Tarcísio.
Na pré-campanha de Altino, além da CST, encontram-se também outras organizações de esquerda como os camaradas do MRT e do SoB, além de lutadores sociais independentes.
A CST integra a batalha eleitoral contra a extrema direita, contra os partidos patronais e sem qualquer e as alianças com os patrões. Para colocar a cidade de SP a serviço da classe trabalhadora.
Confira abaixo a entrevista que o jornal COMBATE SOCIALISTA realizou com Altino Prazeres, após a reunião da coordenação nacional da CSP-CONLUTAS.
Combate Socialista: Por que você não apoia Boulos e a frente ampla de Lula?
Altino Prazeres: “Nós não apoiamos a campanha do Boulos nem a Frente Ampla do Lula exatamente porque eles acabaram se aliando com setores ligados a grandes empresas e à patronal, por exemplo, Lula junto com o (Geraldo) Alckmin, mas também o Boulos que se juntou com a Marta (Suplicy), procurou um dos ex-comandantes da ROTA pra assessorar no seu programa de segurança (pública), mas também porque o projeto do PSOL e PT, junto com outros partidos, é governar para a Faria Lima, pra governar pra burguesia, pra governar pros grandes empresários, então nós não temos acordo com esse projeto. Nós queremos defender um projeto que defenda os trabalhadores, os desempregados, a maioria da população, e não governar pros ricos, ou achar que pode governar pros trabalhadores governando para os ricos também. Ou você governa para o interesse dos grandes empresários, ou você governa para o interesse da grande maioria da população, que são os trabalhadores. E é um desserviço para os socialistas, para aqueles que querem uma mudança social, porque faz com que os trabalhadores acreditem que junto com os empresários, junto com a burguesia, você vai resolver seus problemas, e isso não ocorre. Não ocorreu com o governo Lula, que não acabou com o Arcabouço Fiscal, não acabou com os processos de privatização, como, por exemplo, o metrô de Belo Horizonte, que acabou sendo privatizado em março de 2023. E o projeto de Boulos acaba sendo também um projeto de aliança, de conciliação de classe, que acaba sendo um desserviço porque acaba iludindo a classe trabalhadora (a acreditar) que junto com os patrões e grandes empresários podemos resolver nossos problemas.
CS: Qual o programa para São Paulo?
AP: O nosso programa pra São Paulo vai enfrentar os grandes bilionários, vai enfrentar a riqueza das grandes empresas e das multinacionais. Esse é o nosso projeto. Então quando a gente fala que “não vamos governar para todos, nós vamos governar para a maioria”, ou seja não vamos governar para os ricos também, nós vamos governar para os trabalhadores, para os desempregados, para a maioria da população, não para os grandes empresários. Então, nesse sentido, o programa do PSTU, por exemplo, em relação ao transporte, é tarifa zero todos os dias, inclusive fazemos o desafio para todas as candidaturas se vão defender a tarifa zero, e também nosso projeto é re-estatizar todas as empresas de transportes aqui de São Paulo, dos ônibus, além de taxar as grades fortunas. Outro ponto do projeto é acabar com todas as privatizações nas escolas e na saúde, através dessas OSs, e fazemos outro desafio às demais candidaturas: se elas vão garantir a luta pelo Despejo Zero. A gente quer que todos os moradores de São Paulo que estejam em seus territórios sejam garantidos os seus territórios, e aos que moram em áreas de alto risco, que primeiro a gente garanta a nova moradia para essas pessoas antes de retirá-las. Muitas vezes, pessoas são tiradas de suas casas, recebem uma promessa de que outra moradia será arrumada, e as pessoas ficam na rua e são forçadas a voltar para os mesmos locais de onde saíram. Por isso estamos fazendo esse desafio pra candidatura do Boulos, pras outras candidaturas que se comprometem com o Despejo Zero: que nenhum morador da cidade de São Paulo será despejado do seu local a não ser que se garanta antecipadamente uma moradia para onde se possa ir. Nesse sentido, nosso projeto também é desapropriar, para fim de moradia popular, prédios e residências ociosas que estejam sendo usados apenas para especulação imobiliária.
CS: Deixe um recado para a nossa militância.
AP: Um recado para a militância da CST e demais companheiros que estão nos ajudando nesse processo eleitoral, é que temos uma obrigação, mas também uma oportunidade muito grande, de defender uma candidatura socialista, uma candidatura revolucionária, na cidade de São Paulo, a maior cidade da América Latina, contra as alternativas patronais e burguesas, contra a ultra direita que inclusive ameaça cortar as poucas liberdades democráticas que temos sob o regime democrático burguês, e lutar contra as outras alternativas que acabam fazendo a conciliação de classes. Então, uma oportunidade muito grande, que sabemos que será muito difícil por causa da polarização, mas que também será uma oportunidade de apresentar essa alternativa socialista revolucionária na cidade de São Paulo. Contamos com os companheiros da CST, e podemos fazer uma grande campanha em defesa desse proje