GREVE DAS FEDERAIS: ERA POSSÍVEL ARRANCAR MAIS!
Por Combate Sindical
A heroica greve da educação federal enfrentou a política econômica do governo Lula-Alckmin e arrancou algumas conquistas para a categoria. Porém, esse processo foi interrompido pelo desmonte promovido pelas direções sindicais.
A poderosa greve da educação federal foi um dos principais fatos da luta de classes no país durante este 1º semestre, paralisando atividades em 66 universidades e mais de 500 Institutos federais. Puxada pelos TAEs das universidades que entraram em greve em 11 de março, seguidos pelos docentes e depois pelos IFs, a greve da Educação Federal se enfrentou com o governo Lula-Alckmin e sua política econômica, exigindo reposição salarial, reestruturação da carreira e recomposição do orçamento das universidades. Infelizmente, num momento em que a greve seguia forte e colocando o governo na parede, as direções majoritárias do ANDES, SINASEFE e FASUBRA optaram por uma linha de desmonte.
A GREVE QUESTIONOU A POLÍTICA ECONÔMICA DO GOVERNO
A greve se deu frente à frustração da categoria diante da política do governo Lula para a Educação. Diferente de seu discurso de valorização do serviço público, Lula priorizou o ajuste fiscal, aplicando uma política de reajuste zero em 2024 e se negando a atender as pautas protocoladas pela categoria. Essa postura é consequência direta do Arcabouço Fiscal e de seu projeto de conciliação de classes, que leva, mais cedo ou mais tarde, os governos “de esquerda” a traírem as pautas pelas quais se elegeram, a retirar direitos e a se tornarem cada vez mais parecidos com governos de direita, porque governam aliados a esses setores burgueses.
Foi por isso que, durante toda a greve, o que vimos foi uma postura de enrolação, para tentar vencer a categoria pelo cansaço, e de ultimatos do governo, que dizia a toda reunião que as negociações estavam encerradas (no final de 2023, antes da greve o governo já declarava que não haveria mais alterações em sua proposta de reajuste). Além disso, em maio o governo tentou encerrar na marra a greve docente assinando um acordo com o PROIFES, postura que foi repudiada e derrotada pela base dos docentes em greve, obrigando o governo a novas negociações.
ERA POSSÍVEL ARRANCAR MAIS, MAS DIREÇÕES OPTARAM PELO DESMONTE
A greve obrigou, a cada reunião que existiu, que o governo apresentasse uma nova proposta, arrancou mais 5% de reajuste em relação à proposta inicial do governo e conseguiu algumas alterações na carreira que impactam no salário e alterações nos incentivos. Também obrigou o governo a anunciar mais verbas para as universidades e colocar pautas como a questão das 30h em discussão.
Com toda a força que tinha a greve, acreditamos que era possível arrancar muito mais e obrigar o governo a responder agora às pautas para os quais ele criou grupos de trabalho, pois sabemos que, apesar de importantes, todas as conquistas ainda são insuficientes frente às perdas salariais da categoria.
No entanto, na última rodada de reuniões (em que o Lula, na reunião com os reitores, cobrou que os dirigentes sindicais tivessem “coragem” de acabar com a greve), uma operação de desmonte se pôs em andamento, com o discurso de que a greve chegou no seu limite. Primeiro e de forma mais rápida, no ANDES e no SINASEFE, e, posteriormente, na FASUBRA.
CUT e CTB cumpriram o papel aberto e declarado de propor a aceitação da proposta e fim da greve. Na FASUBRA, desde o início da greve, a UNIR e o campo cutista atuaram boicotando atividades unificadas e os dias Nacionais de Luta. Tiveram postura digna de representantes do governo dentro das mesas de negociação, algo que foi amplamente repudiado pelos TAEs.
Por outro lado, o grupo Travessia (Resistência/PSOL) e TNL, apesar de se colocarem como setores que criticam o governo, também atuaram pelo fim da greve sob o argumento de que esta já tinha chegado ao seu limite ou que já tinha conquistado uma vitória “épica”. Na base do SINASEFE e do ANDES, os mesmos grupos ligados à Travessia, TAEs na Luta, PCB e outras correntes do PSOL, votaram diretamente pelo fim da greve e aceite da proposta do governo.
Todo esse movimento é o que explica o rápido desmonte da greve, num momento em que a greve seguia forte e vínhamos impondo sucessivos recuos ao governo.
Seguir mobilizados/as e organizados/as. Construa a COMBATE SINDICAL!
É preciso seguirmos organizados e mobilizados, pois há muitas lutas pela frente. Todas as questões relativas, encaminhadas para grupos de trabalho no acordo, ainda não estão garantidas e podem sofrer distorções. É preciso seguir em mobilização permanente. Além disso, é preciso construir um sindicalismo independente dos governos e reitorias e que confie na mobilização para arrancar nossas conquistas.
Às companheiras e aos companheiros que concordam com essa posição, te convidamos a militar conosco na Combate e ajudar a construir esse tipo de sindicalismo em cada local de trabalho, para que estejamos mais fortalecidos para as batalhas que virão.
Confira em nosso site o balanço completo da greve.