Arquivar o PL1904! Fora Lira! | Combate Socialista No.186
Seguir o exemplo das mulheres
Chegamos à metade do ano, com mais uma edição do Combate Socialista. A luta continua. O projeto de lei dos estupradores, que ataca os direitos duramente conquistados, foi questionado nas ruas, numa jornada nacional feminista. A mulherada, novamente, mostrou como se faz e é um exemplo a ser seguido.
Confiar nas próprias forças, nas ruas
O PL 1904/24, de autoria do deputado federal bolsonarista Sóstenes Cavalcante (PL), apoiada por Arthur Lira e o centrão ultrarreacionário, é um brutal ataque. Diante desse cenário complexo, as mulheres não ficaram esperando acordos de cúpula ou negociatas no Congresso Nacional. Apostaram em suas próprias forças e auto-organização e marcharam nas ruas. Foram as manifestações de rua que fizeram Arthur Lira, o centrão e a extrema direita recuar. É um avanço parcial e precisamos dar continuidade à luta até arquivar o PL 1904, baseada na força expressa nas passeatas. Mais do que nunca, temos que gritar o Fora Lira!
Enfrentar a extrema direita nas ruas
A mobilização das mulheres foi uma demonstração de que há disposição de luta, possibilidade de enfrentar os reacionários nas ruas e ganhar apoio popular. Há pesquisas que demostram rechaço ao PL até entre setores católicos e evangélicos. Ao mesmo tempo, é uma demonstração de que se pode apostar na ação direta contra a extrema direita, contrariando o discurso que não aposta na ação direta nas ruas por parte do PT e PCdoB. A única força eficaz contra a extrema direita é a mobilização operária e popular. Por isso, exigimos que CUT, CTB, UNE, UBES e MTST convoquem plenárias para debater a continuidade da luta pelo arquivamento do PL 1904, pelo Fora Lira e pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito
Lutar pela vida das mulheres
Além da luta imediata pelo arquivamento do PL 1904 e pelo Fora Lira, é preciso construir uma saída profunda: barrar a cultura do estupro, os abusos sexuais contra mulheres e crianças e defender a vida das mulheres. As mulheres socialistas e revolucionárias da CST, mulheres da Combate Sindical e feministas da juventude Vamos à Luta defendem a revogação do NEM e uma educação sexual nas escolas para decidir, garantia de contraceptivos para evitar a gravidez e mais verbas para garantir o aborto legal, seguro e gratuito no SUS para não morrer. Verbas paras as reivindicações feministas e não para o pagamento da dívida, agronegócio e militares golpistas. Taxar os bilionários e as multinacionais para garantir recursos para abrigos para as mulheres e crianças violentadas.
O governo Lula/Alckmin e a luta contra a extrema direita
O fato é que o governo Lula/Alckmin, no qual as mulheres votaram massivamente contra Bolsonaro, não é consequente contra a extrema direita e os ultrarreacionários do Congresso. Primeiro porque Lira se elegeu com apoio do governo Lula e da maioria da frente ampla (votos do PT, PCdoB e PSB), junto com o PL de Bolsonaro. Segundo porque o governo deixou passar a proposta do PL 1904, sendo que o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), chegou a liberar a bancada na votação de urgência do PL. Depois o Governo ainda fez um acordo para que a votação fosse secreta, permitindo, assim, a aprovação da urgência da votação (ver www.cstuit.com). Além disso, Lula e seu governo são abertamente contra a legalização do aborto, o que abre mais espaço para a política da extrema direita no país.
A greve das federais conquista avanços, mas aquém do possível
No momento em que as mulheres ocupavam as ruas, as direções lulistas da FASUBRA, SINASEFE e ANDES-SN desmontavam a greve da educação federal. A greve arrancou avanços nas negociações. A base deu o melhor de si e garantiu esses avanços (ver página ao lado). Mas ficou aquém do possível pelo papel desmobilizador das direções lulistas, atreladas ao governo da frente ampla. As direções governistas são responsáveis por assinar um acordo com congelamento salarial em 2024. Mais do que nunca, é necessário construir uma nova direção democrática e de luta para a FASUBRA, SINASEFE e ANDES-SN.
Construir as pré-campanhas da esquerda independente
Além das lutas, temos de seguir a pré-campanha da esquerda independente. Diante do cenário eleitoral, a frente ampla busca mais acordos com a direita e setores patronais, como é o caso de Boulos em SP. Quer vencer a qualquer custo e abandona pautas centrais para a esquerda. Um exemplo é a deputada Maria do Rosário, do PT, que integra junto com Lira a mesa diretora da Câmara. Ela nem sequer defende a descriminalização do aborto.
As pré-candidatas socialistas e revolucionárias da CST estão construindo os atos das mulheres e defendem um programa feminista nas ruas e nas eleições. Do mesmo modo como estiveram no apoio ativo à greve da educação federal até o final. Uma pré-campanha que defende um governo da classe trabalhadora, sem patrões, e um Brasil socialista. Estamos apoiando as pré-candidaturas do PSTU para as prefeituras. Some seu apoio! Venha com a esquerda independente!