A Liga Operária retorna clandestinamente ao Brasil (PARTE II)
2-A Liga Operária retorna clandestinamente no Brasil (PARTE II)
(está é a segunda parte do Especial de comemoração dos Cinquenta anos da Liga Operária)
Na primeira parte deste artigo vimos os antecedentes da fundação da Liga Operária. Agora vamos tratar de sua chegada e implantação no Brasil.
Após a passagem pelo Chile, os grupos Ponto de Partida[i] se dispersaram. Alguns deles se deslocam para um novo exílio na Argentina. Longe de abandonar a luta, eles elaboram um plano de retorno ao Brasil para lutar pela derrubada da ditadura. Para isso fundaram a Liga Operária em fins de 1973, com o auxílio dos camaradas Argentinos do PST, preparando a volta clandestina para o Brasil. Na bagagem trazem edições do jornal Independência Operária. Começam a atuar no movimento estudantil, preparando um giro posterior ao movimento operário. Vejamos o relato de Waldo Mermelstein[ii], outro fundador da Liga Operária:
“A Liga Operária foi fundada em Buenos Aires no final de 1973, por 4 militantes brasileiros que haviam estado no Chile durante o governo da Unidade Popular, com o apoio e solidariedade política do Partido Socialista dos Trabalhadores da Argentina. Três deles já tinham vínculos orgânicos com o trotskismo, em particular com a corrente animada por Nahuel Moreno. Eram Jorge Pinheiro, Maria José (ou simplesmente Zezé), e Valderez Duarte[iii]. Os dois primeiros eram mais experientes e foram os principais condutores políticos e organizativos do grupo até 1979. Eu me juntei a eles em Buenos Aires, tinha pouca experiência política, havia tido a sorte de ir ao Chile estudar e participar do processo da Unidade Popular, militando no Movimento de Esquerda Revolucionário”[iv].
Em janeiro de 1974 a Liga Operária elabora um documento profundo denominado “Pela unificação dos revolucionários marxistas brasileiros”, um projeto de programa para sua atuação. O objetivo é unir revolucionários e revolucionárias. Afirma-se que “A principal tarefa da esquerda revolucionária hoje em dia – em relação ao Brasil – é a formação de um partido operário revolucionário”. Em seguida que “depois das experiências trágicas do reformismo em 1964 e das desviações ultra-esquerdistas a partir de 1968, principalmente; já é hora de transformar as ‘autocriticas’ e ‘balanços ideológicos’ em um programa concreto, de ligação com a classe operária e o movimento de massas”. A Liga Operária reivindica a experiência passada no Chile e as relações com outros grupos revolucionários brasileiros trotskistas afirmando:
“Neste projeto de programa reivindicamos a experiência passada dos grupos Ponto de Partida e Ponto de Partida – tendência socialista, além do aporte de militantes brasileiros que apesar da repressão mantiveram durante esses anos seu trabalho junto a classe operária”.
A batalha pela “unificação dos revolucionários” era muito concreta. Há tempos Moreno e seus camaradas mantinham contatos com organizações brasileiras e tentavam estruturar uma corrente trotskista ortodoxa aqui. A primeira tentativa foi nos anos 1950, na luta contra a ala majoritária da internacional, representada na américa latina por J Posadas. Ocorreu uma aproximação e atuação em comum com o PSR[v] de Herminio Sacchetta [vi] (dirigente do PCB que adere ao trotskismo). Porém Herminio Sacchetta abandona a IV e o PSR se extingue[vii]. O “trotskismo” passa a ser “representado” no Brasil pelos seguidores de Posadas que criam o POR (Partido Operário Revolucionário). Este partido posadista aplica a linha majoritária e se dilui no brizolismo e stalinismo, o que causa crises e rupturas. Desde 1971, pelo menos, a corrente morenista contactava grupos trotskistas no Brasil oriundos desses rachas. A revista da América, em seu número 8/9 de maio de 1972 publicou uma “reportagem sobre Brasil” e informa que o jornal A Verdade da corrente morenista na Argentina:
“Entrevistou no ano passado no Brasil a companheiros trotskistas, pertencentes a Organização Comunista 1° de maio e a Fração Bolchevique Trotskista (racha do posadismo) que se colocam a tarefa de construir um Partido Operário Revolucionário. A entrevista foi publicada nos números 292 e 293 do semanário”
A mesma edição da Revista da América publica uma longa carta de Nahuel Moreno aos trotskistas brasileiros. Elas estavam dialogando com organizações trotskistas latino-americanas como o POR Boliviano liderados por Lora. Tal carta ficou conhecida como “Lora Renega o trotskismo”. Aí, dentre outras coisas, Moreno diz:
“Camarada: Estou certo de que esta é uma encruzilhada decisiva para o trotskismo brasileiro. De um lado estão Lora e Política Obrera assegurando que com partidos e personagens burgueses, pequeno-burgueses, reformistas e ultra-esquerdistas é possível “tomar o poder e construir o socialismo”. Do outro lado estamos nós, que pensamos que só com organizações trotskistas ortodoxas se pode “tomar o poder e construir o socialismo”. Do outro lado estão os loristas que pensam que todas as organizações da esquerda boliviana se tornaram “revolucionárias” e “marxistas”. Deste lado estamos nós, que acreditamos que nenhuma destas organizações se tornou marxista ou revolucionária, mantendo a análise trotskista de que são reformistas ou ultra-esquerdistas. Deste lado estão os revisionistas que querem casar para sempre com o general Torres, o Partido Comunista Estalinista e Lechin. Deste lado estamos nós, defendendo o programa do trotskismo ortodoxo. Na esperança de que saibam estar à altura da ocasião, despeço-me com saudações trotskistas ortodoxas”.
A luta era dura. Mas agora com a presença de um grupo militando diretamente no país, a batalha poderia se dar diretamente no território. Segundo Waldo essa batalha não foi em vão. Mais à frente ocorreu uma “unificação com um pequeno grupo de companheiros da Fração Bolchevique Trotskista, que tinham ligação com a corrente desde 1971 e tinham estado presos, o Júlio Tavares e o Arnaldo Schreiner”.
Além de propor a unidade de revolucionários e revolucionárias, o documento “Pela unificação dos revolucionários marxistas brasileiros” também analisa o ascenso mundial desde o maio de 1968 na Europa e localiza o caráter “desigual e combinado” de ascensos e golpes na América latina. A liga operária cita processos de reorganização operária através da COB na Bolívia e da CNT no Uruguai. É visível que para esse marco mundial foi central a vinculação a corrente Morenista e o PST Argentino, com os quais Liga Operária se formou[viii].
Em uma organização revolucionária um documento como esse é de fundamental importância pela avaliação, orientação e tarefas. Seguramente ela foi um ponto importante para a armação política e da construção da Liga no Brasil. E uma das tarefas era editar um jornal, a Independência Operária. Sobre esse aspecto voltamos ao relato de Waldo. Ele nos diz que:
“No início 1974, ainda em Buenos Aires, iniciamos a publicação e difusão para o Brasil do jornal Independência Operária. O primeiro número entrou clandestinamente no país. A conclusão política do grupo era a de que após os anos de retrocesso, havia sinais de reanimação no movimento de massas do país. A ditadura sabia que teria que implementar medidas de descompressão controlada para evitar uma radicalização social e a euforia do milagre econômico havia terminado, fazendo com que a classe média começasse a passar à oposição ao regime. Vimos que havia espaços que se abriam e resolvemos voltar ao país… Três cariocas e um gaúcho vieram a São Paulo, por ser o centro do país, para aproveitar o processo de efervescência que começava a ocorrer entre a vanguarda dos estudantes e a reconstrução de suas organizações. A opção foi ditada por sermos um pequeno núcleo fundador, que não podia dispersar suas forças, sob pena de não conseguir se implantar em nenhum lugar” (idem).
Por fim, com o avanço e implantação da organização “O Independência Operária garantia a coerência política do grupo, sendo impresso inicialmente em um mimeografo a álcool na periferia de São Paulo”. Sem dúvida o nível de organização que permite editar um jornal periódico clandestino, como organizador Leninista do partido, por si só já demonstra um avanço da organização. A seguir vamos abordar algumas das edições do jornal Independência Operária.
2.1- O jornal Independência operária
Em fevereiro de 1974 aparece o primeiro número do jornal Independência Operária. São 8 páginas. Tem como lema em sua capa “pela unificação dos revolucionários brasileiros”. Além disso, a imagem de um operário com as frases “Abaixo a ditadura” e “Companheiro, lute por um governo operário e popular”.
O jornal explica seus objetivos logo na capa:
“Independência Operária surge como uma tentativa de unificar as forças operárias e revolucionárias para a construção do socialismo no Brasil. Nossa primeira tarefa será a de informar aos companheiros a situação do movimento operário, ao mesmo tempo que procurará participar nesse movimento. A nossa luta é a luta de todos os trabalhadores contra a ditadura e pela democracia operária”.
Na página 2 há um artigo tratando da “Perspectiva do governo Geisel”. Se avalia a luta de classes, caracterizando que depois do período de refluxo “onde a classe operária brasileira se mostrou enfraquecida e cética frente ao problema crucial de sua unidade” começa a se transitar para uma nova conjuntura ou situação. E afirma-se que “Em 1973 esse estado de ânimo começava a mudar. As semi-vitórias da Volkswagem, da General Motors, da FIAT, e inclusive a derrota dos portuários de Paranaguá testemunham que a vanguarda operária uma vez mais está disposta a luta pelos seus direitos”. A Liga Operária define que o governo Geisel tentaria garantir um equilíbrio entre as várias forças burguesa e imperialistas que sustentavam a ditadura. Assim definem que é o “momento de unir forças no movimento operário para impulsionar as lutas e mobilizações contra a exploração”. Propõe uma ampla unidade de ação e “uma frente que impulsione a luta pelas liberdades democráticas, a luta por melhores salários, a luta dos camponeses pela terra”. Definem o caráter das tarefas de forma transicional da seguinte forma:
“sabemos que as liberdades democráticas não serão suficientes para terminar com o desemprego, a fome, a falta de direção da sociedade. Para que esses problemas sejam solucionados é preciso que os companheiros operários estejam no poder. E para isso se requer um partido capaz de fazer entender a classe qual o seu posto de combate, É preciso que todos os companheiros que tenham claro este ponto, desde agora nos unamos ferreamente e que nos fortaleçamos na luta cotidiana e heroica da classe operária e outros setores explorados”.
No mesmo sentido é a conclusão do artigo das páginas centrais do jornal que trata da “a nova ascensão do movimento operário”. Há uma diferenciação com as forças guerrilheiras, a denúncia das posições reformistas, apontando a estratégia de construir o partido “que levará a classe operária e todos os explorados ao poder”. Por fim a edição trata ainda da história do movimento operário brasileiro posto que a ditadura militar de 1964 visava apagar essa memória e tradição de lutas da classe trabalhadora. Na contracapa há “poster” com a logo do jornal e o chamado a “ler e distribuir este jornal”
A segunda edição do jornal Independência operária chega no mês de março, novamente de 8 páginas. Na capa o chamado central era “abaixo a ditadura, fim do arrocho salarial, recuperemos o direito de greve”. E o seguinte chamado “independência operária chama aos trabalhadores, estudantes, e todos que estão contra a ditadura militar a lutar pela recuperação das liberdades democráticas. Somente a organização e mobilização da classe operaria derrubará definitivamente o governo militar”.
No artigo “esse ministério a quem serve”, num estilo de editorial, há uma extensa explicação de porque não se podia ter nenhuma confiança no ministério de Geisel e a lutar de forma independente. Já as páginas centrais orientam lutar “pelo aumento de salário” enquanto “os patrões se dividem”. Há uma delimitação sobre a unidade de ação com os representantes da burguesia liberal expressa no MDB. O jornal afirma “nós não confiamos nos senadores Franco Montoro e Ulisses Guimarães” demarcando os campos da luta política. Mas ao mesmo tempo diz que se dispõe a unidade de ação, pela necessidade da luta imediata contra a ditadura e para se vincular com a base operária e popular que seguiu as lideranças do MDB. Para isso a Liga Operária exemplificava uma ação conjunta, sem sectarismo, ao redor da proposta que o MDB fazia sobre a liberdade sindical, colocando que “nisso podemos trabalhar juntos”. Mas depois de confluir nesse ponto – importante – a Liga Operária afirmava que era necessário lutar por:
“aumentos salariais e escala móvel de salários, senão os patrões aumentam os preços e o salário não servirá para nada. Vamos lutar pelo direito de greve, a única arma que temos para defender nossas conquistas. Se os senadores do MDB quiseram lutar junto conosco por isso muito bem. Senão seguimos separados”.
Nota-se aí um esforço de penetrar no movimento de massas e alcançar audiência na classe operária. No âmbito da propaganda o Jornal manteve o tema da história do movimento operário, dessa vez tratando da greve geral de 1917. Já a Contracapa do jornal destacava o movimento estudantil, um dos setores de implantação da Liga Operária. Lá se diz que
“O movimento estudantil de São Paulo tem como principal eixo de mobilização o Campus da USP. A tentativa de implantação da reforma que introduziria o ensino pago e levava a integração da universidade-empresa privada, fez com que os estudantes se reorganizassem e revitalizassem seus organismos para resistir a essa medida”. Organizados por turma e por curso e em nível geral num “Conselho de Centros Acadêmicos”.
Esse organismo surgiu em 1971 ocupando o espaço deixado pelo antigo DCE, que pela repressão da ditadura e pela linha vanguardista das forças majoritárias, não mais existia. E Conselho de Centros Acadêmicos surge repudiando a repressão e denunciando as prisões de estudantes. Esse mesmo organismo organizou um “plebiscito contra o ensino pago” com a participação de mais de 6 mil alunos. O projeto de ataques à educação na ditadura militar foi geral e vem desde os acordos do MEC (Ministério da Educação) e a USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento) impondo os padrões imperialistas em nossa educação, reduzindo carga horária de disciplinas de humanas, latim, filosofia e implantando aulas de “educação moral e cívica”, preparando o caminho da privatização do ensino público. Outra grande ação realizada pelo Conselho de Centros Acadêmicos foi a “missa do estudante Vanuchi, assassinado pela OBAN em 1973” com o comparecimento de 5 mil alunos. Alexandre Vannucchi Leme, era aluno da Geologia e integrante da ALN, foi preso dentro do campus da USP e assassinado pelos agentes da OBAN (um conglomerado de empresários, bancos, multinacionais e o regime militar para assassinar opositores). Em assembleia os alunos de geologia decidem realizar uma missa de sétimo dia, realizada na catedral da Sé pelo Cardeal de SP, Dom Paulo Evaristo Arns, num clima de forte repressão.
No início de 1974 enfrentando prisões de estudantes surge o Comitê de Defesa dos Presos Políticos – CDPP, a qual a Liga dedica forte atenção. Partindo dessas experiências de recomposição do Movimento Estudantil da USP a Liga Operária pensa em como generalizar a organização. Apostam que esses Conselhos de Centros Acadêmicos podem ser “os germens dos futuros DCEs, que são eixos de reorganização da União Nacional dos Estudantes”. De fato, posteriormente, o DCE Livre da USP se estrutura homenageando Alexandre Vannucchi Leme. E a UNE, anos depois, em 1979, seria reconstruída pouco antes da CUT. Não por acaso uma matéria estava na contracapa – um espaço privilegiado do jornal – daquela edição.
Uma das maiores dificuldades na edição de um jornal revolucionário, é a sua continuidade. Fazer uma edição demanda esforço, dedicação e requer fundos, porém o mais difícil é garantir a sua periodicidade. Uma organização nova, como a Liga Operária, recém retornado do exilio, seguramente teve inúmeras dificuldades para implantar seu mimeografo na periferia de São Paulo e problemas para garantir sua impressão e a regularidade. É o que se pode notar pelo fato de que o jornal de número 4 só apareceu em novembro. Não tivemos acesso a terceira edição do jornal, mesmo assim é fácil contabilizar que entre março e novembro somente foi publicado um único jornal, o de número 3, ao qual não tivemos acesso.
Vejamos então o conteúdo dessa quarta edição. O jornal está com 12 páginas. Na capa, o lema do jornal agora é “pela construção do partido revolucionário brasileiro”. E acrescenta:
“uma nova etapa se abre. As eleições contribuíram para isso, cumprindo papel importante. Agora aperfeiçoemos nossa organização e mobilizemo-nos para garantir a vitória na luta pelas nossas reivindicações: – Por um aumento de salário igual a 100% do aumento do custo de vida! – Pelo direito de greve e fim da intervenção nos sindicatos! – Pelo fim do governo militar!”
O jornal populariza a definição da Liga Operária sobre o regime militar brasileiro. Na página 2, numa espécie de editorial, denominado “Brasil: uma nova etapa” afirmam que
“Desde dezembro de 1973 dizíamos que o país deixava o semifascismo e entrava numa fase de transição que o levaria a uma nova etapa: o bonapartismo clássico. Queríamos dizer com isso que o bloco formado pelos grandes setores burgueses – rurais e agrários – o imperialismo, a burguesia nacional, setores da classe média, que durante o período Medici governou com métodos de guerra civil, começava a ter fissuras. Dizíamos também que essas fissuras tinham origem na situação concreta de crise econômica que se avizinhava e que devido a essas dificuldades o milagre econômico da burguesia já não era suficiente para encher os bolsos de todos os patrões. Daí que essas fissuras tendiam a aumentar, principalmente com a entrada em cena das mobilizações de massa… as mobilizações surgiram entre estudantes, setores da classe média e operários. Como consequência Geisel (ao contrário de Médici) passou a ser o grande árbitro da burguesia tentando equilibrar o impossível: todos os setores da burguesia numa crise internacional”
A definição da ditadura militar brasileira de forma mais profunda pode ser lida no artigo “10 anos depois: rumo a um bonapartismo clássico”. Texto publicado em nosso site como parte das homenagens desse cinquentenário da Liga Operária.
Voltando ao jornal Independência operária. Nesta edição se nota um fortalecimento do grupo e mais inserção social, com uma ampla matéria sobre o movimento estudantil e as eleições dos Centros Acadêmicos da USP e uma greve operária na Wolks com 6000 operários. Sobre o movimento estudantil, na página 11, se afirma um “giro a esquerda” por meio das derrotas dos “reformistas” e vitórias dos maoistas que foi o único grupo que vinha disputando “o movimento de massas aos reformistas”. O voto é interpretado como positivo, pois expressou nas urnas um voto estudantil que buscou “programas políticos”, organizações políticas e alternativas “concretas para o movimento estudantil” e entendendo o “ME como movimento de massas”. A Liga Operária defendia:
“é necessário que as lutas estudantis se combinem com as do movimento operário, oferecendo ao conjunto do ME alternativas concretas de participação na luta de classes e se traduza em vitórias duradouras: reconstrução dos DCEs e UNE, autonomia universitária, uma nova reforma, etc… isso só será conseguido se os setores socialistas assumirem a direção dessas lutas, não permitindo que elas caiam nas mãos do reformismo, que busca dar ao ME uma perspectiva nacionalista-burguesa, nem as posições ultras e pequeno burguesas que ora colocam o ME como vanguarda da luta de classes, capaz de derrubar sozinho a ditadura, ora lhe negam todo papel”
Além disso, a edição mostra o vínculo com a corrente internacional morenista. Trata do ascenso europeu na Itália, estado espanhol e da revolução dos cravos (páginas 7-9). Além de repudiar e o assassinato de camaradas do PST da Argentina nas mãos das bandas fascistas.
Esse jornal foi o último de 1974, o ano de início da corrente trotskista morenista em nosso país. Felizmente a partir do ano seguinte, após fevereiro de 1975 o jornal se estabilizou em forma mensal.
Confira a terceira e última parte desse artigo O exemplo da Liga Operária é atual (PARTE III)
[i] Conferir a primeira parte desse artigo e os textos da Liga Operaria disponibilizados em nosso site.
[ii] Ver “Dos fundadores da Liga Operária ao início dos anos 80”, Opinião Socialista, 2009
[iii] Walderez teve contato direto com o lendário dirigente Hugo Blanco, formado na corrente morenista e líder de rebeliões indígenas e camponeses no Peru. Blanco atuava no Cordão Industrial Vicunha Mackena, onde Walderez também atuou. O Cordão Vicunha Mackena é citado na Revista da América que trata do fim da via pacífica Chilena.
[iv] Waldo relata que foi ganho ao trotskismo no Chile por um Sueco: “foi do Jan Axelsson, companheiro e amigo sueco, com quem dividia o quarto da pensão e de quem só recentemente soube o paradeiro, que recebi os primeiros documentos da corrente trotskista a que me uni desde então”. Acrescenta ao relato “Por acaso, encontrei o Jorge Pinheiro e a Valderez Duarte (fundadores comigo da Liga Operária) na agência Central do Correios e combinamos de nos encontrar no PST argentino. Uma última imagem: saímos de ônibus para a Argentina, era um pequeno ônibus, não conhecia as pessoas. Fomos parados por patrulhas militares no caminho. Silêncio total, ninguém falava nada. Quando passamos a fronteira, foi aquela explosão de alegria, recém havia me dado conta de que todos estávamos escapando da ditadura…”. Ver Chile, 1973 Um ano excepcional e uma recordação para toda a vida disponível em https://www.pstu.org.br/chile-1973-um-ano-excepcional-e-uma-recordacao-para-toda-a-vida/
[v] Ver https://www.cstuit.com/home/2020/06/23/especial-80-anos-do-partido-socialista-revolucionario/
[vi] Ver https://www.cstuit.com/home/2023/12/31/texto-5-o-pcb-apos-1935-a-politica-de-frente-popular-no-brasil-e-a-dissidencia-no-cr-sp/
[vii] Ver https://www.cstuit.com/home/2020/04/27/o-fim-do-psr-capitulo-final-de-uma-geracao-do-trotskismo-brasileiro/
[viii] Podemos verificar a influência do documento “os governos latino americanos e a luta revolucionária”, documento do V congresso do PRT (A Verdade) de Outubro de 1971. Tal documento foi publicado na revista da América 8/9 onde também se publicou o artigo do Grupo Ponto de Partida, “a propósito de um sequestro”.
V