Governo do Paraná reprime e prende manifestantes em greve contra privatização das escolas estaduais

Professores e estudantes paranaenses deram início a uma greve, na segunda-feira (3), contra o plano do governador Ratinho Jr. (PSD) de privatizar a gestão de cerca de 200 escolas estaduais.

A sessão que aprovou o chamado Programa Parceiro da Escola na Alep (Assembleia Legislativa do Paraná) foi realizada de forma virtual, com a “casa do povo” de portas trancadas.

Do lado de fora, estavam pelo menos 20 mil manifestantes que vieram de todas as regiões do estado para demonstrar que não apoiam a ideia de entregar dinheiro e patrimônio público para os empresários da Educação.

O texto agora passará pelo segundo turno de votação na Alep, o que deve ocorrer nesta terça-feira (4), para em seguida receber a sanção do governador do Paraná.

O projeto de lei está tramitando à toque de caixa, sem que a população possa opinar sobre os rumos da Educação no estado. Também não foi informado quanto o governo gastará dos cofres públicos para viabilizar a proposta.

Ataque à Educação pública

A ideia de passar para a iniciativa privada a administração das escolas públicas é um ataque ao serviço público e, especialmente, à população. O plano abre precedentes para o avanço da terceirização nas escolas públicas e normaliza as ingerências que empresas poderão ter sobre o ensino gratuito.

Para os alunos de escola pública, em sua maioria filhos da classe trabalhadora brasileira, não será mais o estado e sim os empresários (cujos filhos estão em escolas particulares) os responsáveis por decisões importantes que deverão afetar o aprendizado.

Sindicatos que representam os profissionais da educação e o movimento estudantil também apontam para o fato de que a mudança poderá levar à demissão de centenas de profissionais, uma vez que as escolas passarão por uma drástica reestruturação.

“Os professores vão começar a ser contratados nessas escolas de forma terceirizada, como trabalhadores diretos dessas empresas privadas”, alerta a professora Flávia Bischain, da Executiva Nacional da CSP-Conlutas.

“Em São Paulo, o governador Tarcísio segue a mesma toada. Já tem data marcada para leiloar as escolas de São Paulo em setembro. A política entreguista é a mesma, só muda o endereço”, explica Flavia, que também paz parte da Oposição da Apeoesp.

Lutar não é crime! Pela libertação dos presos políticos!

Para tentar frear a mobilização de estudantes e professores contra o plano de entregar as escolas públicas para garantir o lucro de empresários, o governador Ratinho Jr. também aposta na criminalização dos ativistas.

Há professores e estudantes que foram presos durante a mobilização da segunda-feira, em Curitiba. Além disso, o TJPR (Tribunal de Justiça do Paraná) decidiu em caráter liminar que a greve é ilegal.

Apesar da judicialização da paralisação, a categoria segue em greve com adesão altíssima, dando o recado claro de que não aceitará ver a educação ser tratada como mercadoria pelo governo estadual.

A CSP-Conlutas declara todo apoio à greve dos professores e estudantes no Paraná e se soma aos esforços contra a criminalização de todos aqueles que lutam em defesa da Educação pública e de qualidade.

“Nós estamos com os professores do Paraná, contra a privatização e em defesa da escola pública. Lutar não é crime! Liberdade já aos presos políticos no Paraná”, reivindica Flavia.

Reprodução: CSP-CONLUTAS

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