Venezuela: Eleições 2024, entre a direita patronal e o falso socialismo chavista

por Partido Socialismo e Liberdade (PSL), seção da UIT-QI na Venezuela

      2024 pode ser um ano de definições no plano político. Estamos a 2 meses e meio das eleições presidenciais. O pleito vai se produzir no marco do agravamento da crise social que assola o povo venezuelano e do severo ajuste capitalista aplicado pelo governo de Maduro, descarregando as consequências da crise sobre as costas do povo trabalhador.

      Apresenta-se a possibilidade real de derrotar eleitoralmente um governo que aplica um brutal ajuste econômico, repudiado pela maioria do povo, embora a perspectiva seja de um processo eleitoral fraudulento. No entanto, muitas trabalhadoras e trabalhadores, assim como setores populares, veem equivocadamente Edmundo González Urrutia como o caminho para derrotar o governo.

      O PSL compreende o esgotamento do povo venezuelano frente a um governo repressivo que aplica um brutal pacote de ajuste. Entendemos e compartilhamos do rechaço ao governo de Maduro. Mas devemos ser responsáveis e categóricos: nenhum dos candidatos representa os interesses e necessidades mais urgentes do povo venezuelano. Todos estão de acordo em continuar o ajuste capitalista. Por isso, o PSL acordou com o PPT/APR, Marea Socialista e LTS realizar uma campanha chamando a votar nulo, considerando que a classe trabalhadora não tem candidato que a represente e que dê respostas a seus principais problemas.

      Sabemos da grande confusão gerada por um governo que se autodenomina falsamente de socialista. Inclusive, podendo levar diversos ativistas a votar em Maduro com o nariz tapado, “para que não ganhe a direita”.

      O que nos trouxe a esse dilema e a este grande desastre social, em que milhões de pessoas ganham salários menores que 4 dólares, sem gasolina, com apagões em muitas partes do país, sem água, com a saúde e serviços públicos destruídos, foi o fracasso do chavismo como projeto de colaboração de classes. Na Venezuela não houve socialismo antes com Chávez nem muito menos agora com Maduro. Na Venezuela não fracassou o socialismo, porque nunca o houve. O que fracassou foi o velho projeto reformista de governar em acordo com setores patronais, estabelecendo empresas mistas com empresários. O próprio governo de Chávez pactuou com o grupo Cisneros em acordo com Jimmy Carter. Hoje estamos pagando as consequências de não ter avançado para o socialismo quando houve possibilidades reais de fazê-lo.

      Nesse sentido, consideramos que não haverá solução eleitoral para a crise social. Somente lutando, mobilizando-nos unitária e massivamente, poderemos derrotar o pacote de ajuste do governo, recuperar as liberdades democráticas e realizar eleições verdadeiramente transparentes em nosso país.

      Para além do resultado eleitoral de 28 de julho, o PSL seguirá convocando a mobilização para enfrentar o ajuste econômico de qualquer um que seja vencedor nas próximas eleições. Seguiremos chamando a luta por um Plano Econômico Operário e Popular para enfrentar os graves males que afetam o conjunto do povo venezuelano, na perspectiva de lutar para que sejam as trabalhadoras e os trabalhadores que governem o país.

Só a luta muda a vida!

Texto de 12 de maio de 2024, publicado originalmente no Nº 72 do jornal Voz dos Trabalhadores, editado pelo PSL, seção da Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional (UIT-QI) na Venezuela.

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