Seguir lutando por justiça para Marielle

Na manhã de domingo (24/03/24), foram presos três suspeitos de serem os mandantes do assassinato de Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes: o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil), o seu irmão e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Domingos Brazão, e o ex-chefe da polícia civil do Rio, Rivaldo Barbosa, nomeado dias antes pelo General Braga Netto.

As prisões significam um avanço nas investigações após 6 anos desse brutal assassinato. Mas diferente do que afirmou o Ministro Lewandowski elas não solucionam o caso. É necessário que as investigações continuem. Somente quanto todo os responsáveis pelo assassinato (planejamento, execução, operação e sumiço de provas), quando todos os que obstruíram a investigação (na Polícia, no Ministério Público, no governo estadual e federal) sejam responsabilizados é que se podemos falar de encerramento do caso. É o mínimo que podemos dizer para garantir justiça para Marielle.

Muitas questões precisam ser respondidas

Muitas questões não foram solucionadas: 1- Qual relação do interventor federal Braga Netto, responsável pela nomeação de Rivaldo, no caso? E do conjunto do escritório do crime? 2- Quem e como foram desligadas as câmeras oficiais da rua onde a execução ocorreu? Qual a explicação para a munição que matou Marielle ter sido do mesmo lote utilizado numa chacina em SP no ano de 2015? 3- Qual o papel do governo Bolsonaro e sua cúpula de segurança nas investigações? Por que Ramagem e a ABIN paralela espionaram a promotora do caso no RJ? 4- Qual o papel do governo do estado do RJ e da cúpula do Ministério Público na protelação das investigações? Qual o papel da prefeitura e da câmara do RJ na expansão territorial das milícias (legalização da grilagem visando os lucros da especulação imobiliária). Exigimos que essas questões sejam apuradas com rigor e profundidade. E isso somente será garantido com mobilização massiva nas ruas.

As milícias estão no comando

As prisões mostram, novamente, a essência das instituições burguesas e sua relação umbilical com o crime organizado: parlamento municipal, estadual e federal, TCU; a cúpula e todos os escalões da nefasta Policia Civil. Rivaldo Barbosa era chefe da Polícia Civil do Rio, o braço armado do Estado para manter os privilégios e interesses dos empresários, e usou seu posto para bloquear as investigações contra ele mesmo e seus comparsas. Essa é a verdadeira cara dos poderes capitalistas e das instituições repressivas. É preciso exigir a dissolução integral da Policia Civil, instituição protetora de criminosos, controlada por milicianos e que realiza operações nas favelas para assassinar o povo negro.

Os governadores do estado, por sua vez, sempre mantiveram ótimas relações com a família Brazão. Os deputados da ALERJ catapultaram eles para o TCU. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, nomeou Chiquinho Brazão como secretário municipal de Ação Comunitária. Washington Quaquá, importante liderança do PT no Rio de Janeiro, defendeu abertamente os Brazão.

Esse fato deixa explícito que nunca podemos depositar nenhuma confiança nos podres poderes da falsa democracia dos ricos. Jamais acreditar no corrompido estado burguês. Fica explícito que ele é o escritório para gerir os negócios e abafar os crimes da classe capitalista e suas máfias. Exigimos investigação e punição de todos os deputados, vereadores, políticos, militares, integrantes do TCU e empresários envolvidos com as milícias.

Precisamos construir uma comissão independente

Necessitamos de uma comissão independente, formada pelos familiares de Marielle e Anderson, pelos movimentos negros e das favelas, pelo movimento de mães que sofreram violência policial, pela Anistia Internacional, pela OAB, ABI, por sindicatos como o SEPE e SINTUFF, centrais sindicais como a CUT, CTB e CSP-CONLUTAS, parlamentares, intelectuais personalidades internacionais como para avaliar o andamento das investigações e apurar tudo de forma independente.

Mobilizar nas ruas com urgência!

Somente com a mobilização e organização operária e popular vamos avançar contra o muro da impunidade. Nós da CST desde o início defendemos a mobilização massiva por justiça a Marielle e Anderson. Estivemos desde as primeiras horas na construção das manifestações que existiram nesses 6 anos. Seguimos propondo que a CUT, CTB, UNE, UBES, MTST convoquem mobilizações massivas de rua por justiça a Marielle.

25/03/24

CST – Corrente Socialista de Trabalhadoras e Trabalhadores, seção no Brasil da UIT-QI.

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