29 de Janeiro: Dia da Visibilidade Trans
Hoje é dia da visibilidade trans, importante data de luta nesse país extremamente transfóbico. É importante e necessário sabermos a realidade do país para sabermos o que queremos e exigimos: somente visibilidade, embora importante, não é suficiente. Queremos e lutamos por dignidade, oportunidades e direitos. O caminho para vencer é nossa organização independente e o protesto social nas ruas exigindo as nossas pautas.
No Brasil somente em 2020, a Associação Nacional de Travestis e Transexuais reportou 175 transfeminicídios e mapeou 80 mortes no primeiro semestre de 2021. As maiores vítimas de transfeminicídio são mulheres. De acordo com o documento da Transgender Europe, 96% das pessoas assassinadas em todo o mundo eram mulheres trans ou pessoas transfeminadas; 58% das pessoas trans assassinadas eram profissionais do sexo; a idade média delas é de 30 anos; 36% dos homicídios ocorreram na rua e 24% na própria residência. Trata-se algo absurdo e extremamente revoltante e por isso temos de ocupar as ruas para impedir que essa injustiça continue a acontecer em nosso país e no mundo.
Apenas de janeiro à abril de 2020 foram registrados 11 suicídios, 22 tentativas de homicídio e 21 violações de direitos humanos. Além de 6 casos de mortes relacionadas ao COVID-19. Dados de 2022 mostram que 6 em cada 10 pessoas LGBTQIA+ perderam renda ou emprego durante a pandemia. E isso tudo nos dados oficiais que sempre estão subnotificados. Ou seja, a realidade que a população trans vive é extremamente precária.
De acordo com pesquisa da plataforma #VoteLGBT com a Box1824, 41,53% da população LGBTQIA+ está em situação de insegurança alimentar. A CNN aponta que o desemprego da população geral é de 13,5%, enquanto da população LGBTQIA+ chega a 17,15%; o percentual sobe para 20,47% quando são analisadas apenas as pessoas trans.
Homens trans não conseguem acesso à testosterona por conta do alto preço do hormônio, que passou de R$ 52 para mais de R$ 250, obrigando a interrupção do tratamento hormonal; além de frequentemente sofrerem violência obstétrica.
Tudo isso ressalta o enorme descaso de diferentes governos em enfrentar a transfobia e construir políticas públicas que de fato contemplem a população trans e travesti, garantindo direitos e uma vida digna.
Sabemos que o avanço e ascendo da extrema direita piora esse cenário, governos reacionários como o VOX na Espanha, Meloni na Itália, Bolsonaro no Brasil e Milei na Argentina, promovem e impulsionam políticas de discriminação e marginalização social. Por outro lado, os governos que se dizem progressistas e fazem discursos pela diversidade constantemente cedem às pressões das lutas e concedem alguns direitos, sem, contudo, abandonar os interesses dos patrões e poderosos, sem deixar de aplicar ajuste fiscal, pagando a dívida pública, cortando verbas sociais etc, o que prejudica a classe trabalhadora e setores populares, em especial a população LGBTQIA+.
O que precisamos é de jornadas de lutas. Os atos de janeiro (mês da visibilidade trans) devem ser um primeiro passo para isso. A militância Trans da CST, da Combate Sindical e da Juventude Revolucionária Vamos à Luta, exige das direções nacionais LGBTQIA+, como ANTRA, ABGLT, IBRAT, essa mobilização nacional por nossas pautas mais urgentes e imediatas.
Exigimos, então, do governo Lula/Alckmin:
– O não pagamento da dívida pública, a taxação das grandes fortunas e o fim das isenções fiscais; que esse dinheiro seja usado nas áreas sociais e para políticas específicas para a população trans e para o combate à violência;
– Basta de travesticidios, transfemicídios, transhomicídios e crimes de ódio! Punição severa aos assassinos!
– Educação de gênero e sexualidade nas escolas; ampla campanha popular contra o preconceito e discriminação.
– Respeito ao nome social da população trans e travesti;
– A revogação do Arcabouço Fiscal, das privatizações e das reformas trabalhistas e da previdência; Um plano de geração de empregos e renda para a população LGBTQIA+;
– Cotas trans nas universidades e concursos;
– Revogação do RG transfóbico já!
– ruptura do governo Lula Alckmin com a extrema direita, com os parlamentares, prefeitos e governadores fundamentalistas que propagam a misoginia e LGBTQIA+fobia.
– Exigimos a prisão de Bolsonaro e todos os seus comparsas!
Ao mesmo tempo defendemos uma solução profunda: a ação direta contra o sistema capitalista e patriarcal e seus representantes. É esse sistema que é a raiz dos males que nos afligem. A discriminação e expulsão da população LGBTQIA+ das escolas, casas, ambientes de trabalho, eventos públicos, a falta de políticas públicas, sejam econômicas, de geração de emprego e renda, sejam de saúde, específicas para a população trans, gerando condições econômicas precárias, se combinam com crimes de ódio e muita violência; impedindo que consigamos viver. Somente nossa luta organizada, com independência de classe e dos governos pode mudar nossa realidade e para que possamos viver e amar do jeito que somos e da forma com bem entendermos. Defendemos um governo nosso, da classe trabalhadora, sem patrões e um Brasil Socialista.