Exitoso congresso da UIT-QI
por Adolfo Santos
Entre os dias 7, 8, 9 e 10 de dezembro, na cidade de Buenos Aires, a Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional (UIT-QI), realizou seu oitavo congresso mundial. Foram quatro dias de muito debate e elaboração em torno dos documentos apresentados e das contribuições realizadas por militantes e dirigentes dos diferentes partidos que compõem a organização, através de boletins de discussão interna.
O evento começou com uma proposta de presidência honorária votada pelos delegados presentes. Ela ficou formada, em primeiro lugar, pelo heroico povo palestino que resiste ao genocídio perpetuado pelo sionismo e pelas companheiras e companheiros falecidos nesse período. Mencionamos de forma destacada a companheira Silvia Santos “Pestaña”, que foi integrante do secretariado da UIT-QI; a companheira Carmen Moncada, dirigente do MST, do Chile; o companheiro Ahmet Muhittin, dirigente do Partido da Democracia Operária (IDP), da Turquia; o companheiro Virgilio Arauz “ Villo”, dirigente da Proposta Socialista, do Panamá. E companheiros de longa trajetória em nossa corrente, como Victor Muller e Gabriel Zadunaisky, da Izquierda Socialista, da Argentina. Além disso, foi proposto que a presidência honorária fosse integrada pelo companheiro Hugo Blanco, histórico dirigente camponês do Peru.
A partir desse momento e da aprovação do informe de credenciamento de delegados por seções e convidados, foram designados membros do Comitê Executivo Internacional para presidir de forma efetiva os trabalhos. Destacou-se a presença de uma delegação do MAS, de Portugal, recentemente incorporado à UIT-QI, e de um convidado representando o grupo UNIR, da Colômbia. Foram lidas e reproduzidas saudações e mensagens de vários países (ver nota “Importantes presenças…”). Votada a extensa pauta, começaram os trabalhos do Congresso, com participação de forma virtual da companheira Priscila Vasquez, dirigente da Associação de Empregados da Previdência Social e da Proposta Socialista do Panamá, do companheiro Atakan, dirigente do IDP da Turquia, e um companheiro do MST da República Dominicana.
Os debates
O primeiro ponto foi sobre a situação política mundial, para o qual se tomou como base o extenso projeto de documento elaborado pela direção da Internacional. O informe inicial foi apresentado pelo companheiro Miguel Sorans, dirigente do CEI e da Izquierda Socialista, da Argentina.
O segundo ponto foi sobre o balanço de atividades e a orientação da UIT-QI. O informe foi apresentado pelo companheiro Miguel Ángel Hernández, membro do CEI e dirigente do Partido Socialismo e Liberdade, da Venezuela. Mesmo o período do balanço tendo um primeiro ano ainda atravessado pela pandemia, o balanço foi positivo. Um dos pontos destacados do balanço foi a incorporação à UIT-QI do Movimento Alternativa Socialista (MAS), de Portugal, o que fortalece nossa presença na Europa. Também se constatou o avanço na relação com outros grupos e correntes, como a Unidade de Esquerda Revolucionária (UNIR), da Colômbia, e lutadoras e lutadores palestinos que atuam contra os ataques sionistas.
Nesse período, por iniciativa da Luta Internacionalista, do Estado Espanhol, foram realizadas quatro caravanas de apoio solidário à resistência popular ucraniana contra a invasão de Putin, com uma posição de absoluta independência em relação ao governo burguês de Zelensky e de repúdio à OTAN. Através dessa importante atividade, estabelecemos relações com dirigentes sindicais, sociais e políticos desse país, cujo avanço será parte dos desafios do próximo período. Mas, sem dúvidas, o destaque dessa extensão de nossa internacional foi a incorporação do MAS, de Portugal, uma organização de caráter nacional com presença em Lisboa, Porto, Braga e Barcelos e com trabalhos em sindicatos, na juventude, em mulheres e dissidências.
Tarefa cumprida
O último dia foi dedicado ao debate sobre a atualização dos estatutos da UIT-QI, apresentado por Josep Lluís del Alcázar, dirigente da UIT-QI e da Luta Internacionalista, à votação das resoluções sobre as tarefas e campanhas surgidas durante o Congresso e à eleição da direção da Internacional para o próximo período. Sem dúvidas, foram quatro dias de intensos trabalhos que culminaram com um encerramento vibrante cantando as estrofes da Internacional. Apesar do cansaço, ficou evidente a satisfação das e dos delegados que se preparavam para voltar aos seus respectivos países para continuar a luta para unir as e os revolucionários com o objetivo de reconstruir a IV Internacional. Saímos fortalecidos e otimistas para intervir com tudo nas lutas que virão; por isso, podemos dizer: tarefa cumprida!
Importantes presenças e saudações
Durante a abertura do Congresso, foi realizado um informe das delegações participantes. Foram nomeadas as delegadas e delegados das seções presentes. Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Estado Espanhol, México, Panamá, Peru, Portugal, Turquia, República Dominicana e Venezuela, sendo que as e os companheiros da Austrália, Noruega, Estados Unidos e Itália, por exemplo, não puderam viajar. Entre os presentes podemos destacar a delegação argentina, encabeçada por Juan Carlos Giordano, deputado nacional pela Izquierda Socialista-FIT-U. Enrique Fernández Chacón, de longa trajetória na corrente fundada por Nahuel Moreno, ex-dirigente metalúrgico e legislador em várias oportunidades, representando a seção peruana Uníos-PT. Junto aos delegados de seu país, esteve João Batista de Oliveira “Babá”, da CST, do Brasil, que foi dirigente da Fasubra, federação que reúne os trabalhadores universitários de todo o Brasil, fundador da CUT e do PT em suas origens e legislador por vários mandatos. Görkem Duru, ex-candidato ao Parlamento por Istambul, representando o IDP, seção da UIT-QI na Turquia. Além de Miguel Ángel Hernández, professor universitário e dirigente do PSL, da Venezuela, Josep Lluís del Alcázar, dirigente docente e da Luta Internacionalista, do Estado Espanhol, entre outros.
Momentos emocionantes foram vividos quando se conectaram virtualmente companheiras e companheiros que vivem situações dramáticas em seus países. Da Faixa de Gaza, dirigiram a palavra o companheiro Fayez e a companheira Amal, ambos do Sindicato Comitê Operário Industrial de Trabalhadores Palestinos, e de Jerusalém recebemos a saudação do companheiro Hala, coordenador do Coletivo Solidariedade. Da mesma forma, foi muito importante escutar o companheiro Sergei Movchan, de Kiev, Ucrânia, país invadido e massacrado pela Rússia de Putin, e de Senegal tivemos a saudação de Ibrahima, Secretário-Geral do sindicato de docentes desse país. Também foi lida uma saudação da tendência Quarta Internacional do PCL, da Itália. Todos foram recebidos com aplausos por parte dos delegados.
Essas importantes presenças, assim como as intervenções e saudações virtuais, não somente são um orgulho para nossa Internacional, mas nos exige redobrar esforços para contribuir com a luta mundial em defesa da classe trabalhadora e dos povos oprimidos e nos impõe a tarefa de continuar apostando na unidade das e dos revolucionários de todo o mundo na batalha para superar a crise de direção.