Camarada Villo… Até o socialismo sempre!
Por Comitê Executivo Internacional da Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores -Quarta Internacional (UIT-QI)
Nosso camarada Virgilio Araúz Magallón, carinhosamente conhecido por todos em nossa internacional como Villo, faleceu no dia 27 de novembro, aos 72 anos, na Cidade do Panamá, após lutar contra uma dolorosa doença. Foi dirigente nacional da Propuesta Socialista [Proposta Socialista], seção panamenha da Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional. Com o seu desaparecimento, se vão 50 anos de luta pelo socialismo com democracia operária.
Ele foi professor durante muitos anos e historiador do devir do seu país e do continente latino-americano. Um escritor prolífico, autor de textos de educação e de denúncia das agressões do imperialismo, bem como sobre o Canal do Panamá e muitos outros temas. Mas, antes de tudo, Villo foi um dirigente revolucionário internacionalista. Um lutador consequente contra a intervenção do imperialismo ianque no seu país natal, o Panamá, e defensor da total soberania sobre o Canal. Um militante trotskista, ligado durante cinco décadas à corrente fundada por Nahuel Moreno.
Foi um fiel militante da causa e do legado dos jovens que, em 9 de janeiro de 1964, hastearam a bandeira panamenha no Morro Ancón, na entrada da zona do Canal do Panamá. Durante a época de Torrijos, como dirigente do Partido Socialista dos Trabalhadores (PST), desempenhou um papel importante ao exigir a retirada imediata das 14 bases militares norte-americanas incrustadas na zona do Canal, e opôs-se ao acordo para que pudessem permanecer lá até 31 de dezembro de 1999.
Destacou-se como lutador contra o regime ditatorial após a morte de Torrijos e, junto com outras personalidades democráticas, como o médico Hugo Espadafora, enfrentou a investida antidemocrática de Noriega.
Villo foi editor em 1974 de um dos primeiros panfletos trotskistas no Panamá, dedicado ao repúdio à ditadura de Pinochet e à solidariedade com o povo chileno.
Como internacionalista, liderou a defesa dos membros da Brigada Simon Bolívar, quando foram detidos em 1979 pelo governo da Frente Sandinista de Libertação Nacional na Nicarágua e posteriormente deportados para o Panamá. Foram precisamente Villo e o partido panamenho que entraram em contato com Bogotá, onde Nahuel Moreno se encontrava na época, avisando da prisão dos brigadistas, para que fosse iniciada a campanha internacional pela sua libertação.
Da mesma forma, fez parte dos dirigentes que, com Moreno, enfrentaram a traição da corrente liderada por Ernest Mandel e seus seguidores, o chamado Secretariado Unificado (SU), que endossou a expulsão da Brigada Simón Bolívar da Nicarágua. Mandel e seus adeptos consideravam então que o governo de Ortega e Violeta Chamorro era um “governo operário e popular”. O mandelismo rompeu com os princípios dos socialistas revolucionários, contribuindo assim para a divisão do movimento trotskista.
Villo ingressou no reagrupamento revolucionário liderado por Nahuel Moreno, na década de 80, e esteve em todos os debates e lutas em que nossa corrente participou durante a vida de Moreno. E, desde a década de 90, como parte da UIT-QI, construiu o partido panamenho, junto com sua companheira e também dirigente da Propuesta Socialista, Priscilla Vásquez.
No dia 29 de abril, foi-lhe prestada uma homenagem no auditório da Universidade do Panamá, em reconhecimento aos seus 50 anos de luta e militância revolucionária.
Com Virgilio Aráuz, Villo, compartilhamos a luta pela independência política da classe trabalhadora, pela democracia operária, por governos das trabalhadoras e dos trabalhadores e pelo socialismo.
Com o seu desaparecimento físico, a UIT-QI perde um dos seus pilares históricos, um valioso dirigente que resumia cinco décadas de luta do trotskismo morenista na América Latina. A nossa melhor homenagem à sua trajetória é que as jovens gerações continuem o legado de compromisso militante e revolucionário em prol da construção da nossa internacional e de partidos revolucionários em todos os países.
Até o socialismo sempre!
28 de novembro de 2023