Chacina de Vigário Geral: 30 anos de impunidade!
Por Bruna Gomes, CST Rio de Janeiro
Na madrugada do dia 29 de Agosto, moradores da favela de Vigário Geral, na Zona Norte do Rio, viveram momentos de horror. 21 pessoas foram executadas à queima roupa por policiais militares, em vários pontos da comunidade. Esse foi mais um massacre que chocou o Brasil, apenas 39 dias depois da também chacina da Candelária.
De acordo com o Tribunal de Justiça, das 52 pessoas denunciadas por envolvimento no crime, apenas 4 foram condenadas. Dois condenados receberam liberdade condicional após cumprimento de parte da pena, um foi morto enquanto cumpria regime semiaberto e outro foi assassinado enquanto aguardava em liberdade o julgamento de recurso. Outros réus chegaram a ser condenados no primeiro júri, mas foram absolvidos em julgamentos seguintes.
Chega de assassinatos contra o povo preto e pobre! Exigimos justiça pelas vítimas!
A chacina de Vigário Geral foi denunciada amplamente no Brasil e no mundo pela sua brutalidade. As polícias brasileiras seguem com as chacinas e operações policiais como um dos métodos mais utilizados para impor choque de ordem. E, durante todos esses anos que se passaram, as únicas políticas públicas propostas pelos governos foram a redução da maioridade penal e a escola sem partido. Enquanto isso, as chacinas e execuções cometidas por policiais continuam sendo uma marca da violência no Rio de Janeiro.
Em 2021, segundo Rede de observatórios de segurança, negros são a maioria dos mortos em ações policiais. Pelo menos 5 pessoas negras foram mortas por dia em ações policiais.
O relatório Pele Alvo: a cor que a Polícia Apaga, divulgado em 17/11/2022, foi elaborado a partir de dados das secretarias de Segurança que foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). Foram 3.290 mortos em operações policiais em 2021 na Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo. Dessas, 2.154 vítimas (65%) eram negras- utilizando como referência o critério do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que considera negros a soma de pardos e pretos.
Já se passaram 30 anos da chacina de Vigário Geral, e ainda temos violência policial, chacinas e o encarceramento do povo negro aumentaram, consequentemente levando milhares de jovens nas periferias a terem suas vidas interrompidas pelas mãos da repressão.
As guerras às drogas é parte do processo de criminalização e encarceramento da juventude negra. É necessário organizar uma ampla unidade de sindicatos, partidos de esquerda e movimentos sociais para criar uma rede de solidariedade nacional e internacional para fortalecer as lutas dos moradores das favelas e periferias, apostando no processo de mobilização para pôr fim à violência dos governos e do Estado contra o povo preto e pobre.
Chega de assassinato ao povo preto e pobre! Abaixo a violência e o abuso policial!
Pelo fim da polícia militar! Pela punição dos crimes cometidos por policiais! Vidas negras importam!