Apoiar a luta metroviária, ferroviária e sabespiana de SP
São Paulo parou no dia 3 de outubro. Metroviários, ferroviários e sabespianos conseguiram aglutinar a insatisfação social contra as privatizações e ataques do governador Tarcísio. De acordo com trabalhadores e trabalhadoras do Metrô e da CPTM que estiveram diretamente nos piquetes e colaboram aqui nesta edição, a greve foi um sucesso. Altíssima adesão e muito apoio popular. A própria televisão teve de mostrar inúmeros depoimentos de gente comum, da população trabalhadora, responsabilizando o governador pelo caos do transporte. Foi o que nosso jornal também presenciou ao participar ativamente do plebiscito popular na estação do metrô da Vila Prudente e na USP, bem como dos piquetes de Ana Rosa e no Pátio Itaquera. É fundamental refletir sobre essa jornada e tirar algumas lições para seguir a mobilização.
Uma luta unificada e coordenada
Um primeiro aprendizado é que a força da greve esteve na unidade da classe trabalhadora. Ao unificar os sindicatos metroviários, ferroviários e da Sabesp se realizou uma greve poderosa. Do mesmo modo, isso permitiu a coordenação com outras greves ou lutas, caso da paralisação de terceirizadas e terceirizados do aeroporto de Guarulhos ou dos servidores públicos federais.É muito importante que no mesmo dia os operários e operárias da Embraer tenham cruzado os braços, parando a produção de uma importante multinacional brasileira. Isso é justamente o contrário do que sempre falam e fazem as cúpulas das Centrais Sindicais (majoritárias da CUT, CTB, Força e UGT). Eles sempre dizem que os trabalhadores não querem lutar, que não é possível unificar, que somos muitos diferentes e mil e uma desculpas para fazer corpo mole e não construir a unidade. Unificados e mobilizados temos força e podemos batalhar para vencer.
A unidade da classe trabalhadora com o movimento estudantil
Uma segunda lição foi a unificação com a juventude estudantil que realiza uma poderosa greve na USP. Após o trançaco do dia 3, em frente da universidade, a greve estudantil saiu em passeata até um local da greve da Sabesp, mostrando como unificar na prática a mobilização. E destacamos que na universidade também houve paralisações nos dias anteriores, votadas nas assembleias da ADUSP e SINTUSP. Não é por acaso que a greve estudantil da UNICAMP tenha sido deflagrada no dia 3 numa assembleia massiva, local onde já havia uma luta dos técnico-administrativos. No mesmo sentido, o acerto de dialogar com a população trabalhadora que usa os serviços através do plebiscito popular organizado pelos sindicatos.
Divididos e sem independência dos governos perdemos força
A cúpula das maiores centrais, além de fazer corpo mole, muitas vezes boicota a unidade. Infelizmente, foi o que vimos por parte da direção majoritária da Apeoesp (ArtSind, majoritária da CUT e do PT, liderada pela deputada Bebel). Eles se negaram a convocar o dia 3, dividindo a luta, causando prejuízo
à mobilização. Mas temos que nos perguntar: o que motivou essa atitude? Acreditamos que um dos motivos centrais é que a ArtSind, corrente majoritária no PT, preferiu não se indispor com o partido Republicanos, do atual governador Tarcísio, que acabou de ingressar no governo Lula. Por outro lado, não quis contrariar o PSD, de Kassab, que integra o governo Lula e o governo Tarcísio. Essa relação governamental levou o PT e o PCdoB, na Assembleia Legislativa de SP, a votar em André Prado do PL, candidato de Tarcísio. Então o atrelamentos ao governo Lula/Alckmin e seus pactos de governabilidade conservadora prejudicam a unidade e mobilização em SP. Para continuar a luta unificada temos de garantir total independência dos governos.
Exigimos o fim das privatizações do governo Lula
A luta de São Paulo é nacional. No caso do governo Lula/Alckmin, exigimos o fim do plano de desestatização do sistema ferroviário federal e reestatização do metrô de BH, bem como abandono de qualquer projeto de PPPs (parcerias público-privadas) e que se revogue essa legislação, além do fim dos leilões de presídios. Do mesmo modo que exigimos o fim do Arcabouço Fiscal, o novo teto de gastos, que significa contenções de verbas sociais para os servidores federais, estatais ou ataques aos pisos constitucionais de saúde e educação. Reivindicamos também a revogação das contrarreformas bolsonaristas (previdência, trabalhista, Novo Ensino Médio) e da privatização
da Eletrobras.
Continuar a luta! Exigir greve geral da CUT, CTB e MTST!
O governador Tarcísio não recuou. Ele deseja realizar leilões e terceirizações, fatiando a privatização do Metrô e CPTM. Então temos de continuar a luta, construindo atos unitários como o dia 9 e avançando para novos protestos massivos. Propomos reuniões dos sindicatos do transporte e saneamento para avaliar a nova data de greve unificada. Exigimos que a CUT, CTB, UGT, Força Sindical e demais movimentos convoquem um dia de greve geral do conjunto da classe trabalhadora (ver páginas centrais).
A libertação da classe trabalhadora será obra da própria classe trabalhadora
Os empresários, seus representantes e jornais tentam nos assustar dizendo que a greve “é política”. Mas, sim, toda greve é política, assim como tudo na nossa vida, desde a decisão do preço da tarifa até as benesses que a CCR recebe do governo do estado de SP. A greve visava barrar a política patronal de privatizações do governador Tarcísio. A classe trabalhadora tem direito de participar da política com seus métodos de luta. Mas o que eles temem é que a classe trabalhadora consciente e organizada possa avançar em suas reivindicações. Temem que os explorados denunciem o conjunto deste sistema econômico e político capitalista que só visa o lucro. Os patrões não querem que, aqui e agora, nas lutas imediatas, a nossa classe construa qualquer ponte em direção ao governo de sua própria classe, sem patrões, e assuma seu próprio destino. Por isso eles querem nos afastar da “política”. A CST convida você, trabalhadora e trabalhador, você, estudante grevista, a conhecer e debater nossas propostas. A ser militante de uma organização socialista e revolucionária independente. A defender um governo da classe trabalhadora, sem patrões, e um Brasil socialista.