O movimento sindical contra o golpe, e os sindicatos hoje?!

Em 1953 se fundava Central Única de Trabajadores (CUT – Central Única de Trabalhadores), 1955 movimento trabalhador chileno começa um ascenso que não termina até o golpe de 1973. O rol da CUT nem sempre foi progressivo, nesse período perdeu uma condição, a independência política dos governos, e hoje se soma a outro elemento, seus princípios e sua atividades são de colaboração com os empresários. Mas os trabalhadores não deram esse mesmo giro juntos a organizações como a CUT, por exemplo.

O período entre 1957-1970 seria conhecido como a radicalização do movimento operário, não só marcado pela quantidade de greves e greves gerais, como por seu impacto a nível nacional. Em 1962 houveram 540 greves registradas, para 1964 se haviam elevado a 1.062 e em 1967 a 2.464, entre elas a de Huachipato ( Cidade da Maior Siderúrgica na época – Compañia de Aceros Del Pacifico – CAP) em 1965. O programa político da Unidade Popular não solucionava as demandas, ele era uma forma de responder aos trabalhadores e ao campesinato juntamente com os trabalhadores agrícolas, a reforma agrária até então só oficializava a ocupação dos terrenos. 

O período da UP impunha outras formas de organizações de trabalhadores conhecidas no Chile, como os Cordones Industriales (Cordões Industriais), estes não só tomavam as fábricas e controlavam a produção mas também o faziam com o objetivo político, responder ao boicote dos empresários contra o governo, mas especificamente contra a luta que estava se dando, os Cordones chegaram a tal nível de desenvolvimento político que chamaram a Allende a resistir contra o golpe em sua carta de 5 de setembro de 1973 e se confrontam com a política da CUT e do partido comunista que buscava torná-los órgão do governo.

A independência política dos trabalhadores é parte do tradição da classe operária, desde a FOCH (Federación Obrera de Chile – Trabalhadores da área de extração de Salitre) de 1919 em sua carta de fundação, assim como a carta de fundação da CUT (Central Única de Trabajadores) em 1953, diziam que os trabalhadores têm interesses opostos aos empresários e os seus governos. Os Cordones Industriales (Cordões Industriais) continuaram essa tradição e o método dessas organizações, a luta, ainda que mais especificamente da forma de como se fundaram aquelas organizações. Principalmente o Partido Comunista, já burocratizado desde meados da década de 20, mudou o sentido da FOCH e da CUT, as transformou em meios para controlar os trabalhadores e torná-los mansos aos governos burgueses, com Allende entre eles, essa mesma velha tradição de funcionar como um caroneiro dos governos e trair as duras lutas até os dias de hoje.

O sindicatos ainda hoje devem lidar com esta verdadeira doença, a burocracia, que é a sífilis do movimento operário, mas com uma forma muito mais positiva, o Partido Comunista e a frente ampla são cada vez mais débeis, a cada centelha social temos visto que seu peso é menor, inclusive nas organizações de base, embora ainda dirijam as centrais mais importantes. Por isso, dizemos atualmente que o movimento sindical busca se fortalecer, ainda que com condições muito mais débeis, mas com essa forte tendência (burocratização), é importante que procuremos nos proteger dessa enfermidade. A necessidade que nós nos mantenhamos independentes do governo, de nos sustentamos na luta como um método de ação e nos apoiarmos nos trabalhadores com os alicerces da mais forte democracia operária como chave, incipiente mas sólida desde a tradição daqueles Cordones Industriales, os mesmos que nos deram a advertência da necessidade da defesa contra o golpe que estava em curso naquele 11 de setembro.

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