Lula governa com nossos inimigos e a serviço dos empresários e banqueiros
Sabemos que essa definição pode parecer muito radical a você que acaba de receber nosso jornal pela primeira vez. Provavelmente pode ser vista como exagerada por muitos trabalhadores, trabalhadoras e jovens que são leitores de nosso jornal há mais tempo. Compreendemos e respeitamos essa forma de pensar, mas discordamos dela. Temos outra opinião e explicaremos. Não fazemos isso para aborrecer ninguém. Porém, definir bem o governo, sua relação com a patronal, é fundamental. Dessa forma, podemos nos preparar melhor para lutar pelas pautas operárias e populares e para batalhar visando que essas mobilizações se unifiquem e terminem em vitórias. Vejamos, então, se estamos sendo muito radicais ou apressados ao definir o governo Lula/Alckmin.
Como foram os 9 meses de governo?
Chegamos a 9 meses de Lula/Alckmin e dois fatos chamam a atenção. Primeiramente, o governo vai ampliar ainda mais o setor da extrema direita dentro dos Ministérios (ver pág. 3). Não podemos esquecer que o golpista Múcio permanece no Ministério da Defesa e que o bolsonarista Campos Neto permanece no Banco Central, dentre outros personagens nefastos. Agora, amplia-se o pacto da governabilidade para mais partidos bolsonaristas. PP e Republicanos irão se somar por meio dos pactos com Arthur Lira. São duas siglas que sustentaram o governo da extrema direita. Por outro lado, é importante ressaltar que esses partidos, juntamente com outros do atual governo, estão todos envolvidos em maracutaias e negociatas no orçamento da CODEVASF (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba). Desse modo, Lula está aliado aos governadores de SP e RJ, que estão realizando chacinas policiais contra o povo negro, assim como governadores do PT, que praticam a violência policial, como na Bahia. Isso para não falar da presença do agronegócio no governo e do apoio do Ministro Fávaro ao Marco Temporal, que massacra os povos indígenas (ver páginas centrais). O segundo fato é a sanção do presidente Lula ao Arcabouço Fiscal, projeto que regulamenta o teto de gastos na atual gestão, mantendo a lógica de austeridade contra as áreas sociais, algo que já significa cortes de verbas na saúde e na educação – dentre outros setores –, o aumento de apenas 18 reais no salário-mínimo e 1% aos SPFs no ano que vem, bem como o rebaixamento das propostas aos trabalhadores dos Correios (ver pág 8). O fato de que o FUNDEB não esteja incluído no Arcabouço não nega que inúmeros outros setores estão. Com o Arcabouço Fiscal é impossível “incluir o povo no orçamento” e a crise social que segue latente no país não será solucionada, pois irão faltar recursos para saúde, educação, moradia, agricultura familiar, meio ambiente, etc. Com esses aliados e essa política capitalista, não há como operar mudanças que resolvam os problemas do povo trabalhador nem atender nossas reivindicações. Por isso, não podemos aderir ao governo nem ser chapa-branca, como fazem a maioria dos partidos e direções, caso das majoritárias da CUT, CTB, UNE e UBES. Não ser independente inevitavelmente leva ao abandono das pautas operárias e populares.
Vamos lutar juntos pelas pautas operárias, estudantis e populares
Você, que está nos lendo neste momento, provavelmente não vai concordar com tudo que falamos aqui. Mas isso não é um problema. Não somos os “donos da verdade” e podemos seguir conversando. Enquanto dialogamos sobre o caráter do governo, não ficamos paralisados. Somos colegas de trabalho, estudo ou compartilhamos plenárias do 8M e temos muitas demandas pelas quais nos mobilizar. Vamos nos organizar juntos e lutar pelas nossas reivindicações, exigindo que o governo Lula/Alckmin nos dê nosso salário e emprego; acabe com os cortes de verbas das áreas sociais; legalize o aborto e imponha o fim das chacinas policiais. E vamos exigir da CUT, CTB, FONASEFE, CNTE, UNE e UBES uma jornada de lutas pelas nossas pautas. Concretamente, é preciso dar continuidade à luta após o Grito dos Excluídos, convocando uma Plenária das Lutas Populares para organizar uma pauta comum e um plano de lutas unitário com um programa que inclua a taxação dos bilionários e das multinacionais, o não pagamento da dívida, a duplicação do salário mínimo, direitos para trabalhadores de aplicativos, dentre outras medidas.
Construir uma frente eleitoral da esquerda independente
Mesmo estando muito longe das eleições municipais, o fato é que o PSOL, o PT e o governo já anteciparam esse debate. Eles lançaram a frente ampla de Boulos, em São Paulo, e só falam disso em assembleias e plenárias. Nós seguimos acreditando que nossa tarefa prioritária é a luta e a mobilização. Porém, não vamos ficar calados enquanto o governo Lula/Alckmin, governadores e partidos da frente ampla empurram os sindicatos e entidades populares para a frente ampla eleitoral nos municípios. Até porque setores da direita e do bolsonarismo também lançaram seus candidatos. Defendemos a independência política da classe trabalhadora e fazemos isso também nas eleições. Por isso, apresentamos uma proposta alternativa: construir uma frente eleitoral da esquerda independente do governo Lula/Alckmin e de seus governadores; uma frente sem qualquer partido patronal ou representantes dos patrões, totalmente diferente da colaboração de classes da frente ampla de Lula/Alckmin e Boulos. Uma frente eleitoral contra os governadores e prefeitos de direita e da extrema direita, que proponha a imediata prisão de Bolsonaro e confisco dos bens dos golpistas.
Propomos uma reunião da UP, PCB, PCB-RR, PSTU e MRT
A CST propõe uma reunião conjunta da UP, PCB, PCB-RR, PSTU, MRT e demais coletivos e dirigentes socialistas e comunistas para debater a possibilidade de organizar essa frente eleitoral. Apesar de nossas diferenças de programa ou estratégia, podemos apresentar uma opção com uma frente eleitoral, resguardando a independência de cada um dos partidos e organizações.
Por um governo da classe trabalhadora, sem patrões, e um Brasil Socialista
O que faz falta é uma esquerda classista, combativa e forte, que lute contra os ataques e não compactue com os patrões, diferente do que faz a frente ampla. Então, ao mesmo tempo que batalhamos pela luta unificada nas ruas, nos esforçamos para construir um governo da classe trabalhadora, sem patrões, que aplique um plano econômico alternativo, operário e popular, que rompa com o capitalismo e a exploração imperialista para satisfazer nossas necessidades. Venha debater essas propostas da CST, participe de nossas reuniões, ajude a divulgar nosso jornal e financiar nossa organização. Seja militante e fortaleça a unidade dos revolucionários na luta por um Brasil e uma América Latina socialistas.