Campanha salarial: Era possível obter mais se as direções sindicais tivessem organizado mobilizações
Felipe Melo – Dirigente do Sindtifes-PA
Joice Souza – Coordenação da CST
Na 4ª mesa de negociação salarial, o governo apresentou a proposta de reajuste salarial de 9% e de R$ 200,00 no Auxílio-alimentação a ser pago em 1° de junho. Esse índice já havia sido apresentado na mesa de 16 de fevereiro e, apesar de não haver mudança na proposta e avanço em valores com relação ao orçamento do governo anterior, as direções sindicais majoritárias orientaram por sua aprovação. As assembleias da categoria aprovaram aceitar o reajuste.
A nosso ver se tratou de uma proposta insuficiente para suprir as perdas salariais da categoria. Além disso o governo não deu respostas quanto à equiparação dos benefícios e à revogação das medidas bolsonaristas.
Faltou luta e mobilização por parte da direção da Fasubra, Andes, Condsef, CUT e CTB para pressionar o governo exigindo um reajuste maior.
Essas direções não organizaram a campanha salarial como deveriam. Não houve materiais de mídia para dialogar com a sociedade e muito menos dias de protestos e paralisações para pressionar o governo. Frente a um índice de reajuste insuficiente e recusa do governo em equiparar os benefícios, a resposta das federações foi sempre esperar pela próxima mesa de negociação, sem mobilizar a ir às ruas. Consideramos essa atitude um equívoco.
Nenhuma confiança no congresso de Lira e Pacheco! Mobilizar para garantir o pagamento do reajuste em 1º de junho
Na última reunião da mesa de negociação o governo anunciou que o reajuste passará por aprovação no Congresso. Isso significa que o reajuste mesmo acordado pela categoria está suscetível a alterações.
Devemos ficar vigilantes pois se trata do Congresso presidido por Arthur Lira e Rodrigo Pacheco e não podemos depositar confiança nessa casa que em diversos momentos já atacou os direitos dos trabalhadores. É preciso seguir o exemplo da enfermagem que fez mobilização para garantir a aprovação do seu piso salarial em 2022.
A proposta que a categoria aprovou em suas assembleias ainda não está garantida enquanto não houver votação no congresso. Por isso o FONASEFE precisa convocar atos nacionais para os dias de votação dos projetos de lei do nosso reajuste.
Organizar imediatamente a campanha salarial de 2024 por reposição das perdas, aumento real de salário e equiparação de benefício.
Em junho será votada a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) para 2024. Precisamos desde já organizar a campanha salarial, cuja primeira luta será exigir do governo que inclua verbas para o reajuste salarial e dos auxílios e reestruturação das carreiras dos servidores no orçamento.
Também é preciso exigir das direções que organizem de fato a campanha salarial, cujo ritmo não pode ser ditado pelas mesas de negociação do governo e sim pela nossa mobilização. Defendemos uma campanha permanente e massiva de defesa de nossas pautas, mostrando a importância dos serviços públicos e dos servidores, explicando os malefícios da política econômica de austeridade fiscal, retomando o papel dos órgãos públicos na sociedade.
Para iniciar esse processo é fundamental, já em abril, organizar seminários nacionais e locais para debater o tema e mobilizar a categoria. Nos sindicatos de base e federações que fazemos parte iremos apresentar essa proposta.