Por Partido das Trabalhadoras e dos Trabalhadores – Uníos, seção peruana da UIT-

O governo Boluarte, nomeado pelo Congresso após a aprovação do impeachment de Castillo, não resolverá os problemas do povo. Boluarte governa com a direita e os grandes empresários e busca salvar o modelo com um novo governo de unidade nacional, que significa mais fome, precariedade e repressão; como ficou demonstrado na mensagem à nação na madrugada de domingo, dia 12, em que declarou o Estado de Emergência e anunciou a remarcação fraudulenta das eleições para abril de 2024.

Ninguém reconhece o novo governo e nem o Congresso; apenas os traidores. Ambos são os responsáveis ​​pela crise social e política e não representam os interesses dos amplos setores populares. Todos os governos mentiram para nós, prometeram tudo nas eleições e depois suas promessas se transformaram em mentiras e traições. O Congresso se disfarça de “defensor da democracia”, mas, durante décadas, aprovou leis contra o povo e limitou os direitos democráticos. Todos têm que ir, derrubados pela mobilização popular, que não deve parar até que cada uma de nossas reivindicações seja conquistada!

UNIR AS LUTAS PARA AVANÇAR RUMO A UMA GRANDE GREVE NACIONAL!

JUSTIÇA PARA OS ASSASSINADOS POR LUTAR!

A grande greve nacional começa a ser deflagrada a partir do interior e aponta o caminho de luta de todo o povo pobre, que continua buscando uma saída para a crise. As mobilizações crescem a partir de baixo, com bloqueios de estradas, mobilizações e greves regionais. Os camponeses, as comunidades indígenas, os trabalhadores e a juventude se levantam com seu legítimo direito à insurgência e a não reconhecer um governo que os ataca e reprime.

A primeira ação de Boluarte foi pedir uma “trégua” da direita no Congresso e nomear um novo gabinete ministerial, que demonstrasse a continuidade neoliberal e sua defesa da Constituição fujimorista. A segunda ação foi reprimir as lutas do povo com as forças repressivas e a PNP, deixando 3 mortos em Andahuaylas e dezenas de feridos e detidos em todo o país. Repudiamos a repressão e exigimos a libertação imediata dos detidos por lutarem contra este regime podre. Exigimos a punição dos politicamente e materialmente culpados, carrascos dos combatentes assassinados. Rechaçamos o encarceramento de Castillo e exigimos sua liberdade, sem dar nenhum apoio político a sua figura, nem a seu governo, nem a sua política continuista.

ELEIÇÕES JÁ, MAS PARA UMA ASSEMBLÉIA CONSTITUINTE LIVRE E SOBERANA!

Tudo está podre da cabeça aos pés! Este regime não representa mais do que os interesses da Confiep e do Acordo Nacional dos grandes capitalistas. Há mais de 30 anos eles pisoteiam os trabalhadores do campo e da cidade em nome do “modelo social de mercado”. A pobreza é crescente, a informalidade ultrapassa 70% da força de trabalho, o campo carece de recursos para produzir alimentos e a saúde e a educação são um negócio, cada vez mais inacessíveis para o povo. As empresas mineradoras surrupiam os recursos naturais com pás. Os bancos e a AFP enchem os bolsos. Não dá mais! Mas eles querem continuar no poder até 2024 para esgotar o povo. Enquanto o povo em luta exige legitimamente a antecipação das eleições, o governo as remarca para abril de 2024, para evitar que se vão todos, preparando sucessores dentro dos partidos legais e de barrigas de aluguel para mudar de figurino sem que nada de fundo mude. 

Devemos enterrar o modelo imposto pela ditadura de Fujimori e continuado por todos os governos, de Toledo a Castillo. Apoiemos a mobilização e unidade das organizações em luta! Vamos encher as praças por todo o país! Vamos construir uma verdadeira Greve Nacional das organizações operárias e populares, com assembleias nos locais de trabalho e estudo e em cada bairro! Formemos comitês unitários e democráticos de luta, junto com os comitês de defesa e as organizações sociais e políticas combativas, para desenvolver a mobilização e enfrentar a repressão até que se vão todos e conquistemos a convocação de novas eleições para uma Constituinte Livre e Soberana – e não a fraudulenta eleição de Boluarte e do Congresso –, em que o povo trabalhador poderá participar com suas organizações, para sepultar o modelo econômico fujimorista. Que governem os/as trabalhadores/as e o povo, sem capitalistas, burocratas e partidos corruptos!

Partido das Trabalhadoras e dos Trabalhadores – Uníos, seção peruana da UIT-CI

12 de dezembro de 2022