Todo apoio à rebelião das mulheres iranianas!

Rosi Messias – Coordenação da CST-PSOL

Em todo o mundo, crescem as lutas das mulheres contra todas as formas de violência de gênero perpetradas pela cultura patriarcal e pelo capitalismo. Este ano, no 25 de novembro, o dia de luta contra a violência de gênero, é necessário homenagearmos a luta das mulheres iranianas que vêm dando um potente grito: “mulher, vida e liberdade”, contra o regime ditatorial e fundamentalista islâmico que há 40 anos oprime as mulheres e a população LGBTQIA+.

A morte da jovem Mahsa Amini, de 22 anos, acendeu o pavio de um processo de luta no Irã, cujo centro são as mulheres, que desnudaram a violência machista e patriarcal do governo e do regime que oprime as mulheres e a população LGBTQIA+. Amini, uma jovem curda, impedida pelo regime islâmico de usar seu nome curdo, foi espancada até a morte pela “Polícia da Moral”, por não usar de forma “adequada” o véu islâmico. Porém, longe de passar em branco esse fato, a morte da jovem desencadeou um forte ascenso, tendo as mulheres à frente, que saíram às ruas para exigir justiça e o fim da Polícia da Moralidade, que impõe suas regras de condutas de vestimentas obrigatórias nos espaços públicos.

As mobilizações ocorreram em Teerã e mais 31 províncias iranianas. São estudantes secundaristas, jovens universitárias, trabalhadoras, que não aceitam a opressão de um regime em que as mulheres não têm direitos e são submetidas a todo tipo de opressão e violência, caso se neguem a aceitar a imposição do regime.

Assim, com a força da mobilização, as iranianas têm conquistado parte do direito de decidir sobre seu próprio corpo. Hoje em dia, as mulheres iranianas podem optar por andar nas ruas sem o hijabe (véu que cobre a cabeça das mulheres).

A luta das mulheres iranianas é parte do ascenso mundial das mulheres, que desde 2015 vem se radicalização e se massificando. Como o histórico #NiUnaMenos na Argentina, o #MeToo nos EUA e o #EleNão no Brasil em 2018. Passando por conquistas históricas como o aborto voluntário na Irlanda em 2018, na Nova Zelândia em 2020 e a onda verde que em 2020 conquistou o direito ao aborto pelas mulheres argentinas. No Brasil, a maior expressão foi o forte rechaço que as mulheres encabeçaram contra o governo machista e misógino de Bolsonaro, desde as massivas manifestações do #EleNão, as lutas pelo Fora Bolsonaro e o voto contra Bolsonaro nas urnas em outubro.

As lutas feministas crescem em todo o mundo, como um amplo movimento de mulheres que cada vez mais se massifica por seus direitos. No dia 25 de novembro, nós, mulheres, devemos ocupar as ruas por nossos direitos. Lutando contra a violência de gênero e os ataques aos nossos direitos perpetrados pelos governos capitalistas e os setores conservadores que todos os dias nos atacam, buscando retirar direitos para garantir os lucros das multinacionais, do sistema financeiro e de toda a burguesia.

 

Reunião de Mulheres da UIT em apoio à luta iraniana

 

As mulheres da UIT realizaram uma reunião internacional com a representação de diversos país: Argentina, Chile, México, Brasil, Panamá, Venezuela, Turquia, Estado Espanhol e com a presença de uma jovem iraniana que nos contou em detalhes o processo da Revolução das Mulheres que está em curso no país e como esse ascenso tem influenciado diversas categorias, como os petroleiros que saíram a organizar uma poderosa greve. Na reunião, o compromisso das seções da UIT é de seguir difundindo e apoiando a luta das iranianas, através de uma campanha ativa de solidariedade com a rebelião das mulheres iranianas.

 

Lutamos por uma sociedade socialista e antipatriarcal

 

Nós, mulheres, somos as mais precarizadas e as primeiras a sermos demitidas, no contexto de crises capitalistas. É sobre nossos ombros que recaem os maiores ajustes econômicos que os governos capitalistas aplicam contra a classe trabalhadora para manterem os lucros da burguesia.

Nós, mulheres, somos a maioria das chefas nos lares mais pobres e em especial as mulheres negras. Somos as que são submetidas à dupla jornada de trabalho, sendo responsáveis pelas tarefas domésticas e pelo cuidado das crianças e dos idosos. Por tudo isso, nós, mulheres, temos sido vanguarda na luta por nossos direitos, contra as mazelas capitalistas, contra o ajuste capitalista e o saque dos nossos recursos naturais.

No dia 25N, dia mundial de luta contra a violência de gênero, é fundamental seguir nos organizando e lutando por nossos direitos, em memória das irmãs Mirabal, em apoio às mulheres iranianas e contra todos os governos capitalistas que legitimam e reforçam a violência patriarcal do sistema capitalista.

Nós, Mulheres da CST, somos parte de um movimento unitário das feministas por nossos direitos, mas também dizemos que é necessário nos diferenciar das direções reformistas do movimento que muitas vezes buscam esvaziar os processos de luta, canalizando toda a insatisfação das mulheres para saídas institucionais

Nós, Mulheres da CST e da UIT-QI, dizemos que é necessário seguir lutando para conquistarmos cada um de nossos direitos: lutamos contra qualquer tipo de violência machista e sexista e exigimos políticas públicas para combatê-las, por isso defendemos o não pagamento das dívidas externas e a taxação das grandes fortunas. Nesse processo de seguir lutando por nossas reivindicações, nós, mulheres feministas e socialistas, batalhamos por uma sociedade socialista e antipatriarcal.

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