25N: Dia mundial de combate à violência de gênero
Bruna Gomes – Mulheres da CST-PSOL
O dia 25 de novembro é o dia mundial de combate à violência de gênero. A data surgiu em 1981, durante o Primeiro Encontro Feminista Latino-Americano e Caribenho em Bogotá e em homenagem às irmãs Mirabal: Patria, Minerva e María Teresa. As irmãs foram sequestradas, torturadas e assassinadas em 1960 pelo ditador Trujillo na República Dominicana. Seguimos com nosso compromisso de lutar em memória das irmãs Mirabal e por todas as vítimas da violência patriarcal. O 25N faz parte do calendário de lutas feministas e nos estados do Rio de Janeiro e em Belo Horizonte existe o indicativo de plenárias unificadas para a construção de ações.
Nenhuma a menos! Os governos são os responsáveis!
A violência está presente no cotidiano das mulheres brasileiras. Desde o assédio moral e sexual até o feminicídio, diferentes dimensões da violência marcam a experiência da vida das mulheres de todas as idades no país. No primeiro semestre de 2022, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos registrou mais de 31 mil queixas de violência doméstica contra as mulheres. E esse problema é global: um levantamento da OMS (Organização Mundial da Saúde) publicado em março de 2021 indica que um terço das mulheres em todo o mundo sofrem violência física ou sexual ao longo da vida. A falta de investimentos e de políticas públicas agrava a situação de milhares de mulheres e contrasta com o aumento de verbas para as emendas parlamentares de relator e com o montante de dinheiro que é destinado para pagar os banqueiros. Conhecidas como orçamento secreto, as emendas de relator são recursos que não são distribuídos igualmente entre todos os parlamentares – ao contrário das demais emendas, os repasses ficam, na prática, a critério de conversas informais e acertos com o relator e geralmente privilegiam parlamentares da base aliada do governo.
Mulheres nas ruas exigem politicas concretas de combate à violência de gênero
A derrota eleitoral de Bolsonaro foi um grande triunfo para a classe trabalhadora, em especial para nós mulheres. No entanto, o que vemos até agora são os acordos da frente ampla de Lula/Alckmin com os partidos do centrão e com o presidente da Câmara Arthur Lira, o mesmo que sustentou o governo genocida de Bolsonaro, inimigo das mulheres. Além disso, até agora não vemos nenhuma medida concreta para acabar com o orçamento secreto e o sigilo dos 100 anos do Bolsonaro.
No segundo turno, o compromisso do Lula foi com os pastores evangélicos, quando declarou ser “pessoalmente contra o aborto”. Enquanto não encampou nenhuma das pautas feministas. É importante lembrar que, apesar da proibição, o aborto segue acontecendo de forma clandestina e é a quarta causa de morte materna. A cada dois dias uma mulher morre no Brasil tentando abortar de forma insegura. Isso precisa acabar!
Infelizmente, durante os governos do PT a pauta da legalização do aborto no Brasil nunca foi colocada. E Lula tem como vice Geraldo Alckmin, que é ligado à Opus Dei, ala mais conservadora da Igreja Católica.
Nós, mulheres da CST, acreditamos que o nosso eixo tem que ser apostar na nossa mobilização nas ruas, por isso é fundamental que no dia 25N saiamos às ruas para exigir que haja investimentos para políticas públicas de combate à violência contra mulher; pela prisão dos estupradores; em defesa do direito ao aborto legal, seguro e gratuito para pessoas com útero; pelo fim da cultura de estupro; pelo não pagamento da dívida pública e destinar esses recursos para a pauta das mulheres e pelo fim do sigilo dos 100 anos; Bolsonaro deve pagar pelos crimes que cometeu! Contra o patriarcado e a cultura do estupro! Todo apoio à rebelião das mulheres iranianas!