Por um PSOL independente!
O PSOL não pode apoiar e nem integrar o governo de conciliação de classes de Lula-Alckmin.
A derrota do Bolsonaro foi um grande triunfo para a nossa classe, pois sofremos com o desastre de um governo que aplicou um duro ajuste econômico, causando fome e miséria, enquanto defendia pautas reacionárias e fazia apologia a ditadura militar.
Após esse importante triunfo, começa o processo de transição do governo com a formação de uma equipe de transição. O PSOL, reuniu sua Executiva Nacional e decidiu por um voto de diferença compor a Comissão de Transição da chapa Lula-Alckmin junto ao governo Bolsonaro. O Resultado da votação foi 10 votos a favor: Revolução Solidária, Primavera Socialista, Insurgência e Subverta e 9 votos contrários: Fortalecer, MES, Resistência, Comuna e LS (que substituiu a APS na reunião).
A resolução aprovada diz: ”O PSOL participará da comissão do processo de transição, para acompanhar e caracterizar melhor o espaço, sem, no entanto, negociar cargos e se comprometer com a estrutura do Governo Federal”. Além de ter sido um erro aprovar tal resolução, nem se quer a proposta é que o PSOL vá utilizar sua participação para denunciar e punir o genocídio, a corrupção e todas as tramóias do governo Bolsonaro, seus ministros e sua base aliada. Cabendo ao PSOL apenas “acompanhar”, o que significa concordar com a linha da frente ampla.
Essa votação absurda, atropelada, sem debate político, só reforça a linha da direção majoritária de acabar de vez com que caráter independente do PSOL em relação aos governos. Nessa comissão buscam se cacifar para negociar “cargos “ no futuro governo, sendo parte de sustentação da política de conciliação de classes do PT. Ou seja, Juliano Medeiros e Guilherme Boulos estão preparando o PSOL para governar junto com Lula e Geraldo Alckmin, Simone Tebet e Henrique Meireles, o MDB de Michel Temer, empresários, setores tucanos do plano real do governo FHC a serviço dos patrões e das multinacionais. Até mesmo partidos do campo bolsonarista como o PSD de Kassab podem integrar esse próximo governo.
E o pior ainda essa equipe de transição é liderada por nada mais nada menos que o ex-tucano Geraldo Alckmin, e só ratifica o papel que as lideranças de partidos burgueses terão no futuro governo. Alckmin já se reuniu com Bolsonaro e o ministro Ciro Nogueira e prepara uma transição pactuada, onde se mantenham os pilares da política atual, como o orçamento secreto, utilizado por Bolsonaro para derramar rios de dinheiros na campanha eleitoral, a serviço de eleger os candidatos bolsonaristas; a manutenção do teto de gasto, responsável por sucessivos cortes nas áreas sociais e o sigilo de 100 anos, garantido assim que Bolsonaro e sua família sigam impunes.
Há nesse momento negociações de manter essas políticas bolsonaristas, como o já citado orçamento secreto, para uma PEC de transição para garantir um auxílio emergencial de 600 reais. Essa política é errada pois o PSOL não pode compactuar com o orçamento secreto e nem ficar refém do Presidente da Câmara Arthur Lira e do centrão que livraram Bolsonaro de um impeachment e garantiram sua sustentação política no Congresso Nacional nos últimos quatro anos.
Até o atual presidente da Câmara dos Deputados Artur Lira pretende atrair o apoio do PT para se manter na Presidência da Câmara, barganhando com os votos dos parlamentares do centrão no futuro governo do PT e da frente ampla.
Para garantir aumento do Auxílio Brasil e do salário mínimo, bem como investir pesado em saúde e educação públicas devemos rever todo o orçamento bolsonarista, taxar bilionários e garantir o não pagamento da dívida aos banqueiros, chamando o povo trabalhador e a juventude a se mobilizar nas ruas e nos locais de trabalho e estudo por salário, emprego, revogação da reforma da previdência, trabalhistas e teto de gastos, direitos para as mulheres como o aborto legal seguro e gratuito e o fim das chacinas militares nas favelas.
A importante derrota eleitoral da extrema direita não pode nos fazer perder de vista o caráter de classe da frente ampla e qual sua política. Lula e o PT já governaram esse país por mais de 14 anos e estiveram aplicando inúmeros ajustes contra a classe trabalhadora. Agora não será diferente. O PSOL mesmo foi fundado enfrentando os primeiros ataques que o governo Lula desferiu contra os servidores públicos, que protagonizou uma forte greve em 2003.
Agora mesmo esses pactos e negociações com partidos e lideranças políticas bolsonaristas estão levando as lideranças da CUT, UNE, MST e MTST a não convocarem mobilizações de rua contra as ações golpistas que setores do bolsonarismo estão realizando em frente aos quartéis. O caminho da desmobilização é um erro que só favorece os patrões e a extrema direita. Bolsonaro e os bolsonaristas que defendem uma ditadora militar não podem ficar impunes.
Por uma reunião nacional de todos que defendem um PSOL independentes.
Na reunião da executiva nacional foi muito importante que tiveram correntes que se posicionaram contra a entrada do PSOL na equipe de transição. Infelizmente a Insurgência, corrente que dirige o PSOL-RJ votou a favor da política do campo majoritário. A Insurgência, anteriormente no Congresso do PSOL havia votado resolução contra o ingresso no governo Lula/Alckmin, mas infelizmente na reunião da Executiva votou com a ala majoritária pelo ingresso na transição de governo, devidos as pressões institucionais que recebe da cúpula da frente ampla. São hoje o fiel da balança que sustenta essa política errada da majoritária do PSOL. Por isso apelamos a que os camaradas reflitam e mudem de posição.
Defendemos uma reunião nacional de todas essas organizações para debatermos uma linha firme pela independência do PSOL. Desde já nós da CST defendemos que o PSOL não integre e nem apoie o governo Lula-Alckmin e que não seja nem base de apoio parlamentar do governo e que volte a ser um partido da esquerda. O PSOL não pode ser cúmplice de um governo que vai administrar a crise capitalista, para manter o ajuste fiscal e os lucros dos banqueiros, do agronegócio e das multinacionais, enquanto concede migalhas para a classe trabalhadora.
É fundamental que os camaradas do MES e da Resistência, que são as principais correntes que compuseram o campo na Executiva Nacional convoquem uma reunião nacional e em cada estado para dar forma a esse bloco ou campo e assim unir forças de forma coordenada para combater a linha errada da direção majoritária do PSOL.
Devemos exigir plenárias de bases nos estados, não podemos aceitar que se vote num diretório nacional previsto para dezembro se o PSOL vai entrar ou não no governo Lula-Alckmin. Uma decisão tão importante como essa, que vai colocar o futuro do PSOL em jogo, não pode ser decidido sem um amplo debate político na base.
Desde já defendemos que o PSOL não se some ao apoio a Lira na Câmara dos deputados e nem integre a base aliada, organizando desde já uma candidatura própria para a Presidência da Câmara, para tal podemos contar com nomes como Glauber Braga ou outros/as camaradas que votaram contra o ingresso na equipe de transição.
Nós da CST batalhamos para que o PSOL volte a ser um partido independente, para que ajude na construção de uma alternativa à esquerda do governo Lula/Alckmin, apresentando um programa com independência de classe e socialista.
08 de novembro de 2022.
Corrente Socialista de Trabalhadoras e Trabalhadores – CST-PSOL