Greves da educação enfrentam a extrema direita e a frente ampla
Mariana Nolte e Várvara Seabra, Coordenadoras do SEPE RJ e Niterói
As greves dos profissionais de educação de Niterói e São Gonçalo mostram que, quando o assunto é arrocho salarial, precarização das condições de trabalho e da carreira docente e privatização, a extrema direita e a frente ampla falam a mesma língua. Tanto o governo Axel Grael (PDT/PT/PCdoB) quanto o governo Nelson Ruas (PL/Avante) usam os orçamentos bilionários dos municípios para favorecer os empresários e manter seus pactos com os políticos locais, loteando secretarias e cargos. Ambos tentaram criminalizar as greves e só se reuniram com o sindicato por determinação de órgãos da justiça. Nas duas redes, a categoria lotou assembleias e protestos de ruas e está dando exemplo de como enfrentar os governos que atacam a educação e os serviços públicos.
Em São Gonçalo, a greve continua. Nelson, a culpa é sua!
A unidade e mobilização da educação de São Gonçalo já arrancou 21,79% de reajuste salarial logo na primeira semana de greve, que se estendeu a todo funcionalismo público municipal, já a partir do vencimento de setembro. Também derrotou duas vezes a tentativa da prefeitura de criminalizar a greve no Tribunal de Justiça. Essa conquista fortaleceu a categoria, que decidiu manter a greve para reconquistar o plano de carreira destruído pelo prefeito em 2021.
Outro elemento determinante na mobilização é a existência de um Comitê de Mobilização, que envolve a direção do sindicato e a base da categoria, com a tarefa de visitar escolas e convencer colegas a aderirem à greve. Apesar das diferenças políticas, o comitê tem agido com muita unidade para mobilizar, garantir a paralisação das escolas e convocar para as atividades. Nós, do coletivo sindical Educação em Combate, temos defendido a manutenção dessa unidade e o fortalecimento dessa ferramenta para arrancar as demais pautas da greve.
Em Niterói, outro caminho era possível
A educação de Niterói também deu exemplo, reagiu ao ataque da prefeitura ao plano de carreira e parou as ruas do Centro da cidade com fortes protestos. No entanto, a greve acabou após 15 dias, sem nenhuma conquista. Consideramos que a direção majoritária do SEPE-Niterói não respondeu corretamente. Ao longo do ano, tentou a qualquer custo evitar uma greve, desgastando a categoria em dezenas de paralisações e reuniões institucionais. Depois, diferente do que ocorre em São Gonçalo, não apostou nas visitas aos locais de trabalho, e realizou com muita debilidade a corrida nas escolas para convencer a categoria de parar. Além disso, desde o começo do governo Grael, o setor majoritário da direção (Resistência-PSOL) não apresenta um perfil nítido de oposição de esquerda à prefeitura, gerando expectativa na categoria de que o governo da frente ampla poderia dialogar a atender às reivindicações.
Conheça o coletivo Educação em Combate
Em SG, temos que manter firme a mobilização para arrancar o plano de volta. Em Niterói, temos que manter a mobilização através de conversas nas escolas e outras ações. Conquistando ou não, acreditamos que, como classe trabalhadora, teremos que seguir lutando, porque os ataques não vão parar. Por isso, convidamos você, grevista, a participar das nossas reuniões e seguir na luta.