É PRECISO OCUPAR AS RUAS CONTRA O MACHISMO E FAZER UM NOVO #ELENÃO

 

Bárbara Sinedino

pré-candidata ao Senado pelo Polo Socialista e Revolucionário no RJ

 

Mariana Nolte

Diretora da secretaria de gênero do SEPE-RJ

 

Recentemente, vários casos de estupros e assédios tomaram visibilidade no país. Pedro Guimarães, ex-presidente da Caixa Econômica Federal, que utilizava seu alto cargo para praticar assédio sexual e moral contra trabalhadoras da Caixa. Giovanni Bezerra, estuprador na baixada fluminense, também se utilizava de seu posto de trabalho para abusar das gestantes em seu parto. Esses fatos geraram muita indignação, especialmente entre as mulheres.

Esses dois episódios não são frutos do acaso. As taxas de estupro aumentaram no último ano no país. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2021 uma mulher ou menina foi vítima de estupro a cada 10 minutos no Brasil, sem contar os casos não registrados em ocorrências policiais. O Tribunal Superior do Trabalho (TST) registrou mais de 3 mil casos de assédio sexual no ambiente de trabalho em 2021.

A política machista e misógina de Bolsonaro, que tinha Pedro Guimarães como seu braço direito, favorece a cultura do estupro. Por outro lado, foram enfermeiras que conseguiram flagrar e denunciar o médico estuprador e também trabalhadoras da Caixa que venceram o silenciamento e conseguiram denunciar o ex-presidente da empresa. Após a visibilidade dos casos, apareceram mais denúncias contra o médico estuprador e o ex-Presidente assediador.

Apesar do machismo e da intimidação machista, nós, mulheres, não nos calamos, denunciamos e estamos dispostas a nos manifestar.

A disposição para os protestos foi vista na praça de São João de Meriti, em frente ao Hospital da Mulher, na 4ª feira, dia 13/07, às 14h, quando aconteceu o protesto chamado pelo Fórum de Mulheres da baixada fluminense e também nas ações convocadas pelos sindicatos dos bancários em diversos estados do país, desde que o caso de Pedro Guimarães veio à tona.

Entretanto, frente à gravidade das denúncias e atrocidades dos casos, nós, mulheres da CST, opinamos que os chamados e as ações contra esses casos de estupros e assédios foram tímidos. Os protestos não devem ter o exclusivo objetivo de dar visibilidade para campanha das candidatas apoiadoras das pautas feministas, mas sim de fortalecer a luta das mulheres, envolver todas as indignadas em grandes ações para erguer as pautas das mulheres: para derrotar Bolsonaro, pôr fim à cultura do estupro, por prisão e punição exemplar dos assediadores e estupradores, pelo direito ao nosso corpo e pelo aborto legal, seguro e gratuito.

Alertamos, ainda, que a frente ampla construída por Lula com Alckmin (integrante da extrema direita da Igreja Católica) não é a saída para a libertação e garantia de direitos para as mulheres. Em alianças com os conservadores, as reivindicações feministas são sempre prejudicadas, como ocorreu nos governos de conciliação de Lula e Dilma. Prova disso é que a discussão sobre o aborto como questão de saúde pública foi suprimida do texto final do programa da Frente Ampla.

Por isso, precisamos construir um forte calendário de lutas, começando por reeditar o #EleNão de 2018. Chamamos a Marcha Mundial de Mulheres, o 8M e os demais movimentos feministas para liderar a construção desse calendário. Os sindicatos, centrais sindicais, partidos políticos e movimentos sociais, por meio de suas secretarias de mulheres, também pode cumprir o papel de construção e mobilização desse calendário. A direção do SEPE-RJ, por exemplo, aprovou recentemente em um seminário, por unanimidade, a indicação desse calendário ao 8M-RJ, um exemplo a ser seguido.

Como vimos na Argentina, onde as mulheres mobilizadas conseguiram impor a legalização do aborto, a emancipação das mulheres trabalhadoras não será obra de nenhum governo ou parlamentar, mas sim fruto da nossa luta unificada nas ruas.

 

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