Precisamos de um tsunami da educação contra os pastores corruptos aliados de Bolsonaro
*Cindy Ishida – Juventude Vamos à Luta UFMG
Milton Ribeiro, que estava à frente do Ministério da Educação (MEC), está sob investigação de corrupção na Polícia Federal. O ministro e pastor, esteve à frente do MEC durante os últimos dois anos, deu continuidade à política de cortes na educação pública e entre declarações de que “crianças com deficiência atrapalham” e de que a “universidade deve ser para poucos”, seguiu com o plano bolsonarista de privilegiar instituições de ensino privadas e de intervenções no INEP (instituição que elabora o ENEM), censurando visões ideológicas que confrontassem os religiosos.
A abertura do inquérito demonstra o quão profunda e imoral é a ligação entre as igrejas e o governo Bolsonaro. O escândalo veio à tona em março, deste ano, após o vazamento de um áudio em que Ribeiro afirma privilegiar prefeitos que foram indicados pelos pastores. Na gravação, ele afirma que as prioridades dele são “atender primeiro os municípios que mais precisam” e “atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”.
Um prefeito abordou o ministro buscando saber como funcionaria as demandas para os municípios, e relata que “ele [Milton Ribeiro] me levou em uma mesa fora do restaurante. Ele me perguntou: ‘Prefeito, você sabe como funciona, né? Não dá para ajudar todos os municípios, porém eu posso ajudar o seu município com uma escola profissionalizante. Consigo te liberar [recursos] agora. Só que, para isso, eu preciso que você faça imediatamente um depósito de R$ 40 mil para ajudar a igreja”.
Igreja e Estado, assunto separado
As ligações espúrias entre a educação pública e instituições religiosas interditam o desenvolvimento da ciência brasileira e propagam doutrinação cristã, com teorias como o criacionismo e terraplanismo, sendo também um obstáculo para os direitos das crianças e adolescentes em receber educação sobre consentimento e o funcionamento de métodos contraceptivos. Por isso, somos contrários ao envolvimento de pastores fundamentalistas em políticas públicas para a educação. Uma educação de qualidade deve ser laica!
A UNE, UBES e ANPG devem chamar jornadas nacionais pela investigação do esquema de corrupção
O esquema de corrupção revela a farsa do discurso que diz não haver dinheiro para a educação, visto que parte desse dinheiro tem sido desviado para esquemas criminosos que favorecem grupos religiosos aliados a Bolsonaro. Para conquistar dinheiro para escolas e universidades, é preciso enfrentar os corruptos com mobilizações de rua unificadas para que a investigação siga e os responsáveis por se apropriarem dessa verba sejam punidos! Que todos os envolvidos tenham mandatos cassados, presos e seus bens confiscados; que os depósitos espúrios destinados as essas igrejas sejam confiscados.
Do mesmo modo, na luta por mais verbas, teremos de enfrentar os banqueiros e bilionários, impondo o não pagamento da dívida e taxação das grandes fortunas e das multinacionais.