Contra a política de conciliação de classes: PSOL-RJ tem que romper com a frente ampla da chapa Marcelo Freixo-Cesar Maia
O Deputado Federal pelo PSB-RJ, Marcelo Freixo, pré-candidato ao governo do estado está articulando com Cesar Maia – PSDB para ser seu vice. Em entrevista ao jornal O Globo Freixo afirmou que ” Tenho o desejo de ter o César como vice, sim. Me agrada muito essa possibilidade, o convite está na mesa e a aliança está sendo construída. O César é uma pessoa que me agrada, de quem gosto e confio muito. Precisamos de emprego e renda e o César tem muito a ajudar com o conhecimento que acumula”.
No último dia 18 de junho Freixo ainda postou uma foto com o ex-prefeito e fez questão de parabeniza-lo: “Parabéns, Cesar Maia. Saúde, paz, alegria e muita força para colocar o Rio de Janeiro de pé“. Essa política deve ser rechaçada e repudiada por toda a militância do PSOL.
Cesar Maia é um político histórico da direita, foi prefeito por 12 anos do Rio, e já foi filiado ao PFL, PTB, DEM e atualmente pertence aos quadros do PSDB, junto com seu filho Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara dos Deputados. Além de sofrer processos por improbidades administrativas, por conta de superfaturamento em obras, como a Cidade das Artes na Barra da Tijuca, Maia é um político tradicional que quando esteve à frente da Prefeitura chegou a defender as milícias, sendo peça chave para o desenvolvimento dessa verdadeira máfia que tomou conta do Rio de Janeiro.
Freixo chama um neoliberal tradicional e um incentivador das milícias para ser seu vice, mais essa política não nos espanta, já que Freixo vem costurando uma chapa e um programa junto com a burguesia fluminense para a eleição de outubro.
O programa para governar do Freixo conta com o economista André Lara Resende e Armínio Fraga, que foi Presidente do Banco Central durante o governo de FHC. Fraga é um liberal defensor das metas de superávit e de toda a política capitalista que vem sendo aplicada no país e no estado. Na área de segurança pública, contrariando toda a sua história, Freixo conta com a consultoria de Raul Jubgmam, ex-ministro de FHC, que em 2018 assumiu a pasta do Ministério da Defesa e como Ministro extraordinário da Segurança Pública no governo ilegítimo de Temer, sendo responsável pela intervenção militar nas favelas cariocas. Na época do assassinato da nossa companheira Mariele Franco, Freixo fez duras críticas a Jungmam: “é lamentável e não vou admitir que ele se utilize do corpo da Marielle. Ele deu uma entrevista dizendo que a morte dela é o maior exemplo de que a intervenção era necessária no Rio de Janeiro. É desrespeitoso, inaceitável, oportunismo barato”. (https://istoe.com.br/a- intervencao-no-rio-foi-uma- jogada-eleitoral/)
O PSOL-RJ que criticou duramente e corretamente a intervenção militar no RJ não pode ser parte do atual projeto de Freixo, se ele esqueceu toda a sua história de enfrentamento ao projeto capitalista responsável pela atual crise do estado e pela política de segurança racista, que mata preto e pobre nas favelas todos os dias, nós não esquecemos.
Não basta ser contra a aliança, o PSOL tem que romper com a chapa do Freixo e lançar candidatura própria
Na reunião do Diretório Estadual/Conferência Eleitoral do PSOL/RJ, nós da CST, junto com a Resistência, MES, APS, COMUNA, Fortalecer defendemos candidatura própria do PSOL para o governo do estado e para o senado, contra o apoio ao projeto capitalista de Marcelo Freixo, infelizmente essa política foi derrotada e foi aprovado com os votos da Insurgência, Revolução Solidária e Subverta o apoio a pré-candidatura do Marcelo Freixo e também o apoio a Alessandro Molon do PSB como pré-candidato ao senado. Tudo aprovado num fórum sem nenhum debate político na base, sem plenárias e nem consultas aos núcleos do PSOL.
Após essa resolução houve uma nova reunião da Executiva Estadual do PSOL, onde corretamente se aprovou uma resolução contrária à aliança com Cesar Maia e Eduardo Paes. Isso por si só mostra que a política oportunista da atual maioria da direção do PSOL é completamente errada e precisa ser combatida. Sem mudar o conjunto da linha de apoio a frente ampla tão votação vai ser uma saudação a bandeira sem maiores consequências, servindo unicamente como dique de contenção para os militantes mais críticos.
Por isso não basta ser contra a aliança com Maia, tem que romper imediatamente com a frente ampla do Freixo-Cesar Maia e lançar candidatura própria ao governo do estado e ao senado. O PSOL não pode se subordinar à política de conciliação de classes de Freixo e Molon, que votou medidas de ajuste fiscal e pertence ao PSB que nada tem de progressista. É preciso um combate real. Nós da CST propomos que as correntes Resistência, MES, APS, COMUNA, Fortalecer que defenderam candidatura própria ao governo e ao senado realizem uma reunião para organizar a resistência na base partidária e que exijam uma plenária de base do partido para rever imediatamente essa política nefasta aprovada no diretório estadual de apoio ao Marcelo Freixo. E se a direção majoritária do PSOL-RJ não chamar a plenária cabe a essas correntes chamarem uma grande plenária estadual para debater como combater essa política de apoio a frente ampla de Freixo-Maia.
Por uma frente de esquerda no Rio de janeiro
Nós da CST, que somos umas das correntes fundadoras do PSOL e que estamos construindo o Polo Socialista Revolucionário defendemos que é necessário construir uma Frente de Esquerda e Socialista entre o PSOL, PCB, UP, Polo Socialista Revolucionário e o PSTU para debater uma candidatura ao governo do estado e um programa de enfrentamento ao ajuste fiscal. Uma frente que não seja parte e nem integre os palanques da frente ampla nacional de Lula Alckmin que em nosso estado realiza aliança com o atual governador de extrema direita Cláudio Castro.
Uma frente que debata um programa de ruptura com a atual política capitalista de Claudio Castro e Bolsonaro, que defenda romper com o atual regime de recuperação fiscal, responsável pelo ajuste fiscal contra os servidores públicos e a privatização da CEDAE. Um programa que diga que não vamos pagar a famigerada dívida, que vamos romper com a LRF, que vamos reestatizar a CEDAE, que vamos acabar com a PM racista, se apoiando nas mobilizações das e dos trabalhadores, dos setores populares, da negritude e dos LGBTQI+.
20/6/2022.
Corrente Socialista de Trabalhadoras e Trabalhadores – CST-PSOL