JUSTIÇA POR BRUNO PEREIRA E DOM PHILLIPS
Basta de perseguição e assassinatos aos defensores e defensoras da Amazônia. Ocupar as ruas
por punição dos assassinos e mandantes!
Solidariedade à Alessandra Sampaio e Beatriz Matos, companheiras de Dom e de Bruno.
O indigenista e servidor licenciado da Funai Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips
desapareceram no dia 05 de junho na região do vale do Javari ( AM). Dez dias depois em meio
a muitas informações dúbias por parte do governo, a PF anunciou a prisão de dois suspeitos e
a confissão destes de que assassinaram de forma brutal os dois ativistas.
Bruno e Dom foram vítimas da barbárie instalada na Amazônia e comandada pelo garimpo
ilegal, pelos grileiros e latifundiários do agronegócio, pelas mineradoras e pelo governo
genocida de Jair Bolsonaro e sob os olhos omissos e coniventes dos governadores e prefeitos
da região.
A atuação desses setores utiliza há décadas métodos de perseguição e extermínio de
camponeses, indígenas, populações tradicionais e ativistas. Chico Mendes, os 22 camponeses
do MST mortos no massacre de Eldorado dos Carajás, lideranças de sindicatos rurais e Dorothy
Stang fazem parte de uma longa e dolorosa lista de lutadores e lutadoras que tombaram na
região vítimas da pistolagem capitalista a serviço das empresas de mineração, madeireiras e
do agropecuária.
Queremos saber quem mandou matar Dom e Bruno.
É necessário exigir uma investigação profunda de todos os envolvidos no crime e identificar
seus mandantes bem como de toda a atuação criminosa na Amazônia.
Essas investigações precisam ser acompanhada por uma comissão independente composta por
movimentos sociais como a Univaja que desempenhou um papel crucial nas buscas e na
pressão por respostas, bem como sindicatos dos servidores públicos, jornalistas, entidades dos
povos indígenas, parlamentares ligados ao tema ambiental e entidades democráticas. Também
exigimos que a polícia pare de negar informações aos advogados das famílias das vítimas.
No dia 14, um delegado da polícia federal denunciou a existência de uma bancada do crime na
Amazônia e que teria vínculos diversos parlamentares bolsonaristas como Zequinha Marinho
(PA) e Carla Zambelli ( PL-SP) . Exigimos que também esta denúncia seja profundamente
investigada e caso comprovada exigimos a cessação de todo parlamentar envolvido com a
pistolagem na região. Exigimos a prisão e confisco dos bens de todos os empresários e
políticos ligados a esses crimes e a expropriação imediata de todas essas empresas assassinas.
Responsabilizamos o governo Bolsonaro por mais esse crime.
Bolsonaro tem um projeto de destruição da Amazônia e de seus povos, com leis e decretos
que favorecem e anistia os exploradores, com o aparelhamento de órgãos públicos e
perseguição de servidores ( da qual o próprio Bruno foi vítima em 2019) e com a omissão
consciente sobre os crimes contra ativistas, indígenas e camponeses.
Esse projeto foi verbalizado várias vezes pelo próprio presidente quando declarou que
acabaria com o “ambientalismo xiita na Amazônia” ou prometeu uma “foice no pescoço da
Funai”. Em 2020 seu ex-ministro do Meio-ambiente Ricardo Salles defendeu aproveitar a
pandemia para “passar a boiada” sobre a Amazônia.
Agora Bolsonaro, que não fez qualquer visita a região das buscas, realizou motociatas de sua
pré-campanha eleitoral em Belém e Manaus para esse fim de semana.
Responsabilizamos o governo genocida de Bolsonaro pela barbárie instalada na Amazônia. O
sangue de Dom e Bruno está nas mãos do presidente e de seus ministros.
Organizar nas ruas a luta por justiça para dom e Phillips e em defesa da Amazônia.
Povos indígenas, servidores da FUNAI e movimentos organizaram diversos atos em diversas
cidades para pressionar por respostas e por justiça. A plenária dos servidores da Funai aprovou
uma paralisação nacional para o dia 23 de junho. É necessário fortalecer e massificar esses
exemplos.
Na luta em defesa da Amazônia temos q de fortalecer a unidade dos povos da floresta,
indígenas, ribeirinhos, camponeses, sem-terras e do conjunto da classe trabalhadora. Única
forma de defender os povos explorados e oprimidos da Amazônia e de todos os biomas, bem
como garantir uma efetiva soberania de nossos territórios e o fim da barbárie em nossas
terras. Para isso devemos construir em nossos fóruns propostas emergenciais indígenas,
camponesas e operárias que garantam as pautas mais reivindicadas como a demarcação das
terras dos povos indígenas, a reforma agrária sob controle dos sem terra, o crédito barato aos
camponeses, concursos públicos e mais verbas aos servidores da Funai, Incra, Ibama, Chico
Mendes, dentre outras, garantindo recursos pela via do não pagamento da dívida, taxação dos
bilionários, expropriação das multinacionais como a Cargil e Vale.
É necesssario construir uma grande jornada de lutas em defesa da Amazônia que seja
convocada pelo MST, MAB, APIB, movimentos ambientalistas, centrais sindicais , UNE , UBES e
partidos de esquerda, garantindo nesses protestos equipes de autodefesa unificadas do
conjunto dos sindicatos, centrais, movimentos indígenas, camponeses e populares. Como disse
a jornalista Eliane Brum: a nós nos resta a luta. É preciso barrar a boiada e derrotar o projeto
Bolsonarista de destruição da Amazônia. Fora Bolsonaro! Essa jornada pode e deve se ligar a
luta do povo negro por justiça a Genival e o fim das chacinas, às greves por salário como a dos
rodoviários, às lutas como a marcha da maconha, aos protestos da educação unindo nas ruas
nossa indignação e nosso grito por justiça e por direitos.