Com os votos do MES, a Executiva Nacional do PSOL aprova a federação com a REDE

Por Rosi Messias da Coordenação da CST

Com os votos da Primavera Socialista, Revolução Solidária e o MES, foi aprovado na Executiva Nacional do PSOL a federação com a REDE Sustentabilidade. Essa reunião ocorreu no dia 30 de março, contrariando a decisão da reunião anterior, do dia 11 de fevereiro, que havia deliberado que essa definição ficaria a cargo da reunião do Diretório Nacional. Infelizmente, essa decisão contou com os votos do MES, uma importante corrente da esquerda do partido. Enquanto Resistência e Insurgência, que fazem parte do Campo Semente, abstiveram-se da votação. Das correntes que tem assento na Executiva, posicionaram-se contrárias à aprovação da federação a COMUNA, APS e Fortalecer.

A federação com o partido burguês da REDE é uma mudança de qualidade no PSOL

Nós, da CST, sempre tivemos uma posição contrária à federação com a REDE, visto que é um partido burguês. E a federação com esse partido significa uma mudança profunda no partido. Financiado por banqueiros, como Neca Setúbal, do Banco Itaú, a REDE compõe governos burgueses, como o de Helder Barbalho, do MDB, no Pará. Nas eleições de 2014, a REDE declarou apoio a Aécio Neves/PSDB. É o partido de Marina Silva e do senador Randolfe Rodrigues, que, no Amapá, tem relações estreitas com o DEM.

Essa federação enterra o programa fundacional do partido e é uma política oportunista que joga o PSOL na lama comum dos partidos pragmáticos, que só fazem movimentações visando o fundo partidário, o tempo de TV e a legislação burguesa. Com a aprovação da federação, a direção majoritária, com o aval do MES, abandonam de vez o programa fundacional do partido de 2004.

Além do aspecto político-programático, existe um profundo ataque à democracia interna, para calar as vozes divergentes: na proposta votada, as correntes e dirigentes da minoria são proibidos de expressar posições divergentes nos espaços da federação, como aponta o Item 4.IV da resolução aprovada. “IV. Os membros indicados para a direção da Federação deverão representar em todos os níveis as posições aprovadas nas instâncias do PSOL. Os dirigentes que afrontarem as decisões do partido, serão substituídos nas instâncias da Federação”.

O erro histórico do MES de aprovar a federação com a REDE

Os companheiros do MES escreveram um artigo para justificar o injustificável. Dizem ter relação com uma suposta ala esquerda da REDE, mas Heloísa Helena de 2022 não é a mesma radical de 2003. Heloísa Helena abriu mão de seu capital político para fortalecer o projeto ecocapitalista de Marina Silva. Nas eleições de outubro, Heloísa Helena não defende candidatura própria do PSOL, mas o projeto burguês de Ciro Gomes. Perguntamos aos companheiros do MES: o que há de esquerda e progressivo nessas posições? Respondemos: NADA. Ao contrário, os companheiros do MES legitimaram a votação da Executiva Nacional, emprestando seu prestígio de importantes dirigentes, como da companheira Luciana Genro, uma das radicais que ajudou a fundar o PSOL junto com Babá, para fortalecer o projeto oportunista da direção majoritária, de mudar o perfil do PSOL. Sem o apoio do MES, a Primavera Socialista e a Revolução Solidária não conseguiriam aprovar a federação com a REDE na Executiva Nacional.

Infelizmente, também os companheiros da Resistência e Insurgência não foram consequentes nas suas posições de serem contrários à federação. A abstenção é uma oposição omissa diante do desastre que foi essa votação. Os companheiros, junto com as demais correntes de oposição e com o companheiro Glauber Braga, poderiam ter ajudado no contraponto a essa política desastrosa.

Seguir a batalha contra a federação e por candidatura própria à Presidência da República

É fundamental que a militância e os psolistas não acatem a decisão da Executiva Nacional de federar com o partido burguês que é a REDE. Não aceitar a decisão burocrática, que vai contra os princípios da esquerda socialista. Nós, da CST, lançamos o Manifesto PSOL sem patrões (disponível no site cstpsol.com) e somos parte do Manifesto junto com Plínio Sampaio Jr. e outros dirigentes que se recusam a aceitar a degeneração do PSOL.

Para nós, a federação com a REDE e o apoio ao projeto burguês de Lula-Alckmin são parte da mesma política de acabar com o PSOL como um partido de oposição independente e de esquerda. Não aceitamos tal posição e seguiremos uma batalha em defesa das bases fundacionais do PSOL. É fundamental a unidade das correntes do campo das oposições para realizar ações concretas e combativas, fortalecendo uma ala classista, democrática, de luta e militante do PSOL, contra a degeneração que está em curso. Para isso propomos: a) não acatar a decisão da Executiva Nacional do PSOL de federar com a REDE e organizar atos nos estados contra essa decisão; b) Seguir a batalha até a Conferência Eleitoral com a pré-candidatura de Glauber Braga à Presidência da República e a defesa da Frente de Esquerda e Socialista, entre o PSOL, PCB, UP e PSTU, com um programa de esquerda anticapitalista contra o ajuste do governo Bolsonaro e a falsa esquerda de Lula e Ciro; c) Neste momento em que ocorrem greves e protesto, como os garis do Rio, educação e APPs, etc, defendemos uma verdadeira jornada de luta que unifique todos os protestos da classe trabalhadora e do povo.

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