PSOL sem patrões!

Em defesa do programa fundacional!

 

Rosi Messias – Diretório Nacional do PSOL e Coordenação da CST

Denis Melo – Executiva Estadual do PSOL-RJ e Coordenação da CST

 

Está em curso no PSOL um debate crucial sobre os rumos do partido. Há um campo, liderado pelo PSOL de Todas as Lutas (Primavera Socialista, Revolução Solidária e Campo Semente), em que seus dirigentes, Guilherme Boulos, Edmilson Rodrigues, Tarcísio Motta, Talíria Petrone e Valério Arcary, defendem apoiar a chapa de colaboração de classes encabeçada por Lula, e a maior parte deles está a favor de uma federação com um partido burguês como a REDE. Esses setores se apoiam no real desejo das pessoas de derrotar o governo de extrema direita de Jair Bolsonaro e iludem aos filiados do PSOL de que seria possível levar Lula “para a esquerda”. No entanto, o que está por trás dessa política é submeter o PSOL à frente ampla e ao programa burguês da chapa liderada por Lula. Por isso, é fundamental que os psolistas não aceitem essa política de destruição do PSOL.

 

Não aceitamos aliança com a burguesia! Não à frente ampla de Lula-Alckmin!

A linha liquidacionista da direção majoritária do partido faz parte da mesma política do PT, que é de tentar acabar com o PSOL como um instrumento de independência de classe. PT e Lula desmontaram as manifestações pelo Fora Bolsonaro, dando fôlego à extrema direita e buscando canalizar a insatisfação popular para as eleições de outubro. Ou seja, longe de ajudar a mobilização nas ruas contra a extrema direita, essa política de colaboração de classes de Lula não convoca jornadas nacionais de lutas, greves e protestos populares. Lula e o PT buscam o apoio do imperialismo europeu e norte-americano, da grande burguesia nacional, do agronegócio e do sistema financeiro. Lula já escolheu o seu lado há muito tempo e não é o dos trabalhadores e das trabalhadoras. Ele está com nossos inimigos de classe, com os mesmos políticos burgueses e capitalistas que aplicam duros ajustes econômicos, que são responsáveis por tragédias como a de Petrópolis-RJ e o assassinato de jovens negros, como o de Moïse. Por isso, Lula e o PT buscam dialogar com a cúpula do MDB, flertam com os tucanos e com políticos do DEM e do PSD de Gilberto Kassab (dois partidos com ministros no Governo Bolsonaro).

Não há como disputar ou ser a ala “crítica” de um projeto que já nasce capitalista. Felizmente, segue existindo um amplo setor do PSOL que não aceita a coligação com Lula e que lançou o Manifesto: Por um PSOL independente e com candidatura própria! Não aceitamos a chapa da frente ampla de Lula-Alckmin, assinado por inúmeras correntes internas e por dirigentes como o companheiro Glauber Braga.

Nós, da CST, que fomos parte importante da fundação do PSOL, somos desse bloco das oposições e chamamos a militância e os filiados a não aceitarem essa política de apoio ao projeto burguês de Lula. Por isso, ratificamos a fala do companheiro Babá, fundador do PSOL “Querem reeditar a conciliação de classes que em 13 anos de Lula, Dilma e Michel Temer gerou governos com e para a burguesia e as multinacionais, os banqueiros e as oligarquias regionais. Nós fundamos o PSOL quando Lula completou sua guinada ideológica em direção à defesa do capitalismo e do Estado burguês; defendemos o PSOL fundacional, sem patrões”. (Ver vídeo completo no facebook da CST:https://fb.watch/bjrRatxhP_/)

E, caso seja aprovado o apoio à chapa burguesa de Lula, nós, da CST, chamamos os psolistas a não acatarem essa resolução e a construírem uma candidatura alternativa à esquerda do lulismo, sem patrões..

A Federação com a REDE é parte do mesmo projeto de acabar com a independência de classe do PSOL. Nós, da CST, somos frontalmente contrários à proposta de federar com um partido burguês. A REDE é um partido burguês, financiado por banqueiros do Itaú, e faz parte de inúmeros governos capitalistas, como o do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), e do Prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, do PSD, mesmo partido de Gilberto Kassab, que sustenta e faz parte do governo Bolsonaro.

É necessário que os companheiros/as do MES revejam sua posição de apoiar a Federação com a REDE, pois o apoio dos camaradas só fortalece o projeto liquidacionista da direção do PSOL. Nós, da CST, defendemos uma unidade entre todas as organizações e dirigentes, como o companheiro Glauber Braga e os companheiros da Resistência, que acabam de declarar serem contrários à Federação, para construirmos uma reunião nacional para se contrapor a essa política de nos diluir num projeto capitalista.

 

Defendemos a construção de uma Frente de Esquerda nacional entre o PSOL, PCB, UP e PSTU

É necessário construirmos uma Frente de Esquerda nacional entre as organizações de esquerda que são contrárias à política de conciliação de classes de Lula e do PT. Uma Frente de Esquerda que debata uma candidatura única e um programa econômico e social que defenda medidas emergenciais para fazer com que os ricos paguem pela crise, como o não pagamento da dívida ao sistema financeiro, a taxação das grandes fortunas e a defesa de um Brasil socialista, sem patrões! Já existem inúmeras candidaturas à esquerda do lulismo: nós, da esquerda do PSOL, estamos com a pré-candidatura à Presidência do companheiro Glauber Braga; a Unidade Popular lançou o nome do companheiro Leonardo Péricles; o PCB da professora Sofia Manzano; e o Polo Socialista Revolucionário também está debatendo o lançamento de candidaturas. Todas essas iniciativas não podem ficar atomizadas, pois a urgência da situação crítica do país governado por Bolsonaro e das falsas alternativas de Lula-Alckmin e Ciro Gomes nos exige urgência. Nós, da CST, defendemos uma reunião nacional de todas as organizações de esquerda que são contra a conciliação de classes para debatermos a conformação de uma Frente de Esquerda nacional, seguindo o exemplo da FIT, da Argentina, que vem se consolidando como uma terceira força em seu país.

 

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