Entrevista com Henrique Carneiro, Professor de história na USP e ativista socialista

Combate Socialista: Qual a sua opinião sobre a frente ampla liderada por Lula/PT?

Henrique Carneiro: A frente que Lula busca com Alckmin,  PSDB,  Kassab, pmdb, será incapaz de adotar políticas econômicas e sociais de caráter popular. Tende a manter o sistema político da Nova república abalado pela ascensão da extrema direita com um potencial de frustrar expectativas de mudança. A estratégia de Lula parece ser menos do mesmo.

CS: Qual o impacto dessa linha de colaboração de classes nas lutas sociais contra Bolsonaro?

HC: A condição básica do projeto de Lula é a contenção estrita da mobilização popular. Como se viu no movimento pelo Fora Bolsonaro,  o PT contém a radicalização. O desafio do movimento popular será ter um protagonismo próprio de ação e luta de massas.

CS: O que a esquerda deve fazer?

HC: A esquerda deveria buscar um programa básica de unidade e chamar Lula a assumi-lo, mas com uma candidatura própria do PSOL já apresentada também, a qual chamasse os demais pequenos partidos como PSTU, PCB e UP para a unidade.

CS: Qual a sua opinião sobre a busca de um bloco ou frente das esquerdas socialistas e comunistas do PSOL, UP, PCB e PSTU?

HC: Vejo como positiva essa iniciativa, deveria ser ampliada. Seria ruim haver, além de Lula, quatro candidatos a mais à sua esquerda. Um apenas daria espaço para aglutinar um polo de esquerda mais crítico e voltado para a mobilização.