Seguir a batalha por salário, direitos e as reintegrações dos Garis do Rio de Janeiro
Denis Melo, Coordenação da CST
A prefeitura de Eduardo Paes decidiu endurecer as negociações. Cortaram qualquer possibilidade de diálogo e ainda tentam colocar os ativistas da categoria que protestavam pacificamente como invasores de prédio. Paes e seu partido, o PSD, tentam postar-se como alternativa aos “extremistas”. Para isso, tentam colocar no mesmo bolo os bolsonaristas, antidemocráticos e defensores de um projeto de ultradireita, com a categoria dos trabalhadores da COMLURB, que está protestando porque tem seu salário congelado desde 2019 e outros benefícios econômicos sem reajuste desde 2018.
A situação dos Garis é semelhante a dos demais servidores públicos do município, a diferença é que os trabalhadores da COMLURB saíram à luta. Para não contagiar outros setores, o prefeito Eduardo Paes repetiu o que já havia tentado em 2014 e em 2015, demitindo, perseguindo e criminalizando a categoria em luta.
Mesmo com muitos ataques, a prefeitura não está mal avaliada perante à população. O desastre da prefeitura anterior atua a favor de Paes. Mas também pelo fato de não ter negado, ao menos da boca para fora, os riscos do coronavírus, ao mesmo tempo em que dialoga com um sentimento de quem não aguenta mais as medidas restritivas. Isso faz com que o prefeito se sinta à vontade para passar um pacote de retirada de direitos e ataques ao direito de protestar.
Porém, a situação econômica da categoria e dos demais servidores é dramática. Há inúmeros casos de companheiros e companheiras que foram obrigados a buscar um “bico” para complementar a renda da família. Por isso, o máximo que a prefeitura pode fazer é adiar a grande batalha que terá com os garis.
Nesse marco, a campanha pela reintegração dos demitidos é uma das tarefas mais importantes do movimento sindical e do ativismo carioca e nacional. Ela representa a luta de agora e as que virão. Além disso, é parte da luta pela existência de um tipo de sindicalismo que não se vende e não se rende aos governos, parlamento ou pequenos privilégios.
É preciso seguir dando visibilidade para a campanha de reintegração dos garis Bruno da Rosa e André Balbina e contra a intransigência da prefeitura do Eduardo Paes. Votar nas assembléias, reuniões de diretoria de sindicatos e do movimento estudantil. Debater a luta da categoria nas ocupações e no movimento popular.
Junto com isso, batalharemos para unificar as lutas em curso e exigimos que as direções da CTB, da CUT e da UGT (central que o sindicato do asseio e conservação é ligada), convoquem assembléias e votem calendários unitários, permitindo um amplo debate na base.
A unidade nesse momento de ataques é vital. É uma necessidade objetiva da luta, mas também não pode ser só uma palavra solta. Para construir a unidade dos setores em luta no município é necessário construir calendários verdadeiramente unitários, bem preparados e mobilizados na base.
Nossa militância na COMLURB percorre as gerências e locais de trabalho todos os dias com essa política, disputando contra as pressões das chefias e as mentiras inventadas para desencorajar a mobilização, e apontamos essa saída para dar continuidade à batalha.
Estamos convencidos de que é possível vencer, mesmo sabendo que não se trata de uma luta fácil e que nossos inimigos têm muitas armas e recursos para nos atacar. Porém, somos a imensa maioria. Somos nós que produzimos tudo nesse país. São os garis que impediram que a crise sanitária se agravasse ainda mais. Por isso, a opinião pública os reconhece como heróis, mesmo que o prefeito tente tratá-los como criminosos.
É hora de transformar a indignação em ação concreta na base. As demais categorias de trabalhadores precisam prestar uma solidariedade ativa nessa hora. Essa é a receita da vitória.