O peso da crise sobre a população LGBTQIA+
Alef Barros e Caio Sepúlveda
Juventude Vamos à Luta
A pandemia de COVID-19 aprofundou em todo o mundo a crise econômica, fazendo avançar a fome e a miséria. Essa crise afeta de forma ainda mais brutal a população LGBTQIA+. Segundo dados de maio, publicados pela “Aliança Nacional LGBTI”, estima-se que o desemprego possa chegar a 40% na comunidade LGBTQIA+ e a escandalosos 70% na população trans. São percentuais muito acima dos já alarmantes 15% de desempregados na população geral.
Até mesmo na informalidade, as pessoas transgênero sofrem com a transfobia e encontram mais dificuldade que as pessoas cisgênero. Por exemplo, muitos trabalhadores não conseguem se registrar para trabalhar nos aplicativos de entrega, pois as empresas não aceitam seus nomes sociais no cadastro.
A LGBTQIA+fobia está presente nos locais de trabalho e se reflete em condições de trabalho precárias, menores salários e assédio. Em um momento de alta no desemprego, as LGBTQIA+ são as últimas a serem contratadas e as primeiras a serem demitidas.
Esse cenário de desamparo completo leva essa população, muitas vezes, a buscar seu sustento na prostituição, situação que afeta em especial as mulheres transexuais. As pessoas LGBTQIA+ são largadas à própria sorte, muitas vezes abandonadas pela própria família e sem encontrar qualquer apoio dos governos.
A opressão e exploração pelas quais essas pessoas passam é responsabilidade do sistema capitalista, que se aproveita dos preconceitos para dividir a classe trabalhadora e lucrar mais. Mas, hoje, a situação se agrava pelas políticas abertamente LGBTfóbicas do governo Jair Bolsonaro. Bolsonaro dissemina cotidianamente ideias que contribuem para que o Brasil lidere o nefasto ranking de assassinatos de travestis e transexuais. Enquanto gasta bilhões de reais por dia para pagar a dívida pública e encher o bolso dos banqueiros, o governo não destina verba para o acolhimento e geração de empregos para pessoas LGBTs. Por isso, a tarefa primordial da população LGBTQIA+ neste momento é se unificar com o conjunto dos trabalhadores e se organizar para derrubar Bolsonaro e Mourão.