Contribuição à reunião da coordenação nacional da CSP – CONLUTAS
Contribuição da Combate à reunião da coordenação nacional da Conlutas
Apresentamos essa contribuição à reunião da Coordenação Nacional da CSP – CONLUTAS que ocorrerá entre os dias 05 e 07/11. Partindo da situação nacional e da necessidade da luta para derrubar Bolsonaro e os ataques aos direitos da classe trabalhadora, queremos tirar conclusões sobre o papel cumprido atualmente pelas direções majoritárias do movimento de massas colocando quais as tarefas que vemos que a CSP-Conlutas terá pela frente no próximo período.
Carestia, reformas e crise política formam um barril de pólvora no país.
Muito difícil pensar em que outro momento o Brasil esteve em uma crise econômica, social tão grande. Redes de supermercados vendendo cabeça de peixe, carcaça de frango assado, ossos de boi. Nas grandes áreas urbanas já se flagram aumento considerável de pessoas revirando lixo em busca de comida e moradores de rua se espalhando por todos os cantos.
É um grau de sacrifício muito grande para classe trabalhadora. Em todas as esquinas, a conversa no povo é a carestia, a alta dos preços de todos os produtos e serviços. E como não há nenhuma política de reajuste salarial, de emprego, as famílias brasileiras amargam essa crise.
Essa situação é gravíssima, e é a razão central da queda de popularidade de Bolsonaro e seus aliados. Mas o remédio (como sempre) para superar essas crises, tem sido de mais ajuste e reformas pelo presidente, governadores e prefeitos. Em uma sintonia nacional desses políticos burgueses, inclusive os que se põe como oposição a Bolsonaro, é sacrificar mais o trabalhador com cortes de verbas nas áreas sociais, mais contrarreformas previdenciárias e administrativas e privatizações.
Por exemplo segue na agenda a reforma administrativa, que significa a destruição do serviço público, e a privatização dos correios. Em ambos os projetos o governo tenta acelerar a votação buscando votos suficientes para tentar encaminhar a sua aprovação para o mês de novembro.
Colado a essa crise enorme, a CPI da Covid, mesmo que comandada por políticos corruptos e neoliberais, tem dado visibilidade do grau de responsabilidade de Bolsonaro com a crise sanitária, as mais de 600 mil mortes por Covid, e inúmeros escândalos de corrupção que envolvem a familicia que governa o país.
Bolsonaro foi indiciado por 9 crimes entres eles epidemia com resultado de morte, prevaricação e emprego irregular de verba pública. O resultado apontado pela CPI deveria se concretizar na saída de Bolsonaro do governo imediatamente, mas não é que está acontecendo porque mesmo os partidos que votaram por esse relatório não defendem o fim desse governo. A própria dificuldade de fechar um relatório unitário do grupo majoritário da CPI simboliza como esses setores não são consequentes em aplicar contra o governo o resultado da própria comissão.
Esses esquemas dos políticos e a proteção ao lucro dos empresários amigos dos que governam, certamente está provocando mais revoltando dos trabalhadores e jovens. Além das grandes manifestações que ganharam as ruas desde maio 2021 pelo Fora Bolsonaro, algumas categorias têm saído com muita força a lutar: garis do Rio enfrentam Eduardo Paes e burocracia sindical por não aceitar perder seu plano de saúde; servidores municipais de SP enfrentam o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e Dória do PSDB realizando enormes manifestações contra a reforma da previdência e administrativa.
A direção da CUT, CTB e da Força Sindical querem desmontar a luta pelo Fora Bolsonaro
Mesmo após meses de mobilização contra o governo Bolsonaro em atos que moveram um setor importante do movimento de massas a postura das direções majoritárias do movimento sindical (CUT, CTB, Força Sindical, UGT) e os dirigentes das maiores federações e sindicatos continua sendo o de desmonte dos calendários de luta.
Após marcarem um ato para o dia 02 de outubro e outro apenas para 15 de novembro, a direção das maiores centrais e da coordenação da campanha Fora Bolsonaro, saíram à imprensa dizendo que “não havia mais condições de fazer novos atos contra o governo no próximo período. Enquanto Bolsonaro sobe o tom dos ataques aos direitos dos trabalhadores e ameaça ao menos no discurso as liberdades democráticas do país, as maiores centrais vão na contramão das necessidades da nossa classe ao desmontarem as mobilizações apontando para um calendário disperso com o objetivo diluir as lutas e assim evitar a unificação dos processos em curso.
Um dos exemplos da falta disposição de fazer ações contra o governo é a forma como está sendo construído o dia 20 de novembro. Uma importante dia de luta contra o racismo que na prática está apenas como uma data no calendário da burocracia sem construção efetiva pela base das categorias e demais movimentos sociais.
Esse política também se dá nas categorias que estão lutando contra retirada de direitos e privatizações. Nos servidores públicos, a burocracia sindical que dirige a FONASEFE (fórum das entidades federais) tem se negado a construir caravanas Brasília onde a base de todo país possa pressionar o governo e o Congresso ou mesmo construir atos de rua nos estados. Nos Correios seguem se negando a construir uma greve contra a privatização, que já foi votada na Câmara e a qualquer momento pode passar no Senado. Apostam no inofensivo “trabalho parlamentar” no congresso e em consignas ineficazes como o “se votar não volta” ao invés de construir luta e mobilização efetiva e nas ruas.
Nos metroviários tentaram entregar grande parte do acordo coletivo, ameaçando que se a categoria não aceitasse perder uma parte do acordo, perderia todo na justiça. Felizmente acabaram derrotados e suas teses foram enterradas pela realidade da luta da base com apoio da CSP-Conlutas e outros setores da esquerda sindical que atuam na categoria.
O papel da CSP-Conlutas
A CSP-Conlutas tem jogado um importante papel ao participar ativamente das principais mobilizações que ocorrem no país. Nos atos do Fora Bolsonaro, em locais como São Paulo, corretamente nossa central teve colunas e carro de som próprios, o que ajudou a não nos submetermos à direção da campanha Fora Bolsonaro. É necessário postular nossa visão e nossas críticas em todos os locais e espaços buscando construir uma nova direção democrática e luta para a classe trabalhadora e os setores populares.
Está cada vez mais evidente que não podemos nos submeter ao calendário de paralisia que tem proposto a burocracia sindical. Acreditamos que desde o início a central errou ao não compor a articulação Povo na Rua, que se tornou uma importante frente de mobilização que batalha pela continuidade das ações diretas contra o governo. Em nossa última Coordenação Nacional fizemos essa proposta, mas ela não foi acatada pela maioria da direção de nossa central.
O desmonte dos atos Fora Bolsonaro deve acender um sinal de alerta para nossa central. Infelizmente até o momento a direção majoritária da CSP-Conlutas tem aceitado com poucas críticas o calendário imposto pela burocracia (direções majoritárias da CUT, CTB, Força, UGT, etc). Agora, frente ao desmonte, é tarefa da nossa central denunciar o papel das direções majoritárias, nos colocando como aqueles que são parte da luta pela continuidade dos atos de rua para derrubar o governo. Nesse sentido é importante que a Coordenação Nacional, em sua resolução nacional, inclua esse ponto (a denúncia da cúpula das centrais majoritárias) que ficou ausente da última resolução da SEN, superando essa insuficiência.
É possível criar empregos, ter salários e serviços públicos de qualidade.
Nos da corrente sindical defendemos a continuidade das lutas. Defendemos uma jornada nacional massiva contra o governo Bolsonaro e Mourão, contra os ajustes fiscais estaduais dos governadores e prefeitos. Pelo reajuste do salário, das bolsas estudantis e redução dos preços dos alimentos e demais tarifas. Pela taxação dos bilionários e não pagamento da dívida para garantir recursos para auxílio emergencial massivo, plano de geração de empregos e investir nos serviços públicos e nas estatais. Contra a privatização dos correios e a reforma administrativa. Por reforma agraria sob controle dos sem-terra, em defesa das terras de nossos povos ancestrais, pelo fim da violência policial contra o povo negro, pelos direitos a população LGBTQIA+ e em defesa das pautas feministas.