Um passo adiante na unidade dos revolucionários no Peru

 

Congresso confirma a unificação do Partido dos Trabalhadores – Uníos, com a Alternativa Socialista de Ayacucho

 

Nos dias 28 e 29 de julho, após meses de intercâmbio fraterno e socialista e de uma intervenção comum na luta de classes, realizou-se o Congresso Extraordinário de Unificação entre os companheiros do Partido dos Trabalhadores – Uníos e a Alternativa Socialista de Ayacucho, dando um grande passo em direção à unidade dos revolucionários. Esse acontecimento nos fortalece para darmos a batalha pela construção do partido revolucionário que necessitamos como partido mundial, fortalecendo o projeto da Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional (UIT-QI).

 

O Congresso começou na manhã do dia 28 de julho, com o credenciamento dos delegados e companheiros e companheiras convidados de Lima, Ayacucho, Ancash e Cusco. Nesse momento, o entusiasmo era notável nos diálogos entre os companheiros, muitos deles, inclusive, estavam compartilhando seu primeiro congresso partidário.

O ato de abertura, bem internacionalista, contou com as saudações dos companheiros Babá, da CST-PSOL (Brasil), do companheiro Atakan, do Partido da Democracia Operária (Turquia), da companheira Priscila Vázquez, da Proposta Socialista (Panamá), do companheiro Beto, da ARPT-PT (Bolívia) e do Deputado Nacional da Argentina e dirigente nacional da Esquerda Socialista, Juan Carlos Giordano. Todas as saudações reiteraram a importância do evento no contexto de uma América Latina convulsionada pelas lutas sociais e políticas que os povos levam adiante contra o ajuste dos governos capitalistas que buscam descarregar a crise da Covid-19 sobre as costas do povo trabalhador.

As intervenções dos companheiros da UIT-QI fortaleceram a nossa organização, que, humildemente, reivindica-se continuadora de Marx, Engels, Lenin, Trotsky e de nosso fundador Nahuel Moreno, que, junto ao heroico povo palestino e aos companheiros e companheiras que tombaram na repressão, tiveram a presidência honorária do evento.

O debate político democrático a serviço da construção do partido revolucionário

 

O ponto internacional esteve a cargo do companheiro José Luis Pajares, de Ayacucho, que reiterou que estamos diante da maior crise da história do capitalismo, que o ascenso das lutas dos povos do mundo segue indicando o caminho e que nos preparamos para grandes enfrentamentos dos povos contra os governos, já que todos eles buscam atacar o povo trabalhador para poder explorá-lo mais e melhor. Aprofundou-se o ponto sobre a América Latina com debates fraternos sobre a situação revolucionária no Chile e as últimas mobilizações na Colômbia, assim como sobre as lutas que aconteceram em Cuba, demonstrando, uma vez mais, que a construção do socialismo em um só país é uma utopia reacionária e que as burocracias estalinistas restauraram o capitalismo não somente em Cuba, mas, também, na ex-União Soviética, na China e nos países do leste; por isso, reafirmamos o caminho apontado por Che Guevara em sua consigna “revolução socialista ou caricatura de revolução”. Reafirmamos, no ponto internacional, a necessidade da unidade dos revolucionários e a plena validade da tática da Frente Única Revolucionária (FUR) para conquistar a unidade daqueles que lutam por um governo da classe trabalhadora e dos povos, perspectivando a construção do partido mundial do qual fazemos parte: a UIT-QI.

No ponto nacional debatemos a fundo a situação política do país. Analisamos o caráter semicolonial da estrutura econômica, o papel parasitário das burguesias locais e que o fracasso do nacionalismo burguês de Velazco Alvarado derivou na aplicação do neoliberalismo como forma capitalista de exploração. O Congresso debateu o balanço das lutas das últimas décadas e as reconheceu como uma busca do povo trabalhador para sepultar o modelo de exploração no contexto de esgotamento econômico e décadas de fome e miséria para o povo. A crise política foi parte do debate, pois a classe dominante não pode governar como quer e os de baixo não permitem que os planos de ajuste sejam impostos; nessa crise, os de cima buscam se relocalizar através de atritos internos para repartir melhor os espólios da exploração capitalista. Todos os governos da democracia dos ricos no Peru sustentaram o modelo fujimorista, sendo os principais inimigos da classe trabalhadora.

Um grande ponto do debate foi a caracterização do novo governo de Pedro Castillo e as tarefas dos revolucionários, já que o novo governo é produto da enorme predisposição de luta da classe trabalhadora e dos setores populares. Apesar de ser um governo capitalista, gozará de apoio popular, ainda que nós não o reconheçamos como nosso governo e que a derrota de Keiko Fujimori abriu um cenário favorável para as lutas em curso. Essas lutas buscarão triunfar e, para isso, nosso partido deve atuar com total independência do governo e acompanhar as expectativas das massas, com um programa de exigências e denúncias ao novo governo, estando sempre nas lutas cotidianas da classe trabalhadora.

Ir às lutas que o povo desenvolva e trabalhar para que sejam vitoriosas foi definido como elemento central de nossa orientação, atividade que já viemos realizando ao longo do último período e que nos permitiu conhecer importantes ativistas sindicais que fazem parte da nova vanguarda de luta. Acompanhar as lutas é tarefa fundamental para disputar a direção dos sindicatos e organizações de massas que estão nas mãos do reformismo e da conciliação e colocá-los a serviço da organização democrática dos trabalhadores e, também, para construir equipes do partido, para convidar a vanguarda lutadora para que não façam parte apenas das heroicas lutas sindicais ou setoriais, mas que venham construir o partido revolucionário que busca acabar com o capitalismo e erguer um governo dos trabalhadores e dos povos, na perspectiva de conquistar um mundo socialista sem explorados e nem exploradores.

 

As resoluções

 

Após o debate, o Congresso decidiu publicar um Manifesto Político do Congresso de Unificação (ver em nosso site https://unios-peru.com/) para popularizar as definições e conclusões centrais de nosso Congresso. Resolveu-se realizar campanhas de solidariedade com as lutas dos povos do mundo, em particular com o palestino, que vem lutando há décadas contra a política anexionista do estado nazifascista de Israel. O Congresso decidiu impulsionar uma ampla campanha política de agitação e de luta pelas medidas urgentes que o povo necessita para sair da crise, como o aumento de salários; fim do desemprego, da precarização e da informalidade; pela recuperação dos recursos naturais, como o gás, e a estatização das empresas privatizadas pelo fujimorismo na década de 90. Decidiu-se impulsionar campanhas contra o pagamento da dívida externa e pela ruptura com o FMI para destinar os recursos para o trabalho, a saúde e a educação que o povo necessita. Também se resolveu dar continuidade e melhorar o trabalho político com nosso jornal para divulgar nossas ideias entre a vanguarda lutadora do país, refletindo as lutas em curso e a necessidade da construção do partido, além de avançar no fortalecimento do coletivo de mulheres “Isadora”, como um espaço amplo de organização das mulheres trabalhadoras contra a opressão e a violência machista e patriarcal.

 

A unificação conquistada foi um grande passo adiante

 

O Congresso nos permitiu uma unificação de maneira principista, fraternal e com sólidos acordos políticos internacionais e nacionais com os companheiros da Alternativa Socialista de Ayacucho, que ingressaram plenamente no nosso partido para construirmos juntos o partido revolucionário no Peru. Essa unificação é extraordinária num contexto de fragmentação das forças revolucionárias e é produto de uma política internacional correta impulsionada pela UIT-QI. A batalha pela unidade dos revolucionários deu um importante passo no Peru.

Somos conscientes de que sozinhos e isolados não poderemos derrotar o capitalismo. Mas, também, somos conscientes de que sem partido revolucionário não há revoluções socialistas triunfantes. Por isso, definimos que fechados em nossas sedes não seremos capazes de construir nossos partidos. Nossa tarefa é ir às lutas e nos solidarizarmos ativamente com elas; sair a discutir política, pois o povo busca uma alternativa, uma resposta que nenhum dos partidos do regime e nem da esquerda reformista pode lhe dar.

O Congresso nos permitiu definir que devemos convidar companheiras e companheiros lutadores a militar em nosso partido, que hoje está dando um passo exemplar para os lutadores do país e do mundo, demonstrando que a unidade dos revolucionários não é só necessária, como urgente e possível com base a um programa anticapitalista consequente, um programa de independência de classe e com um método saudável de centralismo democrático, onde todos discutimos democraticamente e depois saímos às lutas para golpear com um só punho e levar o povo trabalhador ao governo do país, sem patrões e nem burocratas. Essa é a tarefa que realizamos durante décadas e que hoje começamos a fazer junto dos companheiros da Alternativa Socialista de Ayacucho e do Partido dos Trabalhadores – Uníos. Estamos orgulhosos do passo que demos.

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