Bolsonaro vem quente e nós já tá fervendo
Celso Cabral – DCE-UFPA
O número do desemprego no país já ultrapassa os 14,8 milhões de pessoas e, estima-se, que 70% destes são jovens. Esse número alarmante reflete o projeto de Bolsonaro para a juventude: destruir nosso futuro. Se depender de Bolsonaro, a gente fica sem emprego, renda, direitos e educação, mas, se depender da gente, o colocamos para fora do governo.
Universidade para poucos x universidade para todos
Em recente entrevista, o ministro da educação, Milton Ribeiro, disse que as universidades deveriam “ser para poucos”, menosprezando a função social destas. Justificou sua fala dizendo que tem muitos/as formados/as que estão desempregados/as ou em trabalhos precários. Em outras palavras, culpa as universidades pelo desastre da politica econômica do governo. Essa fala reflete o objetivo bolsonarista de desmerecer as universidades para que sejam fechadas. E também a velha ideia de que o conhecimento científico tem de ser um privilégio dos filhos da burguesia, enquanto os filhos da classe trabalhadora têm de ser usados como mão de obra barata nos subempregos.
Já não é de hoje que a educação vem sofrendo cortes no orçamento, Bolsonaro segue aprofundando a política de deixar as universidades e escolas mais sucateadas para entregar de bandeja para iniciativa privada, como fez em 2019 com a proposta do Future-se. O governo tenta passar o rodo nas universidades, com cortes de quase R$1 bi que afetam os serviços essenciais como limpeza, segurança e despesas. Por Bolsonaro e seus aliados as universidades já estariam nas mãos dos tubarões do ensino. Eles só não conseguem ir a fundo nesse ajuste pois encontram-se, no meio do caminho, com obstáculo da nossa mobilização!
MP 1065: um ataque à juventude
Na semana do Dia do estudante, Bolsonaro e congresso “presentearam” a juventude com a aprovação da MP1045, que cria programas visando transformar os mais jovens em trabalhadores de “segunda classe”. Dentro destes programas, o jovem trabalhará para empresas recebendo destas uma Bolsa incentivo de até 275 REAIS (menos da metade de um salário mínimo) e um “bônus” do governo. Não haverá salário, vínculo empregatício, recolhimento previdenciário nem direito a férias ou a vale-transporte. É a legalização do subemprego e a permissão para que as empresas aumentem seus lucros em cima da superexploração dos mais jovens.
Bolsonaro justifica que essa medida provisória é para combater o desemprego e a fome, o que é uma mentira. Bolsonaro quer seguir o plano de ataques aos/às trabalhadores/as e à juventude, privatizando os serviços públicos como os Correios e aprovando a Reforma Administrativa
Sabemos que para resolver o problema da educação é necessário mais investimento, assim como para resolver o problema da renda, emprego e vacina precisa ter mais recursos. E, enquanto dizem que não temos dinheiro, mais de R$ 1 trilhão sai dos cofres públicos e vai diretamente para os bolsos dos banqueiros, através da dívida pública. É urgente deixar de pagar a dívida pública e canalizar esses recursos para as áreas sociais. É preciso combater o teto de gastos para que sejam garantidos os investimentos na educação e saúde.
Nossa saída é a luta
A juventude vem protagonizando as principais lutas contra o governo Bolsonaro, demonstrando que precisamos colocar pra fora Bolsonaro/Mourão e derrotar seu plano de ataques. A última data importante foi o dia 11A, dia do/a estudante, em que ocupamos as ruas das principais capitais brasileiras. Infelizmente, a direção majoritária da UNE (UJS/PCdoB e Juventude do PT) está querendo jogar uma água fria na nossa mobilização. Não se esforçaram para concretizar as datas. Convocaram uma plenária nacional com estudantes às vésperas do ato. Assim fizeram no DCE/UFPA, onde os mesmos setores dirigem, convocando uma assembleia um dia antes da plenária nacional e tendo como participação apenas de cerca de 50 estudantes. Esses dois exemplos mostram qual é o papel que cumpre a principal entidade estudantil. As datas convocadas precisam ser construídas nas bases das universidades e escolas, com assembleias nas universidades e reuniões de preparação de ato. Precisamos seguir na articulação com os coletivos da Oposição de Esquerda da UNE (Vamos à Luta, Correnteza, Juntos e UJC) que, antes da assembleia nacional ser convocada, organizaram uma assembleia com grêmios estudantis, DCEs e centro acadêmicos do país. É uma importante organização que precisa seguir, pois, a atuação política da direção majoritária de não jogar todas as forças não é de hoje.
As próximas lutas serão no dia 18 de agosto, com paralisações e greves, e no dia 07 de setembro, com o ato nacional pelo fora Bolsonaro. As datas precisam ser construídas nas bases, com os trabalhadores e estudantes. Exigimos que a UNE/UBES/ANPG e as principais centrais sindicais como a CUT e CTB construam as mobilizações e a unidade de trabalhadores/as e estudantes. Não basta apenas dizer que é fora Bolsonaro, é preciso concretizar as datas de lutas para colocar para fora todo o seu governo.