EDITORIAL | Manter o povo na rua e construir paralisações, atrasos de turno e greves | Combate Socialista nº 132
As últimas semanas foram intensas. Em pouco mais de 20 dias, ocorreram duas imensas manifestações nacionais, no 29M e 19J. Duas datas deliberadas nas Plenárias Nacionais de Organização das Lutas Populares (da campanha Fora Bolsonaro). Foram 500 mil pessoas em maio, em mais de 200 cidades. Em junho, superamos as 750 mil pessoas, em mais de 400 cidades.
Esse é o caminho que devemos manter, construindo novas passeatas da juventude e dos setores populares, tratando que a classe trabalhadora entre em cena com seus métodos de luta (paralisações, atrasos de turno, operação tartaruga, movimentos sanitários, greves, etc). Por meio dessa estratégia, podemos lutar para derrotar Bolsonaro agora, conter o genocídio e a crise social, conter a COVID-19, o arrocho salarial e as privatizações. E isso é importante, pois temos que atacar o poder econômico que sustenta o governo Bolsonaro (os banqueiros, o sistema financeiro, o agronegócio). Por isso, junto com as passeatas, temos que atacar os grandes capitalistas que sustentam o atual governo e o mantêm na Presidência da República.
As direções majoritárias da CUT, Força Sindical e UGT não apostaram no 19J
A cúpula das maiores centrais sindicais não apostou nessa mobilização. Apesar de formalmente “convocar”, no caso da CUT, ou “apoiar”, no caso de outras centrais, na prática não se viu nenhum movimento nas bases dos batalhões pesados do proletariado. Tentaram dispersar o dia 29 de maio e o dia 19 de junho com outros calendários inventados na última hora e que não se concretizaram. O mesmo podemos falar da direção majoritária do PT e lideranças como Lula, que não apostam na ação direta nas ruas, pois sua estratégia é eleitoralista, baseada em coligações com partidos burgueses e de direita. Querem calmaria nas ruas e apenas desgastar o governo por meio de protocolos na justiça e discursos no parlamento. Uma receita para derrotas econômicas e sociais (como vimos nos Correios) e fortalecimento da direita nas eleições (como em 2020). Por isso, teremos que batalhar contra essa linha de dispersão de calendários e exigir que a CUT, Força Sindical e demais centrais, bem como lideranças como Lula, convoquem os protestos e coloquem seu peso na ação direta contra a extrema direita.
Fortalecer a articulação Povo na Rua
Nós, da CST, fomos parte daqueles que batalharam para construir esse movimento amplamente, com colaços, panfletagens, mobilização nos locais de trabalho e colocando este jornal inteiramente a serviço dessa mobilização. Confluímos na articulação Povo na Rua (UP, MES, CST, PCB, Núcleos Socialistas, mandato do deputado Glauber Braga e coletivos regionais). Vamos fortalecer a segunda assembleia popular do dia 23/06 e seguir construindo essa articulação.
Na última reunião das organizações nacionais da Campanha Fora Bolsonaro realizada no dia 22/06 indicou-se o dia 24 de julho como data de nova manifestação nacional e convocou-se a V plenária de organização das lutas populares para o dia 1 de julho. Defendemos que essa manifestação ocorra através de passeatas e paralisações, atrasos de turno, operação padrão, movimentos sanitários ou assembleias nos locais de trabalho. Além disso, defendemos que a V plenária de organização das lutas populares ocorra com representantes eleitos em assembleias de base nos sindicatos, DCEs, associações e movimentos. E o mesmo para as plenárias estaduais. Defendemos que o movimento construa um programa alternativo que inicie pela taxação das fortunas dos bilionários e dos lucros das grandes empresas e do não pagamento da dívida aos banqueiros para garantir verbas paras as áreas sociais. Para conquistar reajuste salarial, vacina (com a quebra de patentes), plano de geração de empregos, auxílio emergencial de 1 salário mínimo, redução dos preços dos alimentos, da gasolina e das passagens do transporte público.